UM

5.3K 450 265
                                    

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.


x x x

O calendário marca 12 de junho quando chego à Ilha Bela.

E na cidade na qual vivi boa parte da minha vida, junho só podia significar duas coisas: Chuva e Mais Chuva.

Na verdade, três coisas: Chuva, Mais Chuva e festas de São João. O que para mim já fazia valer a pena ter que enfrentar aquele temporal na estrada para chegar até em casa.

Como boa nordestina e mais especificamente uma boa baiana, São João era a minha época preferida do ano. E essa era primeira vez em longos três anos que eu me permitia voltar para casa a tempo dos festejos juninos.

Desde que me mudei para fazer faculdade em Salvador, passava pouco ou quase nenhum tempo na minha cidade natal, mesmo que estivesse só a cinco horas de distância. Fosse por estar ocupada com a faculdade ou por preferir ficar na capital, eu evitava voltar.

Parte de mim odeia admitir isso, mas eu me restringia a voltar somente nas férias de janeiro ou nos longos feriados porque o meu namorado odiava viajar e odiava me ter longe muito tempo.

Ele me dizia que era pouco prático ficar fora por tanto tempo e nós dois tínhamos muito o que fazer juntos em Salvador.

Se Luciano soubesse para onde eu estava indo agora mesmo... Acho que ele enlouqueceria.

A bem da verdade, se o Luciano enlouqueceria ou ficaria fulo da vida não era mais um problema meu, já que fazia exatamente seis horas que tínhamos terminado.

Sim, sou uma pessoa horrível.

Terminei um namoro de quatro anos e dez meses na véspera do dia dos namorados.

Eu sei, sou péssima.

Mas em minha defesa, se é que existe algo que possa servir como desculpa para os meus atos, eu estava farta dele; deixei minha infelicidade com aquele relacionamento se acumular por dentro até estar tão engasgada a um ponto de não conseguir falar ou pensar em mais nada a não ser que fosse:

Luciano, eu quero terminar com você.

Eu não estava só infeliz, estava profundamente miserável. Não que o Luciano fosse um namorado péssimo, pelo menos não conscientemente. Aos poucos a situação simplesmente mudou e eu me sentia mais um enfeite na sua vida do que qualquer outra coisa.

Parecia que éramos um casal por conveniência, porque era o esperado de um cara como ele e de uma garota como eu.

Até que ontem eu não consegui mais segurar e soltei as palavrinhas mágicas.

MORDE E ASSOPRAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora