Capítulo 33: Nature's Child

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- Tenho. Caso precise, já sei a quem pedir.

A menina o abraçou, sentindo o calor confortável do outro, como se isso fosse uma característica dos filhos de Apolo. Os dois afastaram-se e ela ficou olhando até que o loiro sumisse na multidão de chalés.

Sozinha novamente, a menina olhou para o bosque. O rosto tornou-se sério. Sem saber de onde vinha aquela vontade, a menina fez uma reverência.

- Eu queria pedir permissão para construir meu chalé aqui.

Ela não pôde acredita que realmente receberia uma resposta. As árvores se dobraram em sua direção e ela viu duas figuras caminharem até ela. Uma das meninas tinha a pele levemente esverdeada, ao orelhas pontudas saiam dentre os longos cabelos ondulados e castanhos como troncos de árvores; desenhos verde-escuros decoravam a pele nua de seus braços e pernas com desenhos de folhas delicadas, flores brancas enfeitavam seus cabelos como uma coroa. A outra tinha a pele azulada quase translúcida como água, o corpo estaria nu não fosse pela água corrente, que criava um vestido vivo.

Clara pôs-se de joelhos, reverenciando as duas ninfas recém-chegadas. As criaturas soltaram risadinhas que pareciam bolhas e sininhos de vento, então se aproximaram.

- Não precisa nos reverenciar, minha senhora. – A ninfa verde falou, estendendo a mão para ajudar Clara a se levantar. – Eu sou Melisse e essa é Pegeas. Você é a primeira a falar conosco em muito tempo.

A menina olhava para a criatura, os olhos brilhando em dourado. Pegeas, a náiade, soltou alguns sons borbulhantes.

- Ela está dizendo que estamos honradas em receber seu chalé aqui, na entrada do bosque. Mas em especial, gostaríamos de dizer que está no centro do acampamento, e que isso mostra que seus poderes escolheram o lugar onde se sentem mais confortáveis... No centro de tudo, como você deveria estar desde o início.

As duas tocaram com carinho as bochechas de Clara antes de desaparecerem novamente. A menina sentia o corpo todo tremer.

Caminhou até a nascente do Zéfiro e ajoelhou-se ali. Com as mãos espalmadas, tocou a terra fresca. Concentrou-se, sentindo uma força crescente em seu abdômen, como se algo a puxasse por ali.

El sentia como se fosse um receptáculo, seus poderes lhe diziam o que ela precisava fazer e ela era apenas o meio para que eles agissem. Ela ainda não os controlava, mas sentia que eles a estavam ajudando a trabalhar.

Suas tatuagens acenderam como luzes de Natal. Os olhos ficaram totalmente azul-escuros com pontos brancos muito brilhantes como um céu estrelado.

Troncos de madeira começaram a nascer do chão, grandes e fortes. Madeira começou a formar paredes e uma varanda com escadinhas. Vários troncos mais finos começaram a brotar rapidamente dos troncos, formando a estrutura poderosa de uma casa. Ferro líquido começou a correr pela hera, solidificando-se em alguns pontos e fortalecendo mais ainda a estrutura. Uma armação triangular alta se formou sobre o grande chalé já quase completamente formado.

O rosto da menina se virou em direção a praia, um vento poderosíssimo trouxe areia para o topo do chalé, os olhos de Clara tornaram completamente vermelhos como lava, fazendo com que a areia se queimasse. Água da nascente começou a espirrar, resfriando a mistura e transformando em um telhado de vidro resistente.

A menina sentiu o corpo desfalecer, a força sendo completamente drenada de toda a energia que sentira antes.

~~~

Clara acordou com Tobias e Quíron encarando-a. A luz do sol entregava que o almoço já tinha passado e que os dois deviam ter ido procurar por ela.

- O que aconteceu? – Ela perguntou.

Os dois respiraram aliviados, o menino ajudando-a a levantar com calma.

- Bem criança, você construiu seu chalé. – Quíron falou, indicando, surpreso, a construção a sua frente.

A menina encarou o maior chalé do acampamento. As paredes eram feitas de uma madeira escura, quase preta, hera subia pelas paredes. A varanda era decorada com folhagens e flores-de-âmbar. A porta era dupla, de madeira escura, com entalhes dourados desenhando uma enorme balança. Acima dela, o símbolo de uma estrela em chamas brilhava como se realmente estivesse acesa.

- Eu fiz tudo isso? – Ela perguntou, descrente.

- Aparentemente sim... Imaginamos que demandou de uma força que você ainda não estivesse acostumada, então desmaiou. – Tobias falou, apoiando o peso da menina sobre o ombro.

O menino ajudou Clara a se equilibrar de pé, a garota logo conseguindo se manter sozinha. Ela sorriu, agradecendo, mas sua expressão logo tornou-se séria novamente.

Com passos lentos, a menina subiu as escadas do chalé e abriu a porta com delicadeza.

O lado de dentro estava completamente vazio. Era grande como uma casa. Janelas se espalhavam pelas paredes, mas o que realmente fazia a luz entrar era o teto de vidro transparente. Ao fundo do chalé, a menina podia ver a única coisa que estava pronta: uma pequena lareira, com brasas queimando. Ela sorriu.

Passos atrás de si, indicavam que os outros dois a haviam seguido. Tobias soltou o ar pela boca, estupefato.

- Uau! – Ele deixou escapar.

- Está conectado a tudo. – A menina falou, finalmente entendendo todos os pontos. – Toda a minha essência construiu esse chalé, e estou conectada tanto à terra, quanto ao céu.

Clara caminhou até a lareira e abaixou-se de frente para ela.

- Eu lhe ofereço esse chalé como homenagem, Héstia.

As brasas pareceram queimar um pouco mais vívidas antes de finalmente voltarem ao normal. Os olhos da menina se voltaram para os dois.

- Quero que seja uma casa para os legados. – Ela falou, decidida.

- Os "o-que"? – Tobias falou, o rosto confuso, o olhar pulando da menina para Quíron.

- Legados. Filhos de semideuses com semideuses.

- Como sabe que eles existem criança? – Quíron perguntou, a mão passando pela barba espessa e bem aparada.

- Meus pais ficaram vivos por muito tempo... E poderiam ter tido filhos que seriam tão poderosos quanto eles, se não mais... E eles não podem escolher um chalé pra ficar. Eu os aceito como residentes desse chalé.

O rosto de Quíron pareceu se iluminar, um pequeno sorriso se abrindo em meio a barba.

- Muito benevolente de sua parte. E seus filhos? – O centauro perguntou com voz doce.

- Vão dividir o chalé com eles... Não pretendo ter muitos semideuses meus. – Ela falou, sentindo o rosto corar um pouco.

- Muito bem. Se essa é sua decisão, que assim seja. – O homem falou, deixando o lugar em silêncio, mas com o rosto suave.

A menina levantou-se e andou em direção a Tobias, abraçando-o.

- O que achou?

- É lindo! Lindo de verdade! – Ele falou, ainda olhando os detalhes do lugar.

- Vou precisar de ajuda para decorar... Colocar beliches, deixar ele pronto para os legados e os nossos semideuses. – A menina falou, o olhar percorrendo o espaço vazio.

- Nossos? – Tobias falou, finalmente a encarando com um sorriso nos lábios.

- Achou que eu queria ter filhos com quem? – Ela perguntou, com um sorriso sarcástico no rosto.

Ele a beijou demorada e lentamente, então a olhou nos olhos.

- Assim que estiver pronta, é só me avisar. – Ele falou.

- Mas é claro.

Black Amber || A Riordanverse StoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora