Capítulo 20: End Game

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Era como se o Tártaro sentisse que o fim se aproximava. O caminho, que devia ser escuro e complicado, ficou mais parecido com uma campina na primavera. Os ruídos de monstros estavam há quilômetros de distância de ambos os lados do grupo, como se estivessem dentro de uma redoma que não deixasse com que eles se aproximassem.

Percy lançavam olhares desconfiados para Clara o tempo todo.

Seu percurso com Annabeth havia sido um verdadeiro inferno. Os dois machucados, esgotados, tinham passado pelos piores apuros imagináveis e que nem mesmo veria em seus piores pesadelos, tudo isso mesmo estando acompanhados de um titã. Ele não conseguia entender o que Clara tinha de tão diferente, além do fato de os deuses a terem "salvo" o que, em tese, a tornava mais fraca até mesmo do que Bob com a mente nublada.

Damásen parou no que parecia o fim da planície onde caminhavam. O grupo colocou-se ao lado do gigante, olhando o caminho à frente. A planície se abria em um desfiladeiro descampado. Ao fundo, as Portas cresciam majestosamente, abrindo e fechando em curtos espaços de tempo, um brilho vermelho vivo emanava delas como em uma névoa.

- Então? – O gigante perguntou, dirigindo-se a Clara.

- Vamos. – Ela falou, em meio a um suspiro.

Sentiu os olhos dos meninos pesando sobre suas costas. O grupo começou a descer pela encosta. Monstros eram vistos por todos os lados.

O coração de Tobias afundou no peito, a menina os estava levando para o meio de uma horda. Eles não teriam chance se os monstros decidissem atacá-los. Quando começaram a se aproximar do exército, o cheiro que as criaturas exalavam entrou pelo seu nariz, fazendo o estômago revirar.

Um desejo desesperado de fugir invadiu o corpo de Percy, seus membros tremiam incontrolavelmente. Uma coisa era entrar no meio de todos aqueles monstros coberto e protegido pela névoa de Akhlys, outra era se colocar ali apenas com espadas e flechas – mesmo que acompanhados de titãs, um gigante e um tigre dente – de – sabre.

Foi quando se aproximaram que a coisa mais estranha aconteceu. Os monstros paravam para olhá-los, apenas abrindo um caminho para que passassem. Gritos, rosnados, xingamentos e maldições foram dirigidos ao grupo, mais nenhum monstro tentava atacar.

Tobias já tinha a mão pousada no cabo de sua adaga, olhou os outros, todos com as mãos em suas armas, exceto Clara. Ele não entendia como a menina se mantinha tão firme naquele momento, a cabeça erguida, passando por entre manticores e dracaenas, os cabelos crespos lhe desciam pelas costas, a passada firme à frente do grupo, sem medo algum de que qualquer monstro pudesse sair do torpor de ódio em que estavam e atacá-la.

A verdade é que, por dentro e por fora, Clara estava devastada. De costas para os amigos, ela deixou algumas lágrimas escorrerem no rosto endurecido. De um lado e do outro, os insultos e maldições lhe doíam na carne, ela sabia o quanto isso era perigoso para os meios-sangues e as arai esvoaçando, com seus sorrisos terríveis, como abutres acima deles não a deixavam esquecer-se disso.

Já tinham atravessado metade da horda, quando a Equidna entrou na frente da menina, as feições completamente familiares de sua antiga babá.

- Ratinha... Eu sabia que não ia demorar muito para nos encontrarmos de novo.

A mulher aproximou a mão do rosto da menina, na intenção de tocar-lhe a face. Foi quando o monstro começou a berrar, a mão que tinha se aproximado da morena simplesmente começou a se incinerar, espalhando as chamas por todo o corpo.

Os monstros se afastaram um pouco mais do grupo, aos sussurros, enquanto o corpo da mulher se transformava em cinzas. Os semideuses não entenderam o que se passava. Foi então que um grito grave e ensurdecedor sobressaiu-se no meio da horda, fazendo o grupo parar e olhar, procurando sua origem.

Black Amber || A Riordanverse StoryOnde as histórias ganham vida. Descobre agora