Ele me puxa pelo braço, acabando com a distância entre nós e o carro e abre o porta-malas. Em seguida, tira uma venda do bolso da calça jeans.

- Por que estão fazendo isso? - pergunto num fiapo de voz.

- Só estamos cumprindo ordens. - ele suspira. - Sem mais perguntas, tudo bem? - balanço a cabeça, concordando.

O homem se posiciona atrás de mim e, após murmurar o que perece um pedido de desculpa, cobre meus olhos com a venda. Depois me ajuda a entrar no porta-malas, onde me deito encolhida.

Sem saber o que esperar, fico quieta. Josh tinha razão. Qualquer tentativa de fuga estaria fadada ao fracasso. O máximo que conseguiríamos seriam algumas perfurações espalhadas pelo corpo.

O barulho a seguir indica que estamos na estrada. Estou sendo levada a algum lugar, mas onde? Por quê? Por quem? "Só estamos cumprindo ordens", o homem disse, mas ordens de quem?

Sozinha, presa, no escuro, começo a rezar baixinho, pedindo aos Céus que nos livrem dessa. Ainda temos tanto o que viver... Nossa história não pode acabar assim.

Depois do que parece ser uma eternidade, o carro para. Meu coração bate tão forte que sinto medo de ter um ataque. A agonia se torna ainda maior quando o porta-malas se abre e sinto mãos me puxarem pra fora. Ainda com a venda nos olhos, sou guiada por um caminho. Ninguém diz uma palavra.

Durante o percurso ouço passos, barulho de chaves e portas se abrindo. De repente, a pessoa ao meu lado para. A venda é removida, permitindo que eu abra os olhos. Vejo o mesmo homem encapuzado a minha frente.

- Vou te soltar das algemas, - ele diz calmamente. - mas se tentar alguma gracinha, sofrerá as consequências. Estamos entendidos? - não respondo. Apenas concordo, balançando a cabeça.

Me viro e ele tira uma pequena chave do bolso, que usa para soltar meus braços. Sinto uma sensação de alívio. Meus pulsos estavam ficando doloridos.

- Onde está o Josh? - pergunto. Tenho medo da resposta, mas preciso saber.

- Estará aqui em breve. - o homem responde, enquanto abre uma mochila. - Ele deu certo trabalho aos meus parceiros, então estão um pouco atrasados. Parece que o seu namorado é mesmo bom no que faz. - ele pega duas sacolas e me entrega.

- O que é isso?

- Tem toalha, roupas limpas e produtos de higiene pessoal. Há um banheiro atrás daquela porta. - aponta. - Pode usar quando quiser. O quê? - pergunta, provavelmente pela expressão confusa em meu rosto. - Não é porque te sequestramos que precisamos de tratar mal.

- Hm... Obrigada, eu acho. - digo, sem acreditar em minhas próprias palavras. Estou mesmo agradecendo pelo mínimo de humanidade? - Então é mesmo um sequestro. - constato. - Escuta, eu posso dar o que vocês quiserem, tá? É só dizer. Eu preciso ir embora. Tem milhares de pessoas me esperando nesse exato momento...

- Não é assim que as coisas funcionam.

- Como não? Você mesmo disse. É um sequestro. Significa que querem dinheiro, certo? - olho pra ele. - Basta dizer o quanto. De verdade, não me importo com isso. Te dou todas as minhas senhas bancárias se quiser. Só nos deixe ir.

- Acredite em mim, é uma proposta tentadora. - o homem cruza os braços sobre o peito. - Mas sou só um subordinado aqui. Como eu disse, estou apenas seguindo ordens. Se eu não topasse o serviço, outro toparia. E vai por mim, nem todo mundo é tão legal assim.

- E por que está sendo tão legal?

- Eu tenho família, moça. Uma mãe doente, um irmão viciado e uma irmãzinha pra cuidar. Não estou nessa vida porque quero, pode ter certeza. - diz com certo pesar. - Só não quero que pense que sou um monstro. - engole em seco. - Como eu disse, seu namorado chega logo. Enquanto se comportarem, serão bem tratados, mas se pisarem na bola...

- Tudo bem, eu já sei. Nada de gracinhas. - concordo.

- Isso aí. - ele caminha em direção a porta. - Bata na porta caso sinta fome. Darei um jeito de trazer alguma coisa.

E mais uma vez, me vejo sozinha, sem saber o que sentir ou pensar. Não acredito que fui sequestrada. Que grande merda! Pergunto-me se alguém já deu pela nossa falta. Imagino que sim, visto que, por meio de um relógio de parede, noto que passa das onze. Meu show deveria estar começando neste exato momento.

Sem ter o que fazer, reparo ao redor. Estou em um quarto mediano, de paredes e piso cinza. Há um colchão de casal no chão, com alguns travesseiros e cobertores. Além disso, há uma pequena mesa e duas cadeiras. Nada mais. Sigo até o banheiro que o homem havia indicado. É bem pequeno. Possui uma ducha, vaso sanitário, a pia e um espelho. Respiro fundo, um pouco aliviada. A situação podia ser bem pior, afinal.

Ouço a porta ser destrancada e volto ao quarto numa velocidade absurda. Chego a tempo de ver os outros dois homens entrando com Josh, carregado, e colocando-o sobre o colchão. Ele está desacordado, o nariz sangra e há vários hematomas em seu rosto.

- O que fizeram com ele? - pergunto, totalmente alterada. Parto pra cima de um deles, desferindo socos em seu peito. - O que fizeram com ele? - insisto. O homem me pega pelos braços e imobiliza como se eu não fosse nada. O outro dá risada. Sinto o ódio me consumir.

- Acho bom a madame ficar quietinha. - ele diz contra o meu rosto. Mesmo através do capuz, o hálito quente atinge minha pele. - Não quer acabar como o seu namoradinho, quer?

Tomada pela raiva, o pego desprevenido e acerto uma joelhada bem no meio de suas pernas. O brutamontes me solta num segundo e se contrai, gemendo de dor. O comparsa solta uma gargalhada.

- Desgraçada! - diz com dificuldade, tentando recuperar a postura. - Você tem muita sorte por não podermos tocar em você.

- Ei, já chega, amigão. - o outro diz, ainda rindo. - Acho que você falou demais. É hora de darmos o fora daqui. - ele puxa o parceiro pelos ombros, guiando-o até a saída. - Bons sonhos, princesa! - diz antes de trancar a porta novamente.

Your Love Saved Me • BeauanyWhere stories live. Discover now