Capítulo 25

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Quase duas semanas haviam se passado desde o dia que viemos para a cidade do Pietro, e enfim chegou a hora de fechar a mala e voltar para casa. Sorri ao lembrar dos momentos que passámos naquele lugar, apesar das discussões nós estávamos mais próximos

-A minha avó já está à nossa espera para almoçarmos-o rapaz de olhos verdes comentou quando entrou no quarto

-Eu vou já, estou só a acabar isto-disse colocando as roupas dobradas dentro da mala

-Passou rápido não foi?-perguntou abraçando me por trás

-Demasiado, vou ter saudades disto. Acho que me podia habituar a esta calma-suspirei escondendo o rosto no seu pescoço

-Pensei que não tinhas gostado-respondeu afagando o meu pescoço

-Os primeiros dias foram difíceis, as investidas da Amanda a toda a hora não eram propriamente fáceis de lidar, não tenho sangue de barata-admiti e ouvi o rir baixinho

-Eu quase não percebia as investidas dela, estava mais ocupado a admirar o teu sorriso lindo e olhos brilhantes-corei com as suas palavras e ele sorriu com isso

-É melhor irmos, a tua avó está à nossa espera-entrelacei os nossos dedos e caminhei até à cozinha

-É incrível como, mesmo depois de meses, tu ainda ficas corada cada vez que eu te elogio-comentou divertido

-A culpa não é minha de tu me apanhas de surpresa-respondi de volta

-Pelo tempo que demoraram pensei que se estavam a despedir da cama-o comentário cheio de malícia da senhora fez as minhas bochechas arderem pela segunda vez em poucos minutos

-O cheiro está maravilhoso dona Alda, vou ter saudades da sua comida-comentei ajudando a a pôr a mesa

-E eu vou ter saudades dos teus elogios minha menina-sentamo nos e começámos a almoçar

Os minutos passaram rápido de mais, e num piscar de olhos chegou a hora de dizer adeus

-Tenho uma coisa para ti-a senhora de cabelos brancos disse, entregando me um caderno- Estão aqui algumas receitas que eu vi que gostaste-os meus olhos encheram de lágrimas com aquele presente

-Sempre que as fizer vou lembrar me de si. Obrigada por me ter tratado tão bem, eu vou sentir a sua falta-abracei a, e senti o seu corpo tremer

-Tu já fazes parte da família minha menina, serás sempre bem vinda aqui. Cuida bem do Pietro, há muitos fantasmas do passado que ainda o atormentam-ela disse com a voz embargada

-Fique descansada, eu vou ficar ao lado dele para tudo. Cuide de si por favor, e venha visitar nos-sorri em meio a lágrimas

-As malas já estão no carro-o Pietro informou, parando ao nosso lado

Vi que ele segurava o enorme urso de peluche que me tinha oferecido no dia em que fomos ao parque de diversões, ele era todo branquinho e tinha praticamente o meu tamanho

-Eu levo isto-limpei as lágrimas e abracei o urso, queria dar lhes alguns minutos para se despedirem

Assustei me quando, ao fechar a porta do carro, uma mota parou ao meu lado. Dela desceram dois rapazes com capacete, que mesmo com o rosto rapado eram facilmente identificados

-Pensaste que que ias ver livre de nós com tanta facilidade?-o Clau perguntou com um sorriso ajeitando o seu cabelo

-Até nos vossos últimos minutos aqui nós tínhamos de vir atormentar vos-o Pedro brincou

-Por incrível que pareça eu vou sentir falta das vossas parvoíces-comentei e abracei o Pedro, apesar de não sermos tão próximos ele era boa pessoa e ajudou me a não me sentir deslocada no meio daquelas amizades de anos que todos tinham

-Vem cá-o Cláudio puxou me e apertou me nos seus braços

-Estou a tentar não chorar de novo-sussurrei e ele suspirou

-Vou sentir a tua falta-mordi o lábio com força para impedir as lágrimas

O Cláudio, apesar do seu ar reservado, mostrou se um ótimo amigo, ele ouviu os meus desabafos e fez me ver o melhor de todas as situações, há pessoas que ganham a nossa confiança com facilidade e ele fazia parte desse grupo

-Venham visitar me-pedi com um sorriso

-A nossa casa terá sempre as portas abertas para vocês-o Pietro disse abraçando me de lado

-E para mim?-revirei os olhos ao ouvir a voz atrás de mim

-Não-disse sem pensar

-Eu não estava a falar contigo-a Amanda resmungou

-Não quero saber com quem estás a falar, a partir do momento que a casa também é minha, quem entra ou deixa de entrar nela diz me respeito a mim e eu não te quero lá-explodi de uma vez

Foram dias calada, a fingir que não me incomodava com os elogios dela para cima do Pietro, a esta altura do campeonato até a sua voz me irritava

-Vais deixar que ela me fale assim?-perguntou incrédula para o rapaz ao meu lado

-Se eu fosse a ti ficava bem caladinha, muito aguentou ela-a dona Alda disse piscando me o olho

-Já chega Mandy, tu não tens sido correta com a Malia desde que chegámos, não respeitaste a minha relação com ela-o Pietro disse com a voz calma

-E a nossa relação? Tu não pensaste nela quando te envolveste com ela!-praticamente gritou com os olhos cheios de lágrimas

-Já se passaram anos! O que nós tivemos foi bom mas terminou à muito tempo. Lamento se mantiveste a esperança de que nós fôssemos ter algo novamente, mas chegou a hora que seguires em frente. Não é por ti que estou apaixonado-foi impossível não sorrir com as palavras do meu namorado

-Já chega Mandy, eu vou levar te para casa-o Pedro disse quando a rapariga começou a soluçar alto

-Espero que consigas encontrar alguém que te faça feliz-o Pietro disse lhe

-Façam boa viagem-o Pedro disse antes de se afastar com a Amanda

-Espero voltar em breve, vou ter saudades vossas-foram as minhas últimas palavras para as duas pessoas à minha frente

Entrámos no carro e antes de virarmos a rua ainda consegui ver a dona Alda abraçada ao Clau, apesar das lágrimas que escorriam pelo seu rosto ela acenava para nós com um sorriso

-Odeio despedidas-disse colocando o cinto

-Fico feliz por ver que este lugar também se tornou, de alguma forma, importante para ti-comentou sem tirar a atenção da estrada

-Não sei dizer ao certo o porquê, mas esta cidade marcou me de uma forma tão bonita, não vou esquecer os momentos que passámos aqui-respondi, beijando rapidamente a sua bochecha

A Escolha: Amor ou Amizade?Where stories live. Discover now