Capítulo 5

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(CAPÍTULO DE MINHA AUTORIA)

Alice continuou a deambular por florestas durante semanas, sem nunca se aproximar demasiado das povoações. Cada vez que precisava matar para se alimentar ela tinha visões das famílias das vítimas a lamentarem-se pelas suas perdas. Isso trazia-lhe muita tristeza. Faziam-na sentir como um monstro mais do que tudo o resto.

Num dia de verão, uns 4 meses depois de ter sido criada, Alice estava a caminhar junto à margem de um rio quando apanhou o odor a humanos. Mais uma vez, não se conseguiu controlar e seguiu os seus instintos predatórios, correndo velozmente rio abaixo. Quando os viu, reparou que eram dois rapazes novos, um ainda era uma criança, pareciam irmãos. Estavam sentados na margem do rio a pescar e a rir. Alice caiu em cima do mais velho e rapidamente o esvaziou. A criança só teve tempo para um breve grito antes que Alice o atacasse, cravando os dentes no seu pescoço macio. Embrenhado na sua refeição, Alice não percebeu que outro humano se aproximava. Ele chamou pelo que deveriam ser os nomes dos rapazes, provavelmente os seus filhos, mas parou abruptamente quando Alice ergueu a cabeça, sangue a pingar da sua boca. Eles se olharam durante um segundo inteiro, imóveis. Foi então que Alice teve uma visão deles os três, de uma mulher e uma pequena menina que mal sabia andar junto a uma tenda na floresta, preparando uma refeição, brincando e rindo felizes. O homem recuperou do choque de alguma forma externou inutilmente tentar afastar Alice dos corpos dos seu filhos atirando pedras. Alice não queria mas foi mais forte do que ela e ela se atirou sobre o homem, partindo os seus ossos no impacto e se aumentando novamente. Enquanto bebia o sangue teve outra visão. Viu a mulher com a menina ao colo a encontrar os corpos dilacerados do seu companheiro e dos seus filhos junto ao rio. A sua dor era insuportável, ela e a criança choravam de tristeza, choque, pânico... Era demais para Alice. Ela deixou cair o corpo do homem já morto no chão mas sem o terminar, enojada consigo mesma. "Talvez seja melhor ela não os encontrar assim", pensou Alice, agarrando nos corpos e os atirando para o rio, deixando que a corrente os arrastasse. Outra visão veio. A mulher e a criança vagavam pela floresta e junto ao riacho chamando o nome das três pessoas que amavam e que nunca mais veriam. Elas pareciam perdidas, talvez já há alguns dias pelo aspecto das suas roupas. Um lobo surgiu a uns metros delas. A mãe apertou a menina nos braços, completamente assustada. Outro lobo apareceu atrás delas, e mais outro. Uma pequena matilha se preparava para atacar as duas indefesas humanas. A mulher soluçando abraçou a pequena com ainda mais força para a proteger nos seus braços frágeis, mas de nada serviu quando todos os lobos as atacaram simultaneamente. Alice voltou ao presente ainda com os seus gritos a ecoarem na cabeça. O destino delas seria pior se Alice se afastasse agora por isso ela cedeu aos seus instintos novamente, quase intrometida pela tristeza do que tinha visto, do que tinha feito e do que iria fazer. Ela as encontrou a fazer uma fogueira perto da tenda. Elas nem perceberam o que aconteceu de tão rápido que foi o ataque.

Alice fugiu para as montanhas, para o mais distante possível dos humanos. Ela queria chorar mas não conseguia. Sentia-se tão infeliz e sozinha. Um monstro sem ninguém. Tentou se magoar atirando-se contra grandes rochas mas nada sentiu para além das pedras se transformarem em pó debaixo de si. O desespero era tão grande que ela se aninhou em posição fetal e ficou assim durante dias.

A fome era imensa mas Alice se obrigou a ficar ali, naquela posição. Esperava morrer de fome mas começava a desconfiar que tal era impossível. Até que uma visão se formou na sua cabeça. Ela viu três homens e duas mulheres a correrem velozmente numa floresta. Eles eram a coisa mais linda que ela tinha visto, com exceção do estranho loiro com quem ela já tinha tido visões antes. Eles estavam a rir enquanto corriam. Finalmente pareciam ter alcançado o seu objectivo: um bando de alces que pastavam sossegados numa clareira. Eles saltaram habilmente sobre os animais e, sem derramarem uma gota de sangue nas suas roupas claras, alimentaram-se de uma dúzia deles.

"Eles bebem sangue animal...Eles bebem sangue animal!" - disse entusiasmada Alice depois de voltar ao presente. A sua primeira refeição nesta nova vida tinha sido uma ursa mas depois de beber sangue humano nunca mais voltara a pensar nisso como uma possibilidade! Se aquele grupo de vampiros (tinham de ser vampiros como ela!) se alimentava de animais ela também podia consegue! Ela não ia precisar matar mais humanos!

Uma chama de esperança se acendeu no lugar onde uma vez batera o seu coração.

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OBRIGADA POR LEREM ATÉ AQUI. DECIDI ACRESCENTAR PELO MENOS DOIS CAPÍTULOS DA MINHA AUTORIA PARA CONTEXTUALIZAR. A AUTORA DESTA FANFIC NÃO ABORDA PARTE DA VIDA DA ALOCE QUE ACHO INDISPENSÁVEL  PARA A DEFINIÇÃO DA SUA PERSONALIDADE. COMO TAMBÉM NÃO QUERO MODIFICAR MUITO A ESSÊNCIA DA HISTÓRIA DA AUTORA OS CAPÍTULOS VÃO SER O MAIS CONCISOS POSSÍVEL. ESPERO QUE TENHAM GOSTADO DESTE.

A Segunda Chance de Alice e Jasper - terminadaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora