Capítulo 1

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Ayla Auburn

Eu sabia que o natal desse ano seria complicado, mas não ao ponto de ter alguém morrendo dentro da minha casa

— Ele morreu, ele morreu, ele morreu!!!

— Elizabeth Auburn, deixa de show! Ele não morreu.

Eu acho, pensei enquanto avaliava o homem grande escorado na minha porta. Ele pareceu apagar por um segundo, mas logo retornou.

Quer dizer, retornar é uma palavra forte. Eu não gosto de palavras fortes. Ele estava mais pra um homem congelado, tremendo e fitando o nada. E aqueles olhos castanhos, frios, ficavam cada vez mais pesados.

Eu preciso ajuda-lo logo.

Agachei e circulei sua cintura, puxando-o para cima.

— Vai ter que me ajudar, vamos, levante.

Lizzy segurou uma perna dele e levantou.

— Você não, garota. Estava falando com ele! — Ela me obedeceu e soltou o pé do homem, que caiu pesado contra meu assoalho. — Vamos lá moço, me ajude à te ajudar.

Ele gemeu.

Incompreensível, mas pelo menos era algum sinal de vida.

Com dificuldade eu o joguei no meu sofá. Lizzy ainda observava de longe, e o desconhecido ainda batia os dentes de frio.

— Meu bem, vá buscar um edredom no meu quarto, por favor. E traga toalhas também.

Ela saiu correndo, molhando a casa com as botas de neve, mas eu não podia reclamar no momento.

Livrei o homem do seu sobretudo fino, dos sapatos e meias, e também do paletó. Precisava livrar ele daquela roupa encharcada e gelada o mais rápido possível antes que sofresse por hipotermia.

— O que... o que está fazendo? — Ele reclamou, fraco e trêmulo. Mal tinha forças para me impedir de abrir sua camisa de botões.

— Te impedindo de morrer.

E mesmo feito um cubo de gelo, um sorriso lateral despontou nos seus lábios roxos. Foi assustador.

— Achei que não tivesse huma.. humanidade.

— Pois é. — Tirei uma das mangas da sua camisa e puxei a outra. — Mas seria complicado explicar porque eu deixei um cara morrer no meu sofá.

Joguei a camisa molhada no chão. O homem cruzou os braços sobre o peito, tentando se aquecer. Se eu tivesse uma lareira ou um aquecedor mais potente... mas até dentro de casa a gente precisava se agasalhar. Com esse inverno principalmente. Colocaria meu pescoço na forca só por usar o aquecedor, e nem sei como vou pagar a conta de luz desse mês, mas é isso ou usar a ideia de Lizzy de colocar fogo na casa. Nessa altura do campeonato, só isso iria nos aquecer.

Desafivelei seu cinto com rapidez, abrindo os botões da calça social quando sua mão grande me parou. Para alguém morrendo de frio, até que ele apertava bem forte.

— Não vai me pagar um jantar antes?

Que otário. E ele ainda sorria, mesmo de olhos fechados e tremendo feito um filhote de gato sem pelos.

— Vou te pagar te livrando da pneumonia, que tal?!

Ele afrouxou o aperto e me soltou, resmungando.

— Deve servir.

Achei que fazer isso iria me abalar. Quer dizer, não tinha porque eu me abalar. Tenho vinte e oito anos e já vi muitos caras pelados na minha frente. Já tirei a calça de um bocado deles, e raramente era uma parte excitante da história. Mas me senti constrangida quando encarei sua boxer preta.

Um CEO de NatalTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon