Eduarda

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MARATONA 🌻  2/5

Acordei com os braços do Rael enrolados no meu corpo. Ele dormia muito e eu não quis acordar ele para não ter que aturar a chatice dele logo de manhã. Abaixei um pouco o volume do ar condicionado e sai do quarto. Fui até a cozinha e passei um café para a gente, João ou não estava em casa ou estava num sono mais profundo que do irmão. Fui até o bercinho da Bia e ela dormia tão serena, eu ajeitei ela na cama e ela nem acordou. Esse gene era de família mesmo, né? Ô povo que dormia mais que a cama. Eu fui até meu quarto, peguei uma roupa rápida, vesti, amarrei o cabelo, peguei minha carteira e desci para a padaria atrás de comprar pão para a gente comer. Encontrei um vizinho lá do prédio que as vezes ficava me observando no elevador, ele não parecia ser tão velho e nem tão novo parecia ter seus vinte e quatro anos de idade. Loiro, olhos claros e alto. Era um cara que com certeza chamaria bastante minha atenção, ele estava sentado tomando café com um pedaço de bolo e parecia ser conhecido por ali na padaria pois as pessoas chamavam ele pelo nome que eu escutei ser Caio. Eu peguei os pães com o menino da padaria, paguei e fui em direção ao prédio mas ainda com os olhares do vizinho loiro. Quando entrei no apartamento, larguei os pães na bancada da cozinha e fui lavar as mãos. Fui até o quarto que a Bia estava e ela tinha acordado, ela me olhou e deu um sorriso e eu devolvi o sorriso para ela. Peguei ela no colo e levei até a sala, coloquei ela no cercadinho e fui preparar a mamadeira dela porque se fosse pelo inútil do irmão, quer dizer, dos irmaos ela morreria de fome. Senti uma mão na minha cintura assim que eu liguei o fogo para fazer a mamadeira da Beatriz. Me virei e dei de cara com o cara de pau do Rael, com o cabelo bagunçado e uma cara de quem acabou de acordar.

— Bom dia, gata! — ele me deu um beijo no pescoço e admito que isso me balançou. Mas estávamos falando de quem mesmo? Rael. Nada de balanço com o Rael porque volta e meia ele curtia tirar uma com a minha cara.

— Eu vou fazer a mamadeira da Bia e você vai dar a mamadeira dela, entendeu? — eu perguntei séria e ele resmungou.

— Posso te dar mamadeira não, então? — ele sorriu malicioso e eu dei um tapa nas costas dele que com certeza ardeu. — Aí, caralho. O que eu te fiz?

— Nasceu.

— Tá bolada comigo? — ele me prendeu na pia e eu olhei seria para ele. Ele também me olhava sério, em direção a minha boca e umidecia os lábios com a língua. — Fala, cara.

— Não, eu não estou bolada. Só estou falando que você vai dar mamadeira para a sua irmã que está morrendo de fome. Você deu alguma mamadeira antes dela dormir ontem? — eu perguntei e ele negou — Porra, você não sabe cuidar de criança.

— Ainda bem, né? Vai que Deus inventa e me manda um filho por aí.... Já vou logo mostrando pra Deus que eu não tenho a menor capacidade de ser pai — ele respondeu irônico e eu mandei o dedo do meio. Entreguei a mamadeira dela pronta e entreguei na mão do Rael, ele me olhou, resmungou mas levou a mamadeira até a Bia e deu a mamadeira para ela. 

João acordou com a maior cara de derrota, veio até a cozinha, pegou café e me deu um beijo na testa. — Madrugou?

— Eu? Por que? — suspendi a sobrancelha.

— Quem compra pão sempre sou eu. Tu deve ter madrugado.

— Desci rapidinho pra comprar pão — respondi e peguei uma xícara de café enquanto arriscava olhar o Rael tomando conta da irmã. João deu uma risada.

— Ele ficou tomando conta da Bia ontem sozinho?

— É — respondi.

— Porra, nunca na minha vida ia imaginar isso. Mas, minha mãe acabou de me mandar mensagem falando que a babá da Bia vai passar aqui em casa, pegar ela e levar para casa.

— Ah, entendi — respondi — Seus pais já voltaram?

— Não, mas parece que minha mãe não confia nos filhos dela.

— Nem eu confiaria — terminei meu café e o João resmungou. Fui lavar uma louça que tinha ali e o João foi trocar a frauda da Bia que já era para ser trocada. João era mais despachado que o Rael no assunto cuidar de criança.

Rael me prendeu novamente na cozinha, com os braços e ficou me olhando enquanto se aproximava. Já dava para sentir o cheiro daquele desgraçado, ele ainda estava sem camisa ali na cozinha pronto para me dar o bote. — Fiquei te esperando ontem à noite.

— Não precisava — fui irônica — Sou bem grandinha. Eu estava bem.

— Hm — ele riu irônico — Assim que tu me agradece, né?

Eu estava perdendo a paciência — Te agradecer pelo o que, Rael? Obrigada por me esperar? Obrigada por aparecer la no meu quarto?

Ele fechou a cara e me olhou, se afastando — Jaé.

Ele foi saindo da cozinha e eu pude voltar a respirar. Rael as vezes tinha umas atitudes que eu não conseguia entender na real o que ele queria. O interfone da cozinha começou a tocar e eu fui até o mesmo, atendi e era da portaria. — Portaria, bom dia.

— Bom dia.

— Temos uma encomenda para esse apartamento. Pode mandar subir?

Eu afastei o interfone do rosto e gritei: — Alguém pediu alguma coisa?

— Não — Rael apareceu na cozinha e me olhou — Por que?

— O porteiro me ligou falando de encomenda — eu franzi o cenho e peguei o interfone novamente. — Desculpa, seu Alceu. Mas ninguém pediu nada nesse apartamento.

— Você é a Eduarda?

— Sou.

— É uma entrega para você. De flores.

Eu quase ri. Só poderia ser palhacada mesmo. Eu agradeci e desliguei o interfone, Rael fez cara de "o que aconteceu?"

— O que foi?

— Nada, não entendi direito.

O cara apareceu aqui na porta, me entregou as flores e eu tive que assinar que recebi. Ele foi embora e eu entrei com aquele buquê de flores ainda sem acreditar. Nunca tinha recebido flores nem do meu namorado quem dirá de alguém que eu ainda não sabia quem era. Rael ficou parado me olhando com aquele buquê. — Quem te deu isso? — ele foi um pouco grosso ao falar.

— Não sei, vou ver se tem alguma coisa.

— Na moral, vou correr um pouco. — Rael passou por mim e encarou aquele buquê de rosas e depois me encarou. — É sério que tu gosta dessas coisas?

— Sei lá, é indiferente. Mas curti.

— Hm — ele pegou a garrafa d'água dele e se despediu com um aceno. Partiu para a rua e eu fiquei ali com o buquê, encarando por um tempo até meu celular apitar uma mensagem.

Marcelo: Bom dia, Duda. Gostou da surpresa? Eu não sabia de que flor você mais gostava mas acho que tu vai curtir.

Me encantou demaisWhere stories live. Discover now