01. Escreva um bilhete!

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Tinha chegado a pouco tempo na escola e estava organizando seu armário, ou pelo menos tentando. Ao terminar de pegar seus materiais, pegou o pequeno envelope em seu bolso e o fitou. Com suas duas mãos levemente trêmulas, segurava firmemente o papel. Cogitava a possibilidade de desistir.

– Deku-kun! Bom dia! – a voz animada de sua amiga, Uraraka, o despertou num pulo de seu pequeno transe.

– U-uraraka-chan! – exclamou, colocando a mão no peito pelo susto. – Bom dia, você me assustou.

– Desculpe – ela sorriu e logo em seguida desviou o olhar para o envelope que Midoriya segurava com tanta firmeza. – O que é isso? – perguntou com curiosidade.

O rosto de Midoriya ficou vermelho.

– Ah, n-não é nada! – gaguejou, escondendo o envelope atrás de si.

– Deku… – Uraraka comprimiu os olhos, o encarando com desconfiança. Izuku fez sua melhor cara de inocente, passando a mão atrás da nuca. Por fim, ela desistiu.

– Bom dia. – a voz calma de Shouto Todoroki soou baixa atrás de Izuku, o que fez o coração do esverdeado disparar pelo susto e pelo nervosismo. A presença de Todoroki era intimidadora, fazia com que Midoriya se sentisse ainda menor do que já era.

– Todoroki-kun! Bom dia! – Uraraka respondeu empolgada.

Midoriya se virou para olhá-lo, e como sempre, o bicolor estava perfeitamente lindo naquela manhã.

– B-bom dia, T-todoroki-kun – gaguejou tanto para falar que teve vontade de morrer. Todoroki o fitava sem nenhuma expressão, e ele só ficava cada vez mais nervoso.

– Tudo bem, Midoriya? – Todoroki perguntou. – Você tá vermelho.

Ouvir seu nome sendo proferido pela voz rouca do maior foi como um tiro no coração de Izuku.

– Tudo bem, sim – se esforçou para não gaguejar ao responder e acabar fazendo mais papel de idiota. Os dois se encaram por um momento, o suficiente para que Ochaco, que ainda estava do lado, se sentir constrangida.

– Vamos, Deku, a gente vai se atrasar – puxou o esverdeado pelo braço, despertando os dois do transe. – Você deveria vir logo também, Todoroki-kun!

E saiu pelo corredor, puxando Izuku até a sala de aula, deixando um bicolor com uma expressão confusa para trás.

•°O°•

Izuku contava os minutos para o horário do intervalo, pois seria sua única oportunidade: quando todos os alunos saíssem, ele iria, discretamente, colocar o bilhetinho na bolsa de Todoroki. Depois seria só esperar.

Ansioso, alternava seu olhar entre o relógio de parede e a nuca de Todoroki, que sentava algumas cadeiras em sua frente. Mal prestou atenção à aula.

Quando o som estridente do sinal soou indicando o início do intervalo, os alunos começaram a sair rapidamente da sala. Midoriya continuou sentado.

– Não vai vir, Deku-kun? – Uraraka perguntou.

– Pode ir na frente, Uraraka-chan, eu preciso fazer uma coisa. – disse, com toda a confiança do mundo e um olhar determinado.

Uraraka sabia que ele estava aprontando algo, mas confiava nele, então apenas assentiu e saiu.

Quando a sala finalmente ficou vazia, Izuku suspirou, se levantou e rapidamente foi até a mesa de Shouto, segurando a carta em suas mãos. Olhou ao redor, e ao verificar que não tinha mais ninguém na sala, enfiou o envelope na bolsa do bicolor e saiu correndo.

O que Midoriya não imaginava, é que ele não estava totalmente sozinho ali.

•°O°•

As aulas já haviam acabado, grande parte dos alunos tinham ido embora, só estava na escola aqueles que tinham alguma atividade para fazer em seus clubes. O clube de música não usaria a sala naquele dia, então Midoriya tinha escolhido aquele lugar para fazer o que precisava.

O esverdeado estava surpreso com sua própria coragem. O fato de ainda não ter desistido era algo novo para ele. Ter tomado a iniciativa de escrever o bilhete e colocá-lo na bolsa de Todoroki era um avanço, uma vitória.

Ele tinha escrito no bilhete para que Todoroki o encontrasse na sala de música no final das aulas para lhe dar a resposta de sua confissão. Sua lógica era que, se Shouto fosse rejeitá-lo – o que era muito provável –, que fosse num lugar vazio, sem mais ninguém para ver.

Andava para lá e para cá, observando os instrumentos. Tocou o acorde "dó" no teclado, fazendo o som ressoar pela sala. Sorriu em nostalgia, lembrando de quando tocava.

A porta foi aberta de supetão, fazendo um som alto que despertou Izuku de suas lembranças num pulo. Com o coração desenfreado e a face já corada, se virou para trás, esperando ver Todoroki na porta. Para sua surpresa, não era Shouto. Era Bagukou Katsuki.

– Kacchan…?

Midoriya estava tão confuso que não conseguiu nem dizer nada. Bakugou estava parado na porta, o encarando com uma expressão indecifrável.

Arregalou os olhos ao perceber que o loiro segurava sua carta em sua mão direita, um tanto amassada e com o envelope rasgado. Bakugou tinha lido sua carta.

– Heh, então é realmente verdade – Katsuki fechou a porta atrás de si e começou a caminhar na direção do menor, que recuava a medida que o outro se aproximava. Como um animal e sua presa. Não demorou muito até que Midoriya acabasse encostando na parede, sem ter pra onde fugir. – Você realmente está apaixonadinho pelo meio a meio.

– Kacchan, eu… – Midoriya não sabia o que dizer. Não sabia o que Katsuki queria ou o que ele ia fazer. O loiro sempre foi muito imprevisível e impulsivo.

– Sabe, Deku… – apoiou o braço direito na parede, ao lado da cabeça de Midoriya. – eu poderia ferrar sua vida por causa dessa cartinha de merda, mas eu não vou fazer isso.

A este ponto, Midoriya já não estava entendendo mais nada.

– Eu vou te devolver ela, mas com uma condição.

– Uh… Qual? – perguntou, arqueando uma sobrancelha.

– Eu quero que você me ajude a entender… – hesitou por um momento, com o rosto adquirindo uma coloração vermelha – o que eu sinto por uma pessoa.

– Quê?

– Você escutou, porra – Bagukou estava totalmente desconcertado.

– Uh, tá bom...

Izuku sabia que não devia fazer promessas por impulso, mas ele realmente só queria sair dali o mais rápido possível.

– Certo. – colocou o envelope todo amassado na mão de Izuku e se afastou. – Desculpa por ter amassado.

– Ah – fitou o papel em mãos. Com tudo que havia acabado de acontecer, Deku já nem sabia se teria coragem para tentar de novo.

Ouviu a porta se fechar num baque – Katsuki parecia não ser capaz de ser silencioso nem mesmo ao abrir ou fechar uma porta – e percebeu que o loiro já tinha ido embora sem ao menos se despedir. Suspirou e sentiu uma leve irritação com o maldito Bakugou.

Que garoto idiota! Tinha ferrado completamente seus planos, o assustou daquela forma e ainda teve ousadia de lhe pedir um favor! E o pior, Izuku ainda havia concordado!

– Que merda de vida – praguejou e guardou a carta amassada no bolso.

Saiu da sala praguejando baixo e decidiu voltar logo para casa.

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Espero que tenham gostado desse primeiro capítulo :D

Eu vou tentar postar os capítulos duas vezes por semana: às quartas e sábados

É isso, tchaaau











Como Se Declarar Para o PaqueraWhere stories live. Discover now