- "Lovely".

- O quê? - não consigo esconder a indignação em minha voz.

"Lovely" é uma música que compus há algum tempo, junto com o Noah. Quis colocá-la em "Suffocation", mas a gravadora barrou, alegando que provavelmente não faria sucesso. Atualmente, estamos em negociação com dois artistas que demonstraram interesse em grava-la: Billie Eilish e Khalid.

- Que foi? Pensei que você quisesse gravar essa música. - Yonta diz, sem entender.

- E eu quero, mas não com o Antony. Se eu tiver que gravar com alguém, será com o Noah. - fecho a cara. - Francamente, o Simon que se prepare. Quando eu encontrá-lo, vou dizer poucas e boas. Quem ele pensa que é? Noah e eu passamos meses implorando para colocar "Lovely" no album e ele negou. Agora, só porque quer que eu cante com aquele imbecil, ele decide liberar?

- Acho que ele pensou que assim você toparia. - ela diz, quase como um pedido de desculpas.

- Eu não vou topar. Pode esquecer. Antony que procure outra parceria. - digo por fim.

- Sendo assim, ok. - ela suspira. - Você é testemunha de que eu tentei, certo Josh?

- Certo. - Josh sorri de lado. Tenho certeza de que ele aprova minha decisão. Terminamos de comer em silêncio.

- Bom, meus queridos, obrigada pelo almoço. Estava excelente! - Yonta fica de pé. - Mas agora, eu preciso ir. Tenho uma reunião com o Daniel.

- Cuidado pra não pegar o vírus da babaquice. Pode ser contagioso. - comento. Josh dá risada. Também ficamos de pé.

- Vou fingir que não ouvi isso. - ela me abraça. - Me chame quando for cozinhar de novo, Josh! - ela também o abraça.

- Ah, mas é claro. Considere-se convidada. - ele sorri.

Depois de a acompanharmos até a porta, ela vai embora. Voltamos para a cozinha. Recolho a louça, enquanto Josh guarda os restos da lasanha e do vinho na geladeira.

- Adoro como você é firme nas suas decisões, sabia? - ele me abraça por trás depois de um tempo. Estou lavando os pratos. - A maioria dos artistas se deixa levar pela pressão dos empresários, mas você não. O Simon deve ficar maluco por não conseguir te controlar.

- Ele fica, mas eu não ligo. - coloco mais detergente na esponja. - Já disse que a partir do momento em que ele não tiver respeito pelas minhas vontades, rompo nosso contrato na hora.

- Você realmente romperia?

- Claro que não. A multa de rescisão é milionária. Eu perderia até as minhas calcinhas. - dou risada. - Mas como todos sabem que sempre faço o que me dá na telha, Simon não é louco de pagar pra ver.

- Esperta. - ele me segura pela cintura e me gira, fazendo com que fiquemos frente a frente. - Você é a mulher mais incrível que já conheci.

- Fazer o quê? Mamãe criou direitinho! - passo um pouco de espuma na ponta de seu nariz. Ele abre a boca, surpreso.

- Você não fez isso! - ele fecha os olhos, numa falsa indignação, mas sei que está rindo por dentro.

- Ah, eu fiz sim. - me aproveito da situação e passo as duas mãos por suas bochechas, espalhando a espuma.

- Any! - ele ergue as mãos para limpar o rosto. É nessa hora que saio correndo. - Onde você pensa que vai? Volte aqui! - e então, ele corre atrás de mim.

Ficamos nesse pega pega, como crianças, até o momento em que Josh me alcança e dá início a uma vingança cruel, com três vezes mais espuma e muitas cócegas. Terminamos aos beijos, rolando no chão, sobre o tapete felpudo da sala.

- Acho que deveríamos organizar suas coisas agora. - digo enquanto ele beija meu pescoço.

- Jura? - ele levanta o rosto e me encara com cara de cachorro abandonado. Balanço a cabeça afirmativamente. - Logo agora?

- Sim, logo agora. Além do mais eu preciso voltar para a louça e depois, tomar um banho. Em seguida vou fazer uma ligação importante.

- Pra quem?

- Pro consultório da minha ginecologista. Preciso marcar uma consulta urgentemente.

- Sério? Algum problema? - pergunta, preocupado.

- Não, é só que... nós esquecemos a camisinha da última vez. Tive que tomar uma pílula do dia seguinte e sei como essa bomba de hormônios pode bagunçar meu organismo. Estava pensando em fazer exames de rotina e pedir um anticoncepcional só pra evitar que coisas assim voltem a acontecer.

- Ah, entendi. - ele se senta. Faço o mesmo. - Any, me desculpe por isso. Eu deveria ter me atentado. Foi muita irresponsabilidade.

- Está tudo bem. Eu também deveria ter prestado atenção, mas na hora... você sabe. - dou de ombros. - Acontece.

- Sim, eu sei.

- Essa pílula tem chances consideráveis de falha, mesmo tomada corretamente. Espero que ela cumpra sua função com a gente. Eu quero ser mãe um dia, mas nesse momento isso está totalmente fora de cogitação.

- Realmente, ainda é cedo.

- Então, vamos dar um jeito nessa bagunça? - fico de pé e estendo pra que ele se levante também. - Com sorte, terminaremos antes do anoitecer, e aí poderemos ir pra cama.

- Maravilha. Sendo assim, acho que posso fazer o serviço 4 vezes mais rápido. - ele caminha até uma das caixas. Eu fico parada, observando. - Vamos logo. Não temos tempo a perder. - eu ri.

Your Love Saved Me • BeauanyWhere stories live. Discover now