- Deve ser algo urgente, para virem todos de uma vez, e deve ser muito serio. Porque todos na sala estavam tão tensos?
- Não sei, mas desconfio que o nosso pai, esconde alguma coisa de nós, nos últimos dias ele anda meio estranho. - mesmo Cólin sendo só um garoto, era mais inteligente que a maioria.

Mórdoc não sabia a resposta, e deixou aquilo de lado e fechou os olhos para dormir. Sabia que seu pai encontraria uma solução, pois ele sempre encontrava. Deitado, Mórdoc ficou imaginando seu treino que seria no dia seguinte e que faria testar suas novas habilidades como Degan.

- Boa noite, irmão. - disse Cólin.
- Boa noite. - respondeu já com a visão cansada, e adormeceu em poucos segundos, e durante o sono, um pesadelo que o deixava inquieto todas as noites, o fez suar aquela noite novamente.

Havia começado no início do mês e era sempre o mesmo pesadelo. Mórdoc estava caído no chão em meio a lama, monstros corriam para todos os lados, até que um veio em sua direção, agarrou sua perna e o arrastou, mas para seu alívio alguém o salvou, e Mórdoc não sabia quem era. Até o reconhecer, seu pai.

Quanto mais ele olhava em volta menos habitantes estavam vivos, na escuridão daquela noite chuvosa, ele via casas em chamas, gritos agonizantes que o fizeram cair ao chão novamente. Rerbot o pegou pelo braço o jogando em seu ombro.

- Não desista, você é nossa única esperança, sem você todos vamos morrer.

Mórdoc estava sem forças para lutar, até perceber que já não tinha ninguém mais vivo, apenas os dois, estavam de pé, e todos aqueles que ele conhecia estavam mortos.
Os dois estavam cercados por monstros de todos os lados, e como um sussurro, uma voz falou algo que Mórdoc não entendia no momento. Porem quando todos as criaturas horrendas atacavam ao mesmo tempo, ele acordava de seu delírio, sem saber o que acontecia de verdade.

Sufocado e sem ar ele se levanta, em meio às peles de caçadas de seu pai, e as palavras que o líder dos monstros diz ficam mais claras em sua mente, a cada fôlego expelido. Mas ele não ousaria as falar tais palavras. E como todas às vezes ele acordava assustado e com medo, mesmo que não admitisse essa fraqueza, o pesadelo sempre acabava da mesma forma e isso o deixava intrigado, e se perguntava se era uma visão do futuro. Como não tinha as respostas ele voltava a dormir logo em seguida.

Porem aquela noite era diferente, ele estava curioso para saber o que estaria acontecendo para seu pai estar tão preocupado.
Ele sem pensar duas vezes foi até a sala em vez de voltar a dormir e encontrou seu pai dormindo na poltrona da sala, e então ele viu os mapas e os rabiscos de seu pai, pelo ombro dele.
E devagar se aproximou, Rerbot estava de cabeça baixa, em um sono profundo.

Mórdoc se aproveitou do momento e começou a ler suas anotações as levando para a luz da lareira. E ao aproximar os papéis de seus olhos, ele notou um olhar o encarando.
- O que você pensa que esta fazendo? - seu olhar penetrante, fazia qualquer um sentir medo, naquele lugar iluminado apenas pela lareira ainda acessa.

Mórdoc levou um baita susto caindo para trás e queimando a ponta do dedo na brasa ainda quente.
- Aiiih - gemeu colocando o dedo na boca tentando amenizar a dor, nem que fosse mínima.

- Estava curioso para saber o que estava o deixando tão preocupado... - e antes que pudesse terminar sua frase, seu pai veio e tomou os papéis de sua mão bruscamente.

- Vá dormir, e deixe que eu faça o papel de líder de Arkedor - seus olhos o fuminavam.
Sem poder retrucar ele voltou ao quarto, olhando pela fresta da batente do quarto, vendo a expressão seria de seu pai que estava tão tenso quanto uma pedra.

Os Amaldiçoados - As Crônicas De GartheredWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu