Introdução

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A mulher— com uma aparência eterna de dezesseis anos— se levantou, andando levemente pelo quarto empoeirado.

Era estranho estar de volta para aquele quarto. O quarto em que se apaixonara centenas de vezes pelo homem que lhe fizera ser boa. Pelo homem que a mudou para melhor sem nem mesmo perceber. Pelo homem que deu a vida por ela. E mesmo morto, tinha conseguido o seu final feliz com a mulher que tanto amava.

O cabelo ondulado da mulher balançou em volta de seus ombros suavemente. Ela parou de andar brevemente, olhando seu reflexo no espelho sujo. Se lembrou das inúmeras vezes em que se arrumava para algo, observava o próprio reflexo e o seu amado a abraçava por trás, beijando o topo da cabeça dela com carinho.

Ela se lembrou de como aquilo amolecia o coração dela. De como o amor dele diminuia os traços de sua sociopatia. De como o amor dele curou a feridas dos grandes traumas que ela enfrentara desde... desde sempre.

O amor que ele depositava sobre ela, a salvou. Tirou boa parte da maldade e tresvas dela. Não todas, mas a grande maioria.

A mulher sorriu levemente, antes de continuar o caminho para a escrivaninha que tinha de frete para a janela.

Tocou com cuidado a planta da casa que ele tinha construído para ela em Tallahasse. Tinha lhe mostrado a planta da casa na noite anterior da morte dele. Ela se lembrou de como tinha sorrido e se emocionado. Da forma que fez amor com ele a noite toda, sem nunca se cansar do corpo dele.

Ela sorriu mais uma vez, seus olhos atentos pelo ambiente.

Abriu a primeira gaveta, pegando algumas folhas de papéis, que tinham um leve cheiro de humidade e mofo. Não tinha entrado ou mexido naquele quarto desde o dia da morte dele, era a primeira vez. Depois de cerca de quarenta anos, ela conseguira.

Ela segurou a caneta favorita dele com carinho, e observou o porta retrato com uma foto dos dois.

Ela colocou as folhas sobre a mesa, e inspirou lentamente, começando a escrever cada palavra com cuidado e sinceridade.















Nunca pensei que tomaria esse rumo.
Que iria ficar assim um dia. Vir para essas cidades, Forks, Mystic Falls, Nova Orleans...

Ou para o submundo.

Eu passei pela dor insuportável, perda, pelo amor, amizades... Por muito tempo me questionei se escolhi certo naquele dia. Se me transformar foi a escolha certa. Demorei para perceber que, mesmo se eu não quisesse, ia acontecer.

Amizades feitas e amores perdidos. A maioria das pessoas não tem a sorte de encontrar um amor, amor da sua vida. Eu encontrei dois. Familia perdida. Rejeição e medo. A vida não foi boa e linda. Teve mais dor do que sorrisos. Amei as pessoas certas no tempo errado. E as perdi.

Não me arrependo das decisões que tomei, mas a vida, o destino e Deus poderiam ter sido mais piedosos comigo. O caminho que as coisas levaram, foram os piores, mais dolorosos, sem um pingo de piedade. Eu também poderia ter sido melhor, mais bondosa. Entretanto, não pude.

Aprendam cedo. Ou você morre como herói ou vive o bastante para se tornar o vilão.(Pequeno aviso, pessoas as quais vão acompanhar minha vida. Eu vivi o bastante. Me tornei a vilã.)

Prestem atenção à minha humilde observação. Ao longo de minha jornada, não se apegem a ninguém. Não odeiem ninguém. Se eles morrerem, vão sentir ao menos uma pequena partícula que eu senti de dor.

Não me arrependo de que já fiz. Me arrependo de não ter conseguido salvar quem importava. A dor sempre estará aqui, atormentando e rasgando sua alma. Tem feridas que nem sempre se curam. Algumas delas, você simplesmente se acostuma com a dor.

Mas amem. Não tenha medo disso. Eu tive, e vão ver o que aconteceu comigo.

Tenham uma boa jornada comigo.

Com sinceridade,

Alice Hope Marshall.

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⏰ Dernière mise à jour : Feb 12, 2023 ⏰

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