Capítulo 29 - O que eu fiz...

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O impacto com o chão é forte, e tenho certeza que perdi a consciência em algum momento.

Quando percebo que voltei a ficar acordada, mexo meus braços e pernas apenas para ver se eu ainda consigo me mover. Estou dolorida, mas ainda estou sentindo e mexendo meus pés e mãos. E em minha mão ainda tenho a minha espada.

Enfio a ponta da espada no chão de terra para tentar me erguer. Tive que fazer um esforço descomunal em meus braços para levantar. Mal consigo abrir o olho, mas faço e olho para meu corpo, e não tem nenhum ferimento grave demais.

Minhas pernas ainda estão instáveis, mas, mesmo assim, dou o primeiro passo.

Uma onda de água quebra de lado, me fazendo desequilibrar e cair. De onde essa água tinha vindo? Ainda tem pessoas com domínios?

Ergo o olhar e a cena que vi diante de mim é assustadoramente linda.

Nuvens de elementos voam em todas as direções. Saindo dos fragmentos dos cristais que jaziam quebrados ao chão, todo o tipo de magia pulsava para fora numa forma física.

Só consigo descrever aquilo como se todos os desastres naturais atacando de uma só vez.

Não sinto mais nenhum resquício de magia em meu corpo, tento usar qualquer domínio e não tenho o menor sucesso. E, quando os elementos que eu era tão acostumada, me atingem, machucam.

Um grito escapa da minha garganta quando algumas gotas de lava que vieram dos céus aterrissam em meu braço, queimando tecido e os pelos que ali existiam. O cheiro de carne e cabelo chamuscados me reviram o estômago.

Rolo ainda no chão algumas vezes ainda para me esquivar dos elementos. Ao ficar de pé, tenho em mãos a minha boa espada, ainda com a lâmina afiada. Minha mente está esgotada e não sei se consigo me situar no meio de toda aquela confusão.

Naquele momento, não havia lado inimigo ou aliado, haviam apenas pessoas desviando de magia e se preocupando em não morrer. Cada rosto ali está tão preocupado consigo mesmo que não se importam de passar por cima das pessoas que já estão no chão.

Mas não consigo fazer o mesmo. Meu olhar abaixa constantemente, buscando um rosto conhecido desfalecido, fico torcendo para que não encontrar ninguém.

Porém, não tenho sorte, e quando vejo aquele homem caído no chão, meu coração aperta tanto que sinto que poderia morrer.

Adam está no chão, de barriga para cima e ao me aproximar, percebo um corte considerável em sua perna. O sangue está fluindo para fora vermelho e rápido. Sem pensar duas vezes, me jogo ao seu lado, deixando minha espada para trás e com cuidado para não mexer demais seu ferimento.

— Adam?! — ele mexe a cabeça, acho que reconhecendo minha voz, mas não abre os olhos.

Meus joelhos começam a umedecer com o sangue dele e tenho que fazer algo pra diminuir esse sangramento. Minha camisa tem um rasgo considerável na ponta, então puxo o tecido para o lado, separando um pedaço longo de tecido.

Com cuidado, levanto sua coxa e passo o pano por baixo, amarrando logo em seguida o tecido acima do corte profundo. Mais sangue escorre e quando estou apertando o nó naquele torniquete improvisado, Adam resmunga alto e abre os olhos.

— Você vai ficar bem... — digo mais pra mim do que pra ele, e acaricio o seu rosto que já está bem mais pálido. Aperto ainda mais o cinto em sua perna e ele me responde com um grito de desespero. — Desculpa...

— Eu não vi aquela maldita explosão... — seus olhos recaem sobre os meus. Sua voz está ainda mais rouca por conta do esforço.

Terra começa a tremer ao nosso redor enquanto os elementos continuam a correr em todas as direções. Um raio cai a poucos metros de onde estávamos.

O Décimo DomínioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora