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a aura quente e o forte cheiro de bebida desse clube agora me deixam enjoada, mas não tenho certeza se isso é o que de fato me enjoa. junto a essa terrível sensação as memórias vêm. e você está em todas elas. lembro-me claramente quando, como e onde trocamos nosso primeiro "oi" timidamente desajeitado. céus, eu fiquei tão envergonhada depois de gaguejar ao cumprimentá-lá. sempre fui tão confiante ao conhecer novas pessoas e iniciar uma conversa, mas você, lalisa, é uma exceção à todas as minhas regras. com você foi diferente e sempre será.
é madrugada. provavelmente já passa das duas e meia, porém já não carrego mais o relógio que me fora dado há alguns meses, que agora aparentam ser estranhamente longínquos. aliás, você sempre foi muito boa em escolher presentes e afins, sabe como agradar alguém. por ora estou sozinha, mas não totalmente; o bar está cheio e há uma aglomeração frente ao pequeno palco onde uma pequena banda se apresenta. a música alta ecoa pelo local. com certeza o sono da vizinhança está sendo perturbado. algumas pessoas dançam animadas.
sabe, lalisa, sair com você para locais como esse era o meu passatempo predileto. dançávamos até que nossas panturrilhas queimassem, bebíamos até que eu precisasse do seu auxílio em um banheiro sujo para segurar o meu cabelo enquanto estivesse debruçada sobre um sanitário e o álcool insistisse em voltar corpo à fora, mas, principalmente, cantávamos nossas músicas favoritas enquanto nos olhávamos fixamente. o modo como tentávamos nos manter sérias, porém falhávamos miseravelmente devido à algum motivo bobo que nos provocava uma risadinha, agora me causa uma estranha sensação nostálgica. e por deus, como eu amava o seu sorriso. todas as vezes que pude contemplá-lo senti o mundo desaparecer. minhas pernas ficavam trêmulas, meu coração palpitava, as borboletas dançavam no meu estômago. minha mente ficava vaga e meus olhos se recusavam a piscar. nessas ocasiões existiam apenas duas pessoas: eu e você.
