CAPÍTULO 10 - Susan

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- Pai, relaxa, posso me proteger sozinha. - Eles se voltaram para mim, como se, de repente, tomassem consciência da minha companhia. - Não é como se Mel fosse minha guarda-costas.

Senti quando ambos estremeceram e me fitavam assustados. Caramba, será que nenhum deles sabia o que era descontrair?

- Gente, calma, eu só estou brincando! - Sorri na intenção de apaziguar a situação. Os dois se miravam ainda incrédulos. Eu hein! Que povo doido.

- Vocês querem comer alguma coisa? - A voz do meu pai ainda mostrava evidências do nervosismo. - Podemos pegar algo na cozinha. Pelo visto, teve gente que esqueceu de fazer o almoço nessa bagunça toda.

- Claro. Mel e eu só vamos trocar de roupa e o encontraremos lá em baixo.

Papai acenou e saiu apressado. Quando me virei para conversar a sós com minha amiga, ela já batia a porta do banheiro da suíte, levando a mala consigo. Totalmente perturbada, pensei incrédula.

Enquanto esperava a doida sair, optei por um short preto, salto alto discreto e uma blusa bege de mangas compridas, com o ombro vazado. Deixei os cabelos soltos para valorizar meu rosto proporcional e passei uma maquiagem sutil, nada tão exagerado. Sorri com o resultado. Vivendo na casa da inimiga, seria melhor estar preparada para sambar na cara dela.

Minutos depois, Mel deixava o banheiro com um vestido escuro, colado ao corpo, que valorizava suas curvas perfeitas.

- É sempre bom estar inatingível para as rivais.

Sorrindo, seguimos para a cozinha. Como papai havia dito, ninguém tinha preparado o almoço. Numa mansão imensa, o povo decidiu não se preocupar em comer. Que calamidade! Como alguém esquecia a comida?

Por sorte, havia petiscos de variados formatos e gostos, provavelmente, feitos para o noivado da noite. Mel e eu nos entreolhamos por meio segundo, depois atacamos a mesa farta. Papai chegou minutos depois, achando graça das nossas caras e bocas, e acabou por nos acompanhar na refeição improvisada. Não tinha percebido o quanto estava faminta, até o primeiro salgado de camarão tocar minha língua. Caramba, isso aqui é o paraíso. Obrigado aos deuses da comida por terem me dado paladar.

O momento estava tão bom que, por um minuto, esqueci que me encontrava em território hostil. Eu tinha nome para aquele tipo de situação: U-R-U-C-U-B-A-C-A. Assim mesmo, escrito em maiúsculo, negrito, itálico, sublinhado e todos outros designs do Microsoft Word que eu tenho o direito de usar.

Mamãe, Susany e a modelo da Tiffany entraram na cozinha, como uma cópia fidedigna das Panteras ou das Três Espiãs Demais. Rita parecia estar feliz ao nos ver, a socialite estava confusa com nossa presença e Susy... Bem, continuava nos tratando como ratos inferiores.

- Vocês não foram apresentadas à Gisele ainda. - Claro que o nome dela seria Gisele! Não duvidaria se o sobrenome fosse Bundchen também. - Ela é a cerimonialista de todo o casamento.

Um sinal de alerta ressonou por minha cabeça. Cerimonialista? Interessante!

- É um prazer conhecê-la, Gisele! - Sorrindo, apertei sua mão. Quem sabe ela possa ser uma nova e futura aliada. - Sou Susan, a irmã favorita da noiva e uma das damas de honra. - Comentei irônica e percebi o momento que Susy revirou os olhos.

- É a única que tenho e, ainda por cima, gêmea. Deveria ser considerado crime e um pecado gravíssimo meu rosto pertencer a você também. Então, eu não diria que é a favorita. Se papai tiver outro filho, mesmo que ele seja algum tipo de prisioneiro ou mafioso, com toda certeza, será meu irmão favorito.

Papai engasgou com o suco de maracujá.

- De onde você tirou uma história dessas, Susy? - Como resposta, ela apenas deu de ombros.

As Damas de (Des)HonraWhere stories live. Discover now