missing boy;

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O dia começava as oito horas, com despertadores tocando e Mary passando de porta em porta para dar bom dia e garantir que ninguém levantasse atrasado para o café da manhã.

O café era servido em uma mesa enorme no centro do internato. Cada pessoa tinha seu determinado lugar, com seu nome escrito em uma pequena placa de metal posicionada no encosto da cadeira. Fiquei surpresa por já ter meu nome lá, e eu sentaria ao lado de um garoto chamado Henry, que era o único -além de Finn- que estava ausente no lugar.

Me sentei e vi que Mary estava preocupada com algo, algum tempo depois ela começou fazer perguntas para outros dois garotos que estavam à mesa. Provavelmente os colegas de quarto de Henry. Mary deveria estar procurando-o.

─ Escuta. - Falei para a garota que estava sentada no meu lado esquerdo. ─ O que aconteceu com o garoto que sentava aqui?

─ Bom, ninguém viu ele ontem depois do por do sol. Mary achou que ele só estava armando uma pegadinha e que apareceria para o café hoje, porque ele nunca se atrasa, mas agora ela está realmente preocupada. - A menina cujo o nome "Emma" estava escrito na cadeira me respondeu, enquanto nós duas observávamos Mary conversar com os outros dois garotos.

─ E quanto ao Finn? - Falei. ─ Ele também não está aqui.

─ Ah, ele sempre faz isso. - Emma pareceu menos despreocupada. ─ Ele sempre chega atrasado.

Mas naquela manhã ele não chegou. E Mary passou o resto do dia procurando pelo "garoto que desapareceu". Era assim que as pessoas que não o conheciam bem passaram a chama-lo pelos corredores.

As dez horas a primeira aula começou. Mas eu não conseguia manter meus pensamentos na sala. Eles pairavam pelo ar enquanto eu observava uma balança velha pendurada em uma árvore distante se movendo lentamente. As folhas secas que começavam a cair com a chegada do outono formavam uma pequena pilha em baixo do balanço, e o vento as vezes as carregava para longe.

Eu não conseguia parar de pensar no garoto que eu nunca nem se quer tinha visto antes. O que teria acontecido pra ninguém tê-lo visto durante tanto tempo assim?

Meus pensamentos simplesmente foram arrancados quando percebi que agora uma figura se formava atrás da árvore do balanço. Eu não conseguia ver direito por conta da sombra que a enorme árvore fazia, e menos ainda por estar tão longe, mas eu podia jurar que aquela pessoa estava rindo. Levantei da minha cadeira e fui até a janela sem perceber. Apertei os olhos em uma tentativa abstrata de tentar ver melhor. Era um garoto, e ele segurava em suas mãos uma coisa vermelha.

─ Senhorita (s/s)*. - O professor gritou da frente da sala.

Voltei ao mundo real. O professor me observava, esperando que eu dissesse alguma coisa.

─ Posso... ir ao banheiro? - Falei fazendo algumas pessoas darem risadinhas abafadas.

─ Em espanhol. - O professor respondeu.

─ O que? Mas o senhor nem é professor de espanhol. - Falei fazendo a turma toda rir dessa vez.

Olhei pela janela uma ultima vez antes que o inevitável acontecesse, mas o garoto já não estava mais lá.

A direção, que lugar agradável. Eu estava até sentido falta de estar em uma. A diretora gritou comigo sobre o fato de ter me explicado sobre as regras, e a primeira delas ser claramente "não responder ou questionar seus superiores". Queria ter dito a ela que não dei a mínima atenção quando ela disse isso da primeira vez, e que não daria agora se ela não estivesse berrando.

Eu achava que se eu simplesmente ouvisse em silêncio ela me deixaria ir de uma vez. Mas não foi o que aconteceu. Primeiro e mais estranho de tudo foi o fato de ela pedir minha assinatura na minha papelada que tinha acabado de chegar.

Internato | Finn WolfhardWhere stories live. Discover now