ESPECIAL DE ANIVERSÁRIO - Uma longa escada: Parte 2.

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Foi quando parei de imaginar e retornei a contar, interrompendo-me logo em seguida:

— Três mil duzentos e quarenta e cinco... opa! — Murmurei, surpreso.

Não havia mais degrau algum.

— Parece que cheguei ao final do túnel e dei de cara com uma...

Porta. A porta era feita de uma madeira escura, semelhante a ébano. Em sua superfície, estava entalhada a figura de um anjo dançando sob uma tumba selada por um pentagrama. A maçaneta era de aço puro e rangeu quando a girei, mas a porta não resistiu ao ser empurrada para frente.

— Que entalhe mais chinfrin... — desdenhei ao fechar a porta atrás de mim. — Os do meu castelo são bem... — minha voz pareceu morrer em minha garganta assim que me dei conta do lugar onde estava.

Antes de conseguir um acordo com a Serpente de Várias Cabeças, os pecados haviam se juntado para deduzir o que eu poderia encontrar caso conseguisse entrar em Umbra. Namjoon disse que imaginava cavernas escuras e húmidas; Jennie imaginava um grande ninho de cobras; Zen imaginava uma grande gaiola; Jin imaginava uma pequena gaiola; Dong Han imaginava uma gaiola média e Kai imaginava uma gaiola enorme com um ninho pequeno dentro. Eu, por conseguinte, não imaginava nada, mas, com certeza não uma placa com recepção faminta escrito em letras bastante horrendas, um balcão de madeira branca, em um saguão branco amplo cheio de sofás, plantas amaldiçoadas e quadros com nomes invertidos e estranhos selados. Haviam móveis também no teto, como se tivessem sido colados ali e estivessem à disposição de qualquer demônio em busca de lazer.

Estranho.

Aproximei-me do balcão e, com certa hesitação, li o que estava escrito em um pequeno caderno sob o tampo. Dizia:

1) procurar meus óculos;

2) procurar meus óculos de noite;

3) alimentar Cérbero;

4) Procurar por Guerra.

Ao lado do livro, estava um pequeno sino com os dizeres "toque-me". Fui igualmente hesitante em apanhá-lo. Analisei-o por inteiro, até mesmo o cheirei para ter certeza de que não havia sido banhado por nenhum veneno. Depois, com certa certeza, toquei-o solenemente.

— Estou indo! Estou indo! — Disse alguém.

Assustei-me no mesmo segundo, deixando o sino cair sob o balcão. Afastei-me dois passos e olhei ao redor, alarmado, em posição de ataque, pronto para qualquer surpresa.

— Quem está aí? — Indaguei, raivoso. — Revele-se imediatamente ou enfrente a fúria de Tânatos, o deus-...

— Calma, calma, grandão — disse a voz novamente, dessa vez bem mais perto.

Olhei ao redor novamente e não havia ninguém. O que era? Um fantasma? Um demônio-invisível? Um espírito corrompido? Um...

— Ei, olhe aqui — a voz pediu.

— AH! — Guinchei ao sentir um puxão na bainha de minha calça e, horrorizado e surpreendido, chutei o que quer que tenha o feito para bem longe.

Atento, vi um vulto branco voar por cima do balcão e colidir contra a parede. O vulto gritou e gemeu ao escorregar pela parede ao chão, depois sumiu. Ergui uma sobrancelha, curioso, mas não me movi um passo sequer. Em seguida, um par de mãos cravou as garras no tampo do balcão, como se estivesse escalando uma montanha gigante, e um pequeno ser surgiu sobre ele. Não era uma gárgula, muito menos um cão-demônio; a criatura era corpulenta e sem sexo, do tamanho de meu antebraço. Seus braços eram finos, bem finos, assim como suas perninhas curtas. Seu rosto era achatado, mas de nariz pontudo e olhos, sem írises, bem grandes, com uma boca larga cheia de dentes afiados. No topo de sua testa, havia um par de chifres tortos e afiados, assim como os meus.

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora