CAPÍTULO 1 - Susan

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Eu não tinha a mínima noção do que ela estava falando. Não sabia sobre fotos, não sabia sobre planos. Olhando por cima do ombro de Ada, eu pude ver Susy em pé cobrindo um pequeno sorriso enquanto observava nós duas com aquele ar de satisfação tão bem conhecido por mim. Então soube, era mais um dos seus planos, só que dessa vez o problema envolvia uma suposta amante, no caso eu.

- Não faço ideia do que você está falando, Ada. Não dormi com seu pai! - Digo em um tom tranquilo e controlado, ao mesmo tempo que me levanto do banco do refeitório para tentar acalmar a situação. - Eu nunca cheguei sequer a conhecer o seu pai, como poderia ter me envolvido com ele?

- É tudo mentira! Você acha que eu vou cair nesse papinho de garotinha tímida?! Quem não te conhece que te compre. Agora você não passa de uma puta que destruiu minha família. - Comentou de maneira exasperada, pegando minha bandeja e jogando-a para fora da mesa com tudo. O barulho do metal se chocando ao chão era o único som do refeitório, se duvidar da escola inteira. Todos prestavam atenção na nossa conversa agora, até alguns professores. Quando o assunto era fofoca quente, recém saída do inferninho mais próximo, nem mesmo o mais puro dos homens escapava da notícia bombástica. Vida ingrata!

- Eu não tenho culpa de nada, Ada. Você está totalmente equivocada. Pergunte ao seu pai e ele pode desmentir essa história toda.

- Desmentir essa história toda? - Ela abriu sua bolsa de grife, pegou fotos e as atirou em cima de mim. - Desmente essas fotos agora, Susan.

Nas fotos, uma garota de lingerie beijava um homem, que eu supus ser o pai dela, calorosamente em um quarto de motel barato. Não precisava ser um gênio para saber que a garota nas imagens não era eu e, sim, Susany. Dei um sorriso de escárnio.

- Você diz ser amiga da minha irmã, mas não consegue diferenciar nós duas em umas simples fotos? - Levantei a sobrancelha de modo irônico.

- E você continua achando que eu vou cair nesse seu papinho? Como ousa difamar a imagem da sua irmã assim, que sempre só quis seu bem?

- Nunca pensei que você fosse capaz de uma coisa dessas, Susan. Destruir uma família e ainda colocar a culpa em mim? - Susy finge uma inocência que não possui, aproximando-se de nós duas e secando uma suposta lágrima imaginária. - Eu só quero o seu bem, irmãzinha.

Chegava a ser hilário toda a situação. Eu já sou expert nesse tipo de coisa, mas, mesmo assim, continuo impressionada com a capacidade de Susany para tentar estragar minha sutil existência. Contudo, vulgo dizer que agora ela pegou bem pesado com a história. Será possível que ninguém conseguia ver a verdadeira faceta daquela cobra que eu chamo de irmã?

- Eu poderia estragar tudo isso que você chama de cara, - Ada começou - mas para sua sorte, eu tenho dignidade, até com pessoas do seu tipo.

Nesse momento, Ada pegou um copo de suco de uva da garota antes sentada ao meu lado e jogou o conteúdo em cima de mim, arrancando sorrisos de todo o refeitório e, infelizmente, do meu amado Derek também.

- Vamos embora daqui, antes que eu mude de ideia e acabe com essa rata imunda!

Ada, Susy e Lucile me deram as costas e rumaram para fora do prédio, enquanto eu seguia estagnada no mesmo local. E, como passe de mágica, todo o refeitório começou a repetir as ultimas palavras de Ada, me chamando de rata imunda. Eu só queria desaparecer como sempre acontecia nesse tipo de situação. Sentia-me tão inferior, tão humilhada, olhando para todos aqueles rostos sorrindo, me acusando por algo que eu nunca faria nem nessa vida, nem na outra. O pior foi ver, dentre todas as pessoas, o próprio Derek se divertindo com toda a situação na sua roda de amigos.

Com lágrimas nos olhos, peguei a mochila do chão e rumei para fora da escola, para fora da vida de toda aquela gente.

Na medida que pedalava desesperada com minha bicicleta entre as ruas da cidade para os braços do meu melhor amigo, também conhecido como meu pai, as lágrimas nublavam minha visão e senti a tão familiar sensação de ser seguida. Obviamente, eu achava que tudo não passava de neurose da minha cabeça, visto que, como papai sempre comenta, "é apenas instinto ou sexto sentido feminino".

As Damas de (Des)HonraWhere stories live. Discover now