XX - Rios de Sangue

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-Você está morto... – repeti, enquanto o trote do cavalo fazia minha cabeça girar, ao nos afastarmos daquela pilha de corpos. O corpo de Gelo, e de todos que ele matou para me manter viva.

-Se se sentir tonta, feche os olhos – ele aconselhou, aumentando a velocidade – Não vou deixar você cair, sabe-se lá quem estaria na frente da fila para me ver morto outra vez se eu fizesse isso.

Não respondi, apenas segui a orientação dele e deixei as pálpebras caírem, enquanto ele seguia falando consigo mesmo – Provavelmente a minha própria esposa.

Morto, pensei mais uma vez, enquanto percebia que não conseguiria manter os olhos fechados e seguir acordada ao mesmo tempo. Talvez fosse bom, dormir – talvez já tivéssemos chegado quando eu acordasse, e eu pudesse apenas por alguns minutos, fazer de conta que as últimas semanas foram uma mistura de sonhos bons e ruins.

 Talvez fosse bom, dormir – talvez já tivéssemos chegado quando eu acordasse, e eu pudesse apenas por alguns minutos, fazer de conta que as últimas semanas foram uma mistura de sonhos bons e ruins

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-Bethany! – Gritou Dylan no meu ouvido, me fazendo arregalar os olhos. Não estávamos mais na floresta, pelo menos eu achava que não. Mas estava terrivelmente escuro e eu só conseguia senti-lo, sem enxerga-lo quando olhava para trás.

-Estou acordada – falei, e ele fez um "shhh" de advertência – O que aconteceu?

Os sons de metal rangendo me fizeram acreditar que talvez ele estivesse movendo a cabeça, mas ele deve ter percebido tão rápido quanto eu que eu não era capaz de enxergar isso – Eu deveria coloca-la num carro para que voltasse a Versalhes, mas o carro não apareceu. Acho que caímos em uma armadilha, estamos em um túnel, e acredito que estejamos encurralados.

Engoli em seco – Pelos homens do dragão?

-Não entendo. Não achei que existissem tantos – a respiração dele era rápida, pesada – Acha que consegue descer e subir sozinha, atrás de mim?

-Eu não enxergo nada! – arfei, apavorada. Dificilmente acharia o cavalo outra vez se descesse.

Ele rangeu os dentes, passando um braço pela minha cintura – Preciso que passe uma das pernas para o outro lado – ele explicou, me erguendo um pouco para que eu pudesse fazê-lo – Agora, me dê sua mão.

Encontrei os dedos dele, e então quando finalmente segurei ele desceu, apertando meus dedos como uma criança com medo do escuro. Sons ecoaram pelo túnel, eu não sadia de que lado. Possivelmente dos dois.

-Agora chegue um pouco para trás Bethany – ele mandou, apertando minha mão – Leve minha mão até seu joelho.

Eu o fiz, deixando que ele deslizasse a mão para fora da minha até alcançar o cavalo, e então ele subiu, dando uma risadinha – A Alemanha não me preparou para isso. Vamos tentar passar por eles o mais rápido que conseguirmos, eu preciso que se segure o mais firme que puder. Entendeu?

-Sim – gaguejei, antes de o cavalo avançar pelo túnel. Apertei a cintura dele, o aço duro e frio da armadura contra meus braços nus. O vestido de Abba além de ter sido destruído, não se mostrará muito prático. Ao menos eu sabia que a saia de seda tinha tecido o bastante para se amontoar na altura dos meus joelhos, entre mim e Dylan.

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora