Tinha chegado a pouco tempo na escola e estava organizando seu armário, ou pelo menos tentando. Ao terminar de pegar seus materiais, pegou o pequeno envelope em seu bolso e o fitou. Com suas duas mãos levemente trêmulas, segurava firmemente o papel. Cogitava a possibilidade de desistir.
– Deku-kun! Bom dia! – a voz animada de sua amiga, Uraraka, o despertou num pulo de seu pequeno transe.
– U-uraraka-chan! – exclamou, colocando a mão no peito pelo susto. – Bom dia, você me assustou.
– Desculpe – ela sorriu e logo em seguida desviou o olhar para o envelope que Midoriya segurava com tanta firmeza. – O que é isso? – perguntou com curiosidade.
O rosto de Midoriya ficou vermelho.
– Ah, n-não é nada! – gaguejou, escondendo o envelope atrás de si.
– Deku… – Uraraka comprimiu os olhos, o encarando com desconfiança. Izuku fez sua melhor cara de inocente, passando a mão atrás da nuca. Por fim, ela desistiu.
– Bom dia. – a voz calma de Shouto Todoroki soou baixa atrás de Izuku, o que fez o coração do esverdeado disparar pelo susto e pelo nervosismo. A presença de Todoroki era intimidadora, fazia com que Midoriya se sentisse ainda menor do que já era.
– Todoroki-kun! Bom dia! – Uraraka respondeu empolgada.
Midoriya se virou para olhá-lo, e como sempre, o bicolor estava perfeitamente lindo naquela manhã.
– B-bom dia, T-todoroki-kun – gaguejou tanto para falar que teve vontade de morrer. Todoroki o fitava sem nenhuma expressão, e ele só ficava cada vez mais nervoso.
– Tudo bem, Midoriya? – Todoroki perguntou. – Você tá vermelho.
Ouvir seu nome sendo proferido pela voz rouca do maior foi como um tiro no coração de Izuku.
– Tudo bem, sim – se esforçou para não gaguejar ao responder e acabar fazendo mais papel de idiota. Os dois se encaram por um momento, o suficiente para que Ochaco, que ainda estava do lado, se sentir constrangida.
– Vamos, Deku, a gente vai se atrasar – puxou o esverdeado pelo braço, despertando os dois do transe. – Você deveria vir logo também, Todoroki-kun!
E saiu pelo corredor, puxando Izuku até a sala de aula, deixando um bicolor com uma expressão confusa para trás.
•°O°•
Izuku contava os minutos para o horário do intervalo, pois seria sua única oportunidade: quando todos os alunos saíssem, ele iria, discretamente, colocar o bilhetinho na bolsa de Todoroki. Depois seria só esperar.
Ansioso, alternava seu olhar entre o relógio de parede e a nuca de Todoroki, que sentava algumas cadeiras em sua frente. Mal prestou atenção à aula.
Quando o som estridente do sinal soou indicando o início do intervalo, os alunos começaram a sair rapidamente da sala. Midoriya continuou sentado.
– Não vai vir, Deku-kun? – Uraraka perguntou.
– Pode ir na frente, Uraraka-chan, eu preciso fazer uma coisa. – disse, com toda a confiança do mundo e um olhar determinado.
Uraraka sabia que ele estava aprontando algo, mas confiava nele, então apenas assentiu e saiu.
Quando a sala finalmente ficou vazia, Izuku suspirou, se levantou e rapidamente foi até a mesa de Shouto, segurando a carta em suas mãos. Olhou ao redor, e ao verificar que não tinha mais ninguém na sala, enfiou o envelope na bolsa do bicolor e saiu correndo.
O que Midoriya não imaginava, é que ele não estava totalmente sozinho ali.
•°O°•
As aulas já haviam acabado, grande parte dos alunos tinham ido embora, só estava na escola aqueles que tinham alguma atividade para fazer em seus clubes. O clube de música não usaria a sala naquele dia, então Midoriya tinha escolhido aquele lugar para fazer o que precisava.
O esverdeado estava surpreso com sua própria coragem. O fato de ainda não ter desistido era algo novo para ele. Ter tomado a iniciativa de escrever o bilhete e colocá-lo na bolsa de Todoroki era um avanço, uma vitória.
Ele tinha escrito no bilhete para que Todoroki o encontrasse na sala de música no final das aulas para lhe dar a resposta de sua confissão. Sua lógica era que, se Shouto fosse rejeitá-lo – o que era muito provável –, que fosse num lugar vazio, sem mais ninguém para ver.
Andava para lá e para cá, observando os instrumentos. Tocou o acorde "dó" no teclado, fazendo o som ressoar pela sala. Sorriu em nostalgia, lembrando de quando tocava.
A porta foi aberta de supetão, fazendo um som alto que despertou Izuku de suas lembranças num pulo. Com o coração desenfreado e a face já corada, se virou para trás, esperando ver Todoroki na porta. Para sua surpresa, não era Shouto. Era Bagukou Katsuki.
– Kacchan…?
Midoriya estava tão confuso que não conseguiu nem dizer nada. Bakugou estava parado na porta, o encarando com uma expressão indecifrável.
Arregalou os olhos ao perceber que o loiro segurava sua carta em sua mão direita, um tanto amassada e com o envelope rasgado. Bakugou tinha lido sua carta.
– Heh, então é realmente verdade – Katsuki fechou a porta atrás de si e começou a caminhar na direção do menor, que recuava a medida que o outro se aproximava. Como um animal e sua presa. Não demorou muito até que Midoriya acabasse encostando na parede, sem ter pra onde fugir. – Você realmente está apaixonadinho pelo meio a meio.
– Kacchan, eu… – Midoriya não sabia o que dizer. Não sabia o que Katsuki queria ou o que ele ia fazer. O loiro sempre foi muito imprevisível e impulsivo.
– Sabe, Deku… – apoiou o braço direito na parede, ao lado da cabeça de Midoriya. – eu poderia ferrar sua vida por causa dessa cartinha de merda, mas eu não vou fazer isso.
A este ponto, Midoriya já não estava entendendo mais nada.
– Eu vou te devolver ela, mas com uma condição.
– Uh… Qual? – perguntou, arqueando uma sobrancelha.
– Eu quero que você me ajude a entender… – hesitou por um momento, com o rosto adquirindo uma coloração vermelha – o que eu sinto por uma pessoa.
– Quê?
– Você escutou, porra – Bagukou estava totalmente desconcertado.
– Uh, tá bom...
Izuku sabia que não devia fazer promessas por impulso, mas ele realmente só queria sair dali o mais rápido possível.
– Certo. – colocou o envelope todo amassado na mão de Izuku e se afastou. – Desculpa por ter amassado.
– Ah – fitou o papel em mãos. Com tudo que havia acabado de acontecer, Deku já nem sabia se teria coragem para tentar de novo.
Ouviu a porta se fechar num baque – Katsuki parecia não ser capaz de ser silencioso nem mesmo ao abrir ou fechar uma porta – e percebeu que o loiro já tinha ido embora sem ao menos se despedir. Suspirou e sentiu uma leve irritação com o maldito Bakugou.
Que garoto idiota! Tinha ferrado completamente seus planos, o assustou daquela forma e ainda teve ousadia de lhe pedir um favor! E o pior, Izuku ainda havia concordado!
– Que merda de vida – praguejou e guardou a carta amassada no bolso.
Saiu da sala praguejando baixo e decidiu voltar logo para casa.
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Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo :D
Eu vou tentar postar os capítulos duas vezes por semana: às quartas e sábados
É isso, tchaaau
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Como Se Declarar Para o Paquera
FanfictionMidoriya já não podia mais esconder a paixão que nutria por Todoroki, seu colega de classe; então numa noite de domingo, ele decide recorrer a ajuda dos tutoriais de internet. Cumprindo dica por dica, ele será capaz de finalmente se declarar?
01. Escreva um bilhete!
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