A Escolha: Amor ou Amizade?

Capítulo 6

-Querem outra cerveja?-ouvi o Pietro perguntar da cozinha

Tínhamos passado a tarde toda na casa dele e agora eu e a Kathe estávamos deitadas no seu sofá

-Eu aceito-disse alto para ele ouvir

-Quem me dera, mas tenho de ir para casa-a minha melhor amiga revirou os olhos

-Porquê?-perguntei

-Tenho de tomar um banho antes de ir para o trabalho-respondeu e levantou se

A Katherine tinha começado a trabalhar à uns dias numa loja de roupa, dizia que queria ajudar a mãe a pagar as contas de casa e as propinas da faculdade

-Já vais? Que pena, planeava embebedar vos para me aproveitar de vocês mais tarde-o Pietro brincou quando regressou à sala com as cervejas

-Não precisas de nos embebedar para isso-brinquei também

-Vocês são nojentos, vou me embora-eu e o Pietro rimos e a porta da entrada foi fechada, deixando nos sozinhos

Ele entregou me a cerveja e eu bebi um pouco, vendo o sentar se ao pé de mim

-Não tens ar de quem gosta de beber-ele comentou enquanto me observava atentamente

-Tenho ar de quê então?-perguntei curiosa

-De quem não gosta de sair de casa, porque prefere ler um livro. De quem só bebe bebidas caras-gargalhei com as suas palavras

-O facto de eu gostar de ler não me impede de gostar de sair para me divertir. Bebidas caras são boas, mas não há nada melhor do que beber uma cerveja com uma boa companhia-encolhi os ombros

-Admito que não estava à espera disto, és uma verdadeira caixinha de surpresas-brincou e eu sorri

Antes que pudesse responder o meu telemóvel começou a vibrar e eu peguei nele

-Não acredito-sussurrei enquanto lia o email

-O que é que se passou? Estás a assustar me-ouvi o Pietro dizer e olhei para ele com um sorriso enorme

-Era um email da universidade, a dizer que eu entrei-por impulso abracei o

Senti a cerveja entornar se em cima de nós, ia afastar me mas ele apertou me mais junto ao seu corpo

-Fico feliz por ti-sussurrou no meu ouvido e eu arrepiei me

-Desculpa pela cerveja-murmurei envergonhada quando nos separamos

-Não te preocupes com isso, a tua roupa também está toda molhada-ele olhou para o meu corpo- Podes ir tomar banho, vou deixar uma camisola e uma toalha na porta-disse levantando se

-Não é preciso-respondi com um pequeno sorriso

-Eu insisto-o Pietro disse decidido

-Tudo bem-levantei me também, dando me por vencida

Estava a lavar o cabelo quando a porta foi aberta, e apesar de o vidro estar embaciado senti as minhas bochechas corarem

-Vou entrar para levar a tua roupa-o Pietro informou

-Está bem-foi tudo o que consegui responder, consegui ver a sua silhueta a pegar na minha roupa e a deixar a toalha lá, assim como o que suponho ser uma camisola

Tinha acabado de sair do banho, estava com a camisola do Pietro (que parecia um vestido no meu corpo devido à minha baixa altura) vestida e com as peças íntimas que usava antes de ir tomar banho
Quando entrei na sala fui surpreendida, o Pietro estava com o meu telemóvel

-O que é que tu pensas que estás a fazer?-perguntei e ele virou se para mim, aparentemente assustado com a minha presença

-A tua mãe não parava de te ligar, atendi porque pensei que fosse alguma coisa séria-ele entregou me o telemóvel

-A minha mãe a ligar me por uma coisa séria? Ela não faz isso, só me liga quando quer fingir ser uma boa mãe-comentei, como se aquilo me fosse indiferente

-Ela pediu que fosses para casa, disse que precisava de falar contigo urgentemente-informou me

-Eu não vou-sentei me no sofá

-Por favor Malia, pelo menos para saberes o que é que ela quer. Eu levo te-o rapaz tentou convencer me

Revirei os olhos e levantei me, peguei as chaves de casa e saí do apartamento

-Entra-pedi depois de abrir a porta de minha casa

-Pensei que não viesses, já estávamos de saída-a minha mãe disse enquanto descia as escadas, atrás dela o meu pai carregava as malas

-Agradece ao Pietro, ele é que me convenceu. O que é que queres? Tenho outras coisas para fazer-ela olhou me de cima a baixo

-Imagino essas coisas que tens para fazer. Que pouca vergonha é esta Malia? Eu ligo te e um rapaz é que atende, diz que estás no banho e agora chegas a casa apenas com uma camisola masculina! Estás a agir como uma vadia, o que é que as pessoas vão pensar?-estava paralisada, não acreditava no que tinha acabado de ouvir

-Chega! Não lhe vai faltar ao respeito, não à minha frente-o Pietro defendeu me

-E quem és tu para me dar ordens rapaz? Ela vive de baixo do meu teto, eu digo o que quiser-ela sorriu de forma convencida

-Que não seja por isso, eu saio de casa-disse sem pensar

-Claro que não Malia, tu és nossa filha e o teu lugar é aqui, nesta casa-o meu pai abriu a boca pela primeira vez desde que a discussão começou

-Não vês que isto é birra? Ela depende de nós para se sustentar. Não penses que, se saíres, vamos continuar a depositar dinheiro na tua conta-esta última frase dita pela minha mãe foi direcionada para mim

-Vou buscar as minhas coisas. Quando voltarem já não estará cá mais nada meu. Boa viagem-subi as escadas com o Pietro atrás de mim

Assim que entrei no meu quarto deitei me na cama e escondi o rosto com uma almofada, a minha cabeça estava a mil, e só saí do meu "transe" quando ouvi a porta bater

-Acho que eles já foram-o rapaz disse, sentado se ao meu lado

-O que é que eu vou fazer Pietro? Não tenho emprego para me sustentar, nem um lugar para dormir-lamentei me, a vontade de chorar era grande e eu já sentia um nó formar se na minha garganta

-Porque é que não vens viver comigo? Está a sobrar um quarto-ele propôs

-Não me parece boa ideia-suspirei e ele pegou na minha mão

-Porque é que não aceitas? Não é como se te estivesse a fazer um favor, ficas lá em casa a viver e quando encontrares um emprego dividimos as contas-ele insistiu

-A Kathe não vai achar piada nenhuma a isso-comentei e ele levantou se, parecendo irritado

-Eu não quero saber se a Katherine acha ou não graça, olha a situação em que estás! Eu não te vou deixar desamparada, e tu tens de parar de viver em função do que ela gosta!-recuei com as palavras dele, nunca o tinha visto assim

-Tudo bem, tens razão-acabei por responder, depois de alguns minutos em silêncio