Capítulo 2

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Lucifer's POV
Depois de tudo que fiz Chloe passar, ela ainda me elogia. Como alguém pode ser gentil a esse nível? Eu fui tão egoísta, e ela realmente pensa isso sobre mim?

Acelerando nas ruas de Los Angeles, com o teto do carro levantado, a minha cabeça se enchia de pensamentos. Gostaria que o vento assoprasse esses assim como as folhas que estavam no chão.

Não quero me sentir assim. Não quero sentir nada, para ser honesto. Talvez raiva de vez em quando. Eu odeio emoções.

Precisava falar com alguém. E conhecia a pessoa perfeita. 

Estaciono o carro e entro no prédio.

Respiro fundo e bato na porta. Estou pronto para me abrir, deixar tudo sair. Cansei de contar a metade da história, metade dos meus sentimentos.

Eu sei que Linda pode me ajudar, mas para fazer isso, vou ter que deixá-la entrar na minha mente. A porta se abre, revelando um olhar confuso.

"Nós temos uma consulta hoje?" Ela pergunta e olha para o relógio em seu pulso.

"Não. Eu apenas preciso falar com você." Respondo.

"Meu próximo paciente virá em meia hora, então acho que nós temos um tempo." Linda diz, gesticulando com a mão para entrar na sala.

"Obrigado." Agradeço e me sento no sofá.

          O lugar onde eu já contei vários segredos, incluindo o maior de todos. Onde eu pensei que havia perdido uma amiga, mas no final, fiz uma amizade ainda melhor. Não poderia haver um lugar melhor para isso.

"Eu conversei com a Chloe. Depois de finalmente perceber que eu não era digno dela, depois de falar que parei de brincar com o nosso 'momento', ela..." Digo para Linda e me coloco na praia novamente. A detetive parecia tão confusa, como se não pudesse acreditar nas palavras que saíam da minha boca. "... ela falou que não era verdade." Continuo e a doutora Martin ouve atentamente.

"E como você se sente com tudo isso?" Ela pergunta e eu suspiro. Não preciso que alguém pergunte como estou me sentido. Apenas preciso que alguém me diga o que fazer. Não posso machucar Chloe novamente.

"Eu não sei. Confuso?" Respondo a doutora.

"Como assim?"

"Não pensei que ela reagiria daquela maneira. Achei que a detetive estaria aliviada ao saber que eu não faria mais tentativas. Por que ela não estava?" Digo e Linda pensa por um momento.

"Talvez ela seja tão boa quanto você em negar os próprios sentimentos." Ela conclui e meu coração pula uma batida.

"Então você está dizendo que ela tem sentimentos... por mim? A Chloe falou isso?" Deixo escapar, e nem ligo se isso soa completamente desesperado, pois se esse é realmente o caso, então eu não só machuquei a detetive novamente, mas também estraguei a minha chance, como sempre faço.

"Não sei. Estou apenas deduzindo." Ela responde com um tom honesto. "Você deveria falar com ela mais um vez e perguntá-la pessoalmente." Linda sugere e eu olho para baixo.

"Não posso." Admito.

"Por que?" A doutora pergunta, confusa.

"Porque eu tenho medo." Eu sussurro e olho para cima para encontrar os olhos dela. "Medo de que ela não sinta o mesmo. Medo de que ela vá enlouquecer e medo de que eu nunca mais a veja novamente." Desabafo. Foi tão bom deixar tudo sair do meu peito. O olhar de Linda agora estava caloroso, acolhedor.

"Ter medo não é ruim. Apenas mostra que você se importa, e isso não é bom?" Ela pergunta curiosamente.

"Não, eu não quero me importar. Tudo costumava ser muito mais fácil antes da detetive chegar." Insisto e Linda espera para que eu continue. "E entediante, como se a minha vida estivesse em preto e branco até que ela veio." Eu deixo escapar e, automaticamente, fico impressionado com a minha honestidade.

"Então você prefere não saber como Chloe se sente?" Ela pergunta e eu reflito por um momento. São tantos pensamentos flutuando sobre a minha cabeça que está sendo difícil de me concentrar.

"Sim, pois mesmo se ela sentisse o mesmo, eu não sei como isso deveria funcionar. Um relacionamento, ser um bom namorado. E a última coisa que quero fazer é machucá-la, o que eventualmente eu vou acabar fazendo, porque é isso que sempre faço no final das contas." Murmuro.

"Nós poderíamos resolver isso juntos." Linda insiste e balanço a minha cabeça.

"A detetive já teve que passar por muitas coisas e eu estava falando a verdade. Não sou digno dela." Realizo e ela suspira. Parece que a doutora estava torcendo por nós também.

"Chloe é uma mulher incrível, e se um outro homem chegar, você não estaria com um pouco de raiva pois perdeu sem lutar por ela?" Linda pergunta, curiosamente.

Toda essa conversa sobre sentimentos me deixou um pouco tonto. Eu não sabia que ser humano era tão cansativo.

"Vou ter que lidar com isso quando a hora chegar." Respondo e rapidamente penso sobre isso. Eu realmente ficaria de bem com Chloe namorando outro?

Antes que eu possa finalizar minha reflexão, ouço alguém batendo na porta do consultório e Linda se levanta da poltrona. Ela olha para o relógio e suspira.

"Me desculpe, Lucifer. Meu próximo paciente está esperando, mas você pode ligar a qualquer momento." A doutora diz e eu me retiro do sofá.

"Bem, vou ter que ser um homem e não deixar essas emoções me controlarem." Digo com mais certeza possível.

"Isso não é o que eu quis dizer, Lucifer." Ela responde, confusa.

"Obrigado pela conversa, Linda." Me despeço e saio dali.

Quando chego na cobertura já é noite. Estou completamente exausto.

Me deito na cama, tentando não pensar em nada por um tempo. Fico virando no colchão até que finalmente pego no sono.

***

Chloe e eu estamos correndo atrás de um suspeito e quando a detetive vira na esquina, escuto um tiro. Imediatamente, acelero em sua direção, o mais rápido que meus pés possam aguentar.

Ao vê-la deitada no chão, meu coração dispara. Isso não pode estar acontecendo, não agora, nunca. Chego até ela e me ajoelho em frente ao seu corpo.

Seu estômago coberto de sangue já está pingando no concreto frio da calçada. Levanto sua cabeça e coloco pressão no ferimento. Sinto lágrimas se acumulando em meus olhos quando percebo que não há reação da detetive.

  "Chloe." Eu sussurro, mas seus olhos continuam fechados.

"Chloe!" Desta vez, seu nome sai com um grito. Mas nada em resposta.

"Não faça isso comigo." Imploro. Percebo lágrimas correndo sobre as minhas bochechas e não sei o que fazer.

Eu tenho seu corpo sem vida em meus braços e não acredito, não quero acreditar.

Haviam tantas coisas que permaneceram não ditas entre nós, tantas coisas que nunca poderei dizer para Chloe pois ela simplesmente foi ao único lugar onde não posso ir.

"Por que Você fez isso comigo!?" Eu grito com todo o ar restante em meus pulmões e olho para o céu.

Direciono o meu olhar para as minhas mãos, cobertas de sangue, mas isso não importa agora. Preciso que ela volte, que grite comigo pois eu fiz alguma coisa estúpida, que me bata, apenas que faça algo.

"Eu te amo, Chloe." Sussurro e beijo a sua testa.

Como Valer a PenaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt