Minha cabeça doía quando abri os olhos. Uma sensação de enjoo subiu pela minha garganta e percebi que o quarto inteiro girava. Onde eu estava? foi a primeira pergunta que rondou minha cabeça. Tentei me sentar na cama e quase vomitei. Ah, merda... pensei, reconhecendo a maldita sensação da ressaca. Quanto eu bebi ontem à noite? Levei minhas mãos ao rosto e esfreguei a têmpora, minha cabeça pulsava e eu mal conseguia manter os olhos abertos, podia senti-los inchados.
Ouvi uma porta se abrindo e logo senti a presença de Tom no local, ele esticava um copo com um líquido espesso pra mim.
— Que porra... — me encolhi quando comecei a falar. Falar doía. Eu acho que eu nunca falaria mais nada pelo resto da minha vida.
— Toma essa merda — Tom respondeu minha pergunta inacabada. Eu me encolhi mais uma vez. Ele precisava mesmo falar tão alto? — É a cura pra sua ressaca.
Virei o copo de uma vez só. Aquilo tinha gosto de merda. Tossi violentamente tentando impedir a vontade absurda de vomitar que subia pela garganta. Tossi tanto que meu corpo foi jogado pra frente e senti o Tom apalpando minhas costas com delicadeza tentando me ajudar. Quando comecei a me sentir um pouco melhor afastei sua mão de mim em um sinal que tava tudo bem.
— Merda, eu não lembro de nada. O que eu fiz ontem à noite? — franzi a testa tentando lembrar. Mas nada vinha à memória. Alguns flashes apareciam na minha mente e eu reconheci como sendo a boate.
— Qual a última coisa que você lembra? — Tom perguntou cauteloso, me avaliando. Isso chamou a minha atenção, será que fiz alguma merda ontem? Novamente franzi o rosto, me forçando a recordar alguma coisa.
— Lembro da boate... a gente conversando... uma menina ruiva? — arrisquei meio incerto. Tom acenou com a cabeça concordando.
— Sim, você foi para o banheiro com ela. A última vez que eu vi você... — Encarei Tom, prestando atenção no que ele estava dizendo — Você estava saindo da boate com ela. Então acho que você se deu bem ontem à noite.
Me recostei na cabeceira da cama. Estranho. Eu não me sentia como se tivesse trepado a noite toda. Mas no momento eu não conseguia sentir nada além de dor de cabeça e enjoo, então não sei até onde eu podia confiar no meu corpo.
— Como eu voltei pra casa? — Se eu tinha saído com uma garota então porque não estava na casa dela? Já acordei um milhão de vezes no quarto de meninas desconhecidas.
— Você não se lembra de ter me ligado? — Tom arqueou a sobrancelha surpreso. Balancei a cabeça. Isso fazia sentido, eu poderia ter ligado para ele. Normalmente quando ficava muito bêbado eu sempre ligava pra ele. Por algum motivo eu senti a necessidade de checar meu telefone. Alguma coisa me dizia que ele teria as respostas de ontem à noite. Comecei a catar a cama à procura do meu celular e o vi na bancada. Agarrei-o e comecei a dar uma olhada.
To indo embora. Pra casa de uma garota. Não esperem por mim.
Reli a mensagem que eu havia enviado. Eu acho que me lembrava disso. Forcei minha memória, eu estava no banheiro. Mas não sozinho, eu lembro de ter conversado com alguém. Seria a garota ruiva que eu havia mencionado mais cedo? Poderia ser né? Tinha que ser!
Fui nas ligações recentes e de fato, estava lá que havia ligado para o Tom às 3:30 da manhã. Era a única ligação do dia anterior. O que teria me feito sair da casa da garota? Droga, eu odiava quando isso acontecia. Odiava não lembrar o que eu tinha feito. E especialmente hoje, havia uma sensação de que eu precisava saber o que aconteceu. Balancei a cabeça e levei uma mão à testa, alguma coisa não estava se encaixando.
— O que houve? — Tom soava preocupado. Ele parecia apreensivo, isso também era estranho. Se não aconteceu nada demais ontem à noite, porque tanta cautela?
— Alguma coisa não está certa. Tem certeza de que nada mais aconteceu ontem à noite? — Encarei ele, meu tom de voz era incerto. Eu flexionei meu queixo, não conseguia espantar a sensação de que Tom sabia mais do que estava deixando transparecer. — O que eu fiz? Pode dizer, Tom. Você sabe de alguma coisa.
Ele suspirou. Deixou seus ombros caírem e sentou na cama, parecendo derrotado.
— Houve um momento que eu achei que você iria contar para o Nick — fechei os olhos, tentando lembrar do que ele dizia — Sabe? Sobre a Jenny? Você começou a falar dela, mas não citou seu nome. Felizmente a garota ruiva apareceu e você saiu com ela.
Jenny. Eu lembrava de Jenny ontem à noite. Alguma coisa sobre ela. Mas estava tudo embaçado. Eu falei com ela ontem à noite? Não, o celular teria acusado. E Tom disse que me viu sair com a menina de cabelos ruivos da boate. Eu não vi Jenny ontem à noite. Então porque eu sentia como se tivesse visto? Novamente balancei a cabeça, claro que eu não tinha visto Jenny. Eu saberia, sempre que vejo ela a gente transa e eu saberia se a gente tivesse transado. Isso definitivamente não aconteceu e até hoje eu e Jenny nunca ficamos no mesmo espaço sem que terminasse em sexo.
Suspirei. Ok, não vi Jenny ontem à noite. Então o que é essa sensação de que falei com ela? Poderia ter sido um sonho? Merda, eu não conseguia lembrar.
— Como Nick reagiu a essa conversa? — Perguntei abruptamente, tentando buscar mais informações sobre a noite anterior.
— Ele não pensou muito sobre isso, eu acho. Ah, Alex, na verdade não acho nem que ele levou a sério. — Assenti. Isso era bom, quanto menos ele soubesse sobre eu e Jenny, melhor.
Agora eu precisava descobrir o que aconteceu com o resto da minha noite e isso significava que eu precisava encontrar a tal menina ruiva. Será que eu conseguia me forçar a lembrar dela?
Bom, só tinha um jeito de descobrir...
Eu precisava voltar naquela boate.
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Alex Harris
RomanceJenny Castillo tinha apenas três regras na vida: 1. Sempre se vista como se estivesse indo à Paris. 2. Se não for prazeroso, não vale a pena. 3. Nunca, jamais, se apaixone. Ela sabia exatamente quem era, e quem não queria ser. E ela não queria s...