Durante a tarde cremamos minha vó e os outros mortos, uma cerimonia simples e rápida. Logo o padre comunicou a todos, que deveríamos ir embora e tocar fogo em tudo. Quando todos já arrumavam suas coisas uma chuva forte chegou, atrasando a partida. Então decidiram ir na próxima manhã, eu peguei minhas coisas na casa da minha vó e levei para igreja, durante o início da noite até a meia-noite o padre preocupado, decidiu montar seu plano, que agora seria mais arriscado, afinal, as pessoas não tinham conseguido ir embora, enquanto isso me deu uma roupa com sobretudo que possuía um capuz, era um pano com couro bem resistente, luvas, , uma besta com algumas flechas, um punhal e uma espada.

Também me mostrou uma "pequena" coleção de livros antigos aos quais, assim que tudo terminasse essa noite, ele adoraria me passar o seu conhecimento, também comentou sobre a magia de Deus, sim existe uma magia contra o mal, não é tão cheia de efeitos como os das bruxas, mas são eficientes.

Uma hora da madruga, uivos de lobos foram ouvidos, cada vez mais perto, eu e o padre saímos e ficamos na porta da igreja, armei a besta com muita dificuldade, logo lobos chegaram na praça da vila, seus olhos brancos como na primeira vez que um tentou me devorar. Então atirei uma flecha acertando o pescoço do primeiro, sorte de principiante. Quando fui atirar pela segunda vez a flecha passou de raspão na orelha do segundo. Um tentou atacar o padre, mas ele o acertou com uma bengala bem na cabeça. O lobo uivou e correu para a floresta, os outros três vieram de uma única vez, por puro extinto girei, ao mesmo tempo que tirava a espada da bainha, ela parecia brilhar, era leve e mortal, clamando pelo sangue de seus inimigos. Um morreu, enquanto os outros dois só ficaram atordoados, enferentei cada um deles, cravando a espada em suas cabeças, pois eles eram servos de quem matou a minha vó, não podia pensar, apenas agir.

— Thiago... — Quando me viro a mulher bloira estava com as garras no pescoço de Samuel, quando eu ia na direção deles. Um lobo mordeu meu braço e a espada caiu, foi tempo suficiente para a bruxa rascar a garganta do padre, sem qualquer piedade.

— Não!!! Eu vou te matar desgraçada! — A raiva e tristeza preencheram meu corpo, mente e alma, então comecei a socar o lobo, quando ele me soltou, continue a socar fazendo os pinos de aço e prata da luva perfurarem a cabeça dele, até sua morte.

Peguei a espada do chão, mas bruxa me alcançou rápido demais me dando um golpe tão forte que voei para o outro lado da praça, ela vinha andando lentamente, saboreando o sangue em suas unhas. Minha visão estava turva, levantei com esforço sentindo o sangue escorrer pela minha tempora, a  espada estava a um metro de mim, mas ao meu lado tinha um lampião. Peguei com o braço esquerdo e o joguei na direção na bruxa, rolei pelo chão pegando espada no caminho.

— Acho que você errou, hahaha! — Disse sorrindo.

— Tenho certeza que acertei! — Assim que o lampião se espatifou no chão todo o centro da vila foi envolto por um círculo de fogo, só ficando no meio eu e a bruxa, eu sorri e a ira estava estampada na cara dela. Assim que a chuva parou o padre obrigou todo mundo a não sair de casa até está tudo terminado.

Então a pele dela foi preenchida por estrias negras, seus olhos calmos, ficaram amarelos, os dentes viraram presas, direcionou suas garras ao meu pescoço, me abaixei e com as duas mãos, fiz um corte vertical na sua barrica, ela se afastou, chutou meu tórax e quase cai no fogo. Saltou sobe mim, mas rolei de lado e peguei em seu cabelo, larguei a espada na bainha e comecei a socar seu rosto até sair sangue.

Ela então sorri, cravando suas garras eu meu peito, a empurro para longe. Pego a espada e seguro com as duas mãos, quando me viro pra atacar não era mais a bruxa e sim meu avô.

— Thiago, meu neto, quanto tempo, vem aqui da um abraço em seu avô. — Meus olhos enchem de lágrimas, então me lembro sobre as ilusões que Samuel me contou.

Seguro a espada com força, pronto pra atacar, e rezo a única coisa que o padre teve tempo de ensinar, rezo com uma fé que nunca pensei ter antes. Até que não ouço mais nada, a cada suplica, só consigo ouvir minha voz ecoando em minha mente.

— Ego ignem qui eliminate malum!

Sinto a espada aquecer minhas mãos, e se espalhar pelo meu corpo, quando abria os olhos a lâmina está coberta com chamas azuis.

Vejo minha inimiga do outro lado, ela ataca com velocidade, vou ao encontro dela, ela devia a espada com mão, mesmo a queimando e segura meu braço machucado, enfiando suas unhas em minha carne, me fazendo ajoelhar de dor. Então desce sua mão livre para meu pescoço, as garras negras, afiadas, pego o punhal de dentro do sobretudo, o colocando na frente, seus dedos são decepados, jorrando sangue. Quando ela segura a mão machucada é tempo suficiente, para eu pegar a espada flamejante, ao olhar para mim dou um golpe horizontal, sua cabeça rola em chamas. Eu fico de joelhos exausto, minha visão embasa e desmaio...

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Vila CarmesimWhere stories live. Discover now