Meu Oppa.

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Admito, eu amava o Mark. Mas era impossível ficarmos juntos.

Sabe quando você descobre que sente algo a mais por aquele garotinho que te acompanhou desde a infância? Aquele melhor amigo que te ajudava a acobertar todas as burrices e confusões que vocês faziam e, que te levava de carona em sua bicicleta?

Eu e Mark éramos assim. Como unha e carne. Onde um estava o outro se encontrava também.

Um exemplo foi quando Mark resolveu querer fugir de casa, e eu boba apaixonada fui junto. Nossas mães ficaram furiosas, mas a minha entendeu que eu senti a necessidade de cuidar do meu amigo. Afinal, ele era como meu irmão.

  Existem tantos tipos de amigos, Mark poderia ser um amigo comum, daqueles que você conta seus segredos e ele conta os dele sem medo de que algum dia tais coisas se virem contra si mesmos.

  Ou então como aqueles amigos que apenas aparecem de vez em quando, mesmo que por um momento para te causar uma boa lembrança. Um amigo que é apenas amigo, e que não faz você se iludir a ponto de se apaixonar.

Mark sempre foi mais amigável que eu, sempre muito simpático, inteligente e bonito. Era um atleta que orgulhava o colégio, nosso time passou a vencer todas as partidas quando ele assumiu de capitão. Mas como não só de beleza vive um ser humano, meu amigo era um pouco "galinha".

Perdi as contas de todas as vezes que Mark me contou sobre uma nova garota que ele gostava. E em alguns casos, das garotas que ele gostava e ficava.

Se me magoava? Magoava muito, mas muito mesmo. Magoava por eu saber que todas elas não eram eu, que elas não teriam a culpa de estar beijando um irmão. Magoava por todas elas serem melhores que eu.

– Ah, Hae... – disse Mark deitado em minha cama, me olhando estudar – Eu não aguento mais ficar sozinho.

Naquela tarde, Mark chegou estranho do colégio, dizendo que sentia algo diferente, que nunca tinha sentido antes e que não conseguia ver graça em garota alguma no colégio.

– Ninguém mandou passar o rodo em todas. – eu ri – Essas coisas acontecem.

– Eu não fiquei com tantas assim... foram apenas umas doze. – ele bufou.

Estava quente naquele dia e Mark estava incomodado por não parar de pingar suor, de repente, quando dei por mim, o vi tirar a camiseta e se sentar de frente para o ventilador no chão do quarto.

Aquela visão era uma maravilha para os meus olhos, meu garotinho tinha crescido tanto desde que entrou para o time. Meu Deus, eu ficava babando por aquele garoto e não sabia disfarçar.

– O que foi, Hae? – Mark perguntou balançando a mão na frente do meu rosto.

– Hein? – Eu quase gritei – Nada. Não foi nada. Eu só achei ter lembrado de algo importante, mas deixa pra lá.

Disfarcei endireitando meus óculos no lugar, e voltando a olhar para o livro que eu estava segurando sem a menor vontade de ler.

– É mentira. – Mark disse ainda no chão – Isso me "cheira" à amor. Está gostando de alguém, baby?

Odiava quando ele me chamava assim, me enlouquecia. Mas fingia que não me afetava.

– Não. – larguei o livro em baixo do meu travesseiro e me debrucei por cima da cama, de modo à alcançar seu pescoço facilmente – Sabe que ninguém consegue atingir meu ideal, oppa. Pare de imaginar bobagens. – lhe dei um beijo na bochecha.

– Eu não sei seu ideal, você nunca me contou. – Mark disse manhoso, era um chantagista nato.

– Claro que contei. – Eu retruquei.

– Me diga de quem você gosta, Hae. Quem sabe eu possa ajudar a juntar vocês.

Mark se virou, apoiando-se debruçado na ponta da cama, à me encarar de maneira fofa.

– Não pode me ajudar, Mark. – eu disse triste, ele não podia mesmo.

– Por quê não? – ele sorriu.

Nossos rostos estavam tão próximos, eu sentia vontade de dizer "porque o cara que gosto é você, seu idiota" e então beija-lo, mas seria a causa da destruição daquilo que mais me era sagrado, nossa amizade.

– Não é alguém que... vale a pena perder facilmente. – me afastei dele para não ficar o olhando feito boba.

– Ótimo. – Mark riu – Assim fico com você e suas mãozinhas mágicas só pra mim. – e se sentou de costas pra mim novamente.

  Quando ele fazia isso, sabia que estava implorando para que eu fizesse massagem em suas costas. O futebol acabava com sua coluna e seus nervos, sorte minha mãe ser massagista, aprendi algumas coisas com ela.

  Minhas mãos agradeciam a oportunidade de tocar aquele corpinho perfeito de Mark, e por ele estar de costas nunca via minha felicidade ao poder acariciar aquela pele sedosa dele. Me divertia bastante, e ver que Mark adorava que o ajudasse assim só me incentivava a aprimorar minhas técnicas.

  No fim eu podia ficar feliz por Mark me deixar abraçá-lo apertado, agarrando em sua cintura e sentindo o cheiro único que só ele tinha.

– Obrigado, baby. – ele resmungou segurando minhas mãos em volta de si – Você realmente faz magia.

– Disponha, Mark. – eu respondia calma, mas por dentro estava surtando.

Mark me fazia companhia até minha mãe chegar do trabalho, e então ia pra casa. Nos veríamos apenas no outro dia, no colégio.

Sua noite era reservada para suas ficantes iludidas, que ele mandava mensagens provocantes mas nunca levava à sério.

  E enquanto ele se divertia deixando garotas queimando de vontade de tê-lo, eu dormia feliz de saber que só eu tinha a oportunidade que elas queriam.

Por mais que o relacionamento que elas tinham com ele, eu não tivesse.

Teardrops & Pizza - Mark TuanOnde as histórias ganham vida. Descobre agora