Capítulo 2

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Boa leitura! 😘😘

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Emma

Na vida, há tempestades que quando acontecem, não entendemos o motivo. Apenas choramos, reclamamos e tentamos lutar contra o que nos é designado. Mas não adianta, quando alguma coisa tem de acontecer, ela acontece. Queiramos sim, ou não. E aconteceu, mesmo que eu não quisesse ou nunca imaginasse, acabei ficando viúva aos vinte e seis anos. Na verdade, já deveria estar preparada para o acontecido, os médicos já haviam deixado bem claro na semana passada, Neal não teria mais que alguns dias de vida. E infelizmente, assim aconteceu.
Nesses últimos dias, eu praticamente morei no hospital, cheguei a ficar cinco dias diretos sem ver Arthur, nosso filho. Mas infelizmente, todo esse esforço foi por água abaixo, quando me ligaram do hospital noticiando a morte de Neal. Não tinha mais o que fazer, o câncer no pulmão, que havia aparecido há mais ou menos um ano, havia sido mais forte e acabou vencendo o primeiro amor da minha vida. Neal se foi, e nos deixou. E agora, eu sei que a única coisa que me resta é seguir em frente.
Agora, após o enterro é que parece que ficha cai e então, meu corpo e minha mente começam a sentir os efeitos de toda barra que eu segurei esse tempo sem demonstrar fraqueza, nem que seja por um minuto. Eu tentei ser forte, porque sei que ele também estava tentando. Mas enfim, agora, somos apenas eu e meu garoto. Que aliás, está inconsolável. Se antes já estava triste, agora só está pelos cantos chorando.
— Arthur, você tem que comer, meu amor. — me sento ao seu lado na cama com uma bandeja nas mãos.
— Não quero, mamãe. — se encolhe sob seu cobertor.
— Eu sei que você está triste. Mas também tenho certeza que seu pai, seja lá onde estiver, não vai gostar de te ver assim. — ele me olha. — Tente... por favor, por mim.
Arthur sorri fraco e se ajeita na cama. Me ajeito ao seu lado e lhe entrego uma caneca com leite quente, ele pega alguns biscoitos e começa a comer. Ficamos em completo silêncio. E isso remete o quão triste ele está. Já que quem o conhece, sabe o quanto ele é falante. E alguns, Ainda fazem questão de dizer que, nesse quesito ele me puxou.
Fico admirando meu garoto por alguns minutos e meus pensamentos voam longe, ou melhor, para oito anos atrás.
Flashback on.
Sem dúvidas, a notícia da gravidez foi um baque e tanto. Eu, com 18 anos e havia acabado de me formar do ensino médio. Neal estava desempregado e logo que ficou sabendo, abdicou de sua faculdade, na qual havia com muito sacrifício conseguido uma bolsa integral e foi em busca de algo para nos sustentar.
Meu pai, David Nolan, também não tinha lá às melhores condições, mas sempre nos ajudou da maneira que pôde. O mais importante, pra mim, foi seu amparo e amor comigo. E eu sou extremamente grata. Ainda mais quando uma segunda notícia veio mais forte que uma bomba. Em um dos exames de imagem, foi constatado que não era apenas um bebê. E sim dois. Eu estava grávida de gêmeos.
Ai sim eu entrei em desespero, eu precisava de uma maneira de criar meus filhos, mas tudo que eu fazia, nada parecia surtir efeito. Foram longos meses até Neal conseguir um emprego como entregador de mercadorias em um supermercado. Mas mesmo assim, ainda era pouco. De apenas dois, nossa família aumentaria para quatro. Eu continuava em desespero, vários pensamentos me rondavam a cabeça e eu acho que foi isso que me deu uma pane.
Um belo dia, ou nem tão belo assim, acordei péssima. Minha cabeça doía ao extremo, uma falta de ar imensa. Tentei me manter a calma, nada poderia dar errado agora. Mesmo com todas as dificuldades, eu tive todo o cuidado com essa gravidez. Com meus dois garotos. E agora, aos sete meses, tudo teria de continuar bem. Mas não, tudo piorou. Eu sentia dores horríveis na barriga e quando senti algo molhado em minha roupa e vi que era sangue, Neal entrou em desespero e me levou ao hospital.
Só lembro de ter apagado no meio do caminho. E no fim das contas, acordei um bom tempo depois. Depois descobri que na verdade, acordei após dois dias. E meus filhos não estavam mais dentro de mim. Entrei em desespero novamente. Tentei me mexer na cama, mas estava cheia de fios, acessos e tubos conectados em mim. Algo apitou e logo uma enfermeira adentrou o quarto.
— Se acalme, você não pode se mexer assim.
— Eu preciso sair daqui, cadê meus filhos? Eu quero ver meus filhos! Eu quero ver... — algumas lágrimas começam a escorrer em meu rosto.
Ela coloca algo em um dos acessos em minha veia e poucos minutos depois sou acometida a um sono pesado. Novamente não sei por quanto tempo dormi, só sei que acordei com um homem, que julgo ser um médico, e Neal. O médico me encarava, enquanto anotava algumas coisas em uma prancheta e meu namorado, assim que me viu acordar se aproximou segurando minha mão.
— Neal, cadê nossos filhos? Por que ninguém me fala nada? — me altero novamente.
— Calma, meu amor. — ele diz, acariciando minha mão. — Dr. Gold vai explicar tudo direitinho pra você, ok? Você só precisa ficar calma.
Fecho os olhos e sinto um aperto forte em meu coração. Algo que me dizia que o que o médico tem para explicar não será nada bom. Tento conter uma lágrima, mas é em vão. O senhor se aproxima da cama.
— Senhorita Swan, você chegou aqui em um estado grave, nos quase perdemos você e as duas crianças. Foi muito difícil, porém revertemos seu quadro e conseguimos fazer o parto antecipado. Mas infelizmente perdemos um dos bebês... eu sinto muito.
Depois disso, ele continua explicando mais algumas coisas. Mas eu não consigo prestar atenção em mais nada. Nem me preocupo mais em conter as lágrimas, choro copiosamente abraçada a Neal que acaricia meus cabelos. Não, isso não poderia estar acontecendo. Eu já amava meus filhos e não era justo um deles ter partido assim, tão cedo, sem nem nos vermos uma única vez.
Quando vi Arthur pela primeira vez, chorei muito também. E naquele momento, eu jurei que minha vida seria para ele. Meu amor seria pra ele. E eu seria a melhor mãe que pudesse e isso, eu honro até hoje.
Flashback off.
Uma lágrima escorre pelo meu rosto ao me lembrar de tudo isso. E então, num lampejo eu me lembro de algo que Neal me disse em seu leito de morte. Ele me fez prometer que leria uma carta que o mesmo me escreveu quando soube da gravidade de sua doença. E segundo meu finado marido, era algo importante e teria a ver com Arthur e poderia mudar totalmente minha vida.
— Não chora, mãe. — a voz de Arthur me desperta de meu transe.
— Eu só estava... pensando. — deixo um beijo em seus cabelos. — Termine seu café e depois leve a bandeja lá na cozinha, tá bom?
Ele concorda e eu saio de seu quarto, seguindo rumo ao meu. Me lembro bem onde Neal disse que a carta estaria. Em uma caixa que guardamos nossas recordações. Após alguns minutos de procura, enfim encontro um envelope com meu nome. Sinto um frio na base da espinha, um arrepio por todo meu corpo. Encaro o objeto por alguns segundos, criando coragem para abrir. Mas eu havia prometido, então seja lá o que for, vou ler.

Amor Em Dobro - SWANQUEEN- CONCLUÍDAWhere stories live. Discover now