Forever - KTH

17 - Pesadelos

- E-eu... não pode simplesmente esquecer que eu disse isso? - peço tentando chegar perto dela, mas ela se afasta.

- Não - diz séria.

- E-eu... desculpa, mas... não quero falar sobre isso. Eu...

- Você não pode fazer isso - continua com o tom sério. - Você não pode chegar e dizer que alguém podia ter me machucado por sua causa, que eu poderia estar nesse estado - ela aponta para a quantidade de sangue que tem na maquiagem. - E depois simplesmente dizer que não quer falar sobre isso.

- Eu... - não posso contar para ela tudo que aconteceu, ela não vai mais confiar em mim. - Eu não posso - digo abaixando a cabeça.

- Então pode ir embora - diz apontando para a porta.

- O quê? M-mas...

- Se você vai ficar escondendo as coisas de mim, eu não posso confiar em você - fala.

Se eu contar você não vai confiar também...

Ela me encara e suspira.

- Eu vou tomar banho pra tirar essa maquiagem, se sinta à vontade para ir embora, sabe onde fica a porta.

Ela passa por mim e some. Sinto as primeiras lágrimas caindo.

Que merda, TaeHyung. Você vai conseguir afastar todos os amigos que você fizer? Merda, merda, merda. Parabéns, você conseguiu perder a única amiga que você tinha. A afastou do mesmo jeito que fez com os garotos, do mesmo jeito que fez com o NamJoon. Você é mesmo um merda tóxico.

Saio da casa dela me sentindo um lixo. Além de não ter coragem de contar sobre o Kum, realmente poderiam tê-la machucado por minha causa e isso me assusta. Ele já ameaçou machucar pessoas das quais eu gosto e... eu realmente gosto dela.

Sento na varanda ainda chorando e fico assim até me acalmar. Você fez uma escolha, TaeHyung, arque com as consequências agora.

...

Durmo até às oito e fico no posto até meio dia quando saio para ir para o abrigo.

- Que carinha é essa? - a Sra Bom pergunta ao me ver.

- Olá, senhora Bom, é minha carinha de sempre - digo.

- Eita, então preciso melhorar esse óculos. Eu jurava que sua carinha de sempre era alegre e não quase depressivo.

Luto contra o choro.

- O que aconteceu, criança? - ela chega perto de mim.

- Eu estraguei tudo - digo abraçando-a.

- Como assim estragou tudo? - ela pergunta fazendo carinho nas minhas costas. - Tenho certeza que é exagero. Isso é por causa de notas? Você recupera.

- Não - nego. - Eu assustei minha única amiga, e agora, ela não confia mais em mim.

- Recupere a confiança dela, então - fala como se fosse simples.

- Eu não consigo, pra isso ela pediu para eu contar uma coisa. Mas se eu contar ela não vai mais querer falar comigo.

- Você nem tentou, filho - fala.

- Mas eu fiz uma coisa muito ruim, ela não vai gostar mais de mim.

- Se ela não vai gostar de você por algo que você fez, ela não te merece como amigo.

- Você não entende, nunca deu motivo para alguém não gostar de você, eu...

- Eu tenho uma tatuagem - diz me interrompendo.