CAPÍTULO 2 - PRECISO SOBREVIVER

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Gabe desliza sua mão sobre uma bancada, observando as armas, que são as mais procuradas, penduradas em suportes enferrujados ou empilhadas em caixas velhas e surradas.

O ruído das negociações mistura-se com os murmúrios dos clientes, criando uma cacofonia de vozes em um ambiente opressivo. As sombras dançam nas paredes enquanto os comerciantes se movem em meio à multidão, trocando moedas e objetos antigos em um mercado onde tudo tem um preço.

Algo mais que paira no ar, uma sensação de perigo iminente que faz com que os visitantes se movam com cautela. Talvez seja o conhecimento de que, em um mundo, nada é certo, e o perigo pode surgir de qualquer lugar. Mas, por enquanto, os negócios continuam, em nesta caverna sombria e úmida, onde a vida ainda tenta sobreviver.

Gabe respira fundo enquanto sai da agitação da zona comercial e volta para casa. Seu condomínio é como uma cidade subterrânea escavada nas paredes de pedra, lembrando as famosas cavernas de Istambul. O ar é fresco, mas a escuridão é quase sufocante, iluminada apenas pelas luzes fracas dos corredores.

Subindo as escadas íngremes, Gabe chega ao apartamento de sua mãe no quinto andar. Ele abre a cortina para revelar um espaço simples, mas acolhedor. Dois quartos modestos, uma sala de estar confortável e um banheiro pequeno, mas funcional. Não há muito luxo, mas é um lugar possível de se chamar de lar.

As paredes de pedra e as janelas amplas de frente para o corredor mantêm o ambiente fresco, mesmo nos dias mais quentes. No entanto, o silêncio é esmagador, fazendo Gabe sentir a solidão. A única coisa que quebra o silêncio é o som suave da água que escorre pelas paredes de pedra úmida.

Gabe senta-se em seu sofá, sentindo o peso do dia em seus ombros. Ele olha pela janela, vendo a escuridão do mundo lá fora. Mas aqui, em seu lar, ele encontra um pouco de paz e conforto. Ele fecha os olhos, respirando fundo, sabendo que o amanhã pode trazer novos desafios.

"Olá! Oláááá–!", cumprimenta a mãe de Gabe ao entrar.

Gabe, cochilando, entreabre os olhos e vê sua mãe preparando favo-bolo sobre a mesa. Rapidamente se levanta e senta-se a mesa.

"Oi, Mamãe, desculpe por não ter te esperado", diz ele.

"Tudo bem, você devia estar cansado depois do dia de trabalho na mina", responde a mãe.

"Sim, mas..."

"Mas não é só isso..."

Gabe se debruça sobre a mesa, seus olhos confusos com os pensamentos.

"Será que um dia vamos poder sair daqui?"

A mãe fica inquieta e se agita, e enquanto coloca a jarra de suco e o pote de mel sobre a mesa, revela:

"Claro que sim, meu anjo. Nós vamos sobreviver, custe o que custar."

Gabe belisca pedaços do bolo, e na porta um garoto mais novo entra.

"Oi, Gabe! Vim te buscar!"

"Oi, tia!", diz ele.

"Oi, Alex, onde vocês vão agora?", indaga a mãe.

"Vamos correr nos skyrails, mas não se preocupe, com o skyrail que meu pai me deu não há perigo nenhum!"

Ela olha aliviada para o aparato na cintura do pequeno garoto, e como não há outro, sabe que certamente Gabe não irá competir.

"Que legal, divirtam-se! Mas lembrem-se de serem cuidadosos e ficarem juntos", diz a mãe.

"Não se preocupe, tia, vamos tomar cuidado", responde Alex.

Gabe sorri e concorda. Enquanto os meninos saem animados, a mãe fica na varanda, observando-os com um sorriso no rosto, observando-os enquanto saltam rumo ao salão central, serpenteado por trilhos de skyrails.

Aequilibrium - Herdeiros da TerraWhere stories live. Discover now