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Eu estaria mentindo se eu dissesse que o selinho de Jimin não tinha provocado nada em mim. O que era um tanto assustador. Afinal, Jimin foi e está sendo meu amigo por anos, esse tipo de intimidade jamais foi pensada por nós dois, nosso foco nunca foi esse, mas essa brincadeira do Jungkook, esse desafio proposto por ele colocou à prova nossa amizade.

Eu penso nisso porque de alguma forma aquele beijo significou alguma coisa. Eu só não sabia dizer exatamente o quê, apenas balançou tudo aquilo que temos e construímos no decorrer dos anos.

Meus pensamentos ficavam ainda mais complexos enquanto eu observava o céu da varanda da sala de Jungkook, tudo se passava como um filme na minha cabeça e os grossos lábios suaves de Jimin tocando os meus. Que merda estava acontecendo comigo?

Senti um toque de leve no meu ombro e olhei para o lado. Era Jungkook com um sorriso fraco.

- Oi Nam. - Ele olhou para mim.

- Oi Kookie. - Demostrei um sorriso.

- Eu sinto muito, eu fui um idiota em fazer o Jimin pagar aquele desafio. - Neguei com a cabeça.

- Não, Jungkook, está tudo bem! Fica tranquilo, foi apenas uma brincadeira, mas depois eu converso com Jimin. De qualquer forma te adianto que não foi nada demais, está tudo sob controle, não vou brigar com você.

- Ah meu Deus! Muito obrigado! - Jungkook me agarrou, me abraçando forte. - Puta merda, eu achei que você estava super furioso comigo, me perdoa, me perdoa de verdade, vou parar de ser idiota a esse ponto. - Dei risada do drama do mais novo.

- Kookie, calma! Não é pra tanto. - Ele sorriu.

- Ah! Sei que deve ter acontecido alguma coisa dentro de você, né? - Assinto.

- Estaria mentindo se não tivesse acontecido nada no meu coração, mas prefiro evitar de falar disso e simplesmente esquecer. Acho o melhor a fazer. - Ele assentiu.

- Ok então! Se cuida, viu? Por favor, não quero que fique chateado. - Neguei com a cabeça e abri meus braços. Jungkook me deu um abraço apertado, apoiando sua cabeça em meu pescoço.

- Eu te amo, hyung. - Ele disse antes de se soltar de mim e voltar para a sala.

Jungkook era um garoto doce e muito fofo. Além disso, ele é super preocupado com os amigos e toda vez que acontece algo desse tipo, uma resposta mal dada, alguma  brincadeira diferente, ele sempre perdoa, mesmo a gente revelando que no final das contas não aconteceu nada demais.

Quando eu ia me virar para voltar ao mesmo cômodo em que os meninos estavam, fui surpreendido por um abraço por trás. As mãos inconfundíveis de Jimin agarraram a minha cintura e sua cabeça descansou em minhas costas.

- Moni. - Ele disse, baixinho. - Me perdoa. - Neguei com a cabeça e me desvencilhei de seu abraço para olhar em seus olhos.

- Mini, está tudo bem, eu já esqueci, não foi nada demais. - Ele negou.

- Não, Moni, eu sei que você não se sentiu bem e veio até aqui, eu te conheço mais do que ninguém.

- Eu só quero esquecer o que houve, quero tirar isso da minha mente. - Ele me observou.

- O que você sentiu? - Questionou.

- Mini? Sério? Eu não quero falar sobre isso. - Fechei os olhos e voltei minha atenção ao céu daquela tarde em Seul.

- Olha pra mim, Moni, por favor! Precisamos resolver o que aconteceu, não podemos ficar assim para sempre. Sei que você quer esquecer, mas eu preciso saber o que você sentiu primeiro.

- Que diferença faz, Jimin? Só vamos esquecer, foi uma brincadeira e está tudo certo. - Ele sabia exatamente tocar no meu ponto fraco e buscou minhas mãos, os meus dedos, para que ele pudesse tocar, fazer carinho.

Sua pequena mão envolveu a minha e a segurou com força, parecendo cola, parecendo que jamais iria se soltar. Seus olhos estavam brilhando, mas também demonstravam conforto e compreensão, com tanta ternura. Seus grossos lábios se curvaram e ele sorriu, inclinando a cabeça.

De repente, percebi que seu dedo mindinho havia procurado o meu para que pudéssemos entrelaçar um no outro, um sinal nosso de que estava tudo bem.

- Meu coração só deu uma acelerada e a sensação foi boa. Era isso o que você queria saber? - Ele assentiu e riu baixinho.

- Você gostou, Moni? - Assenti olhando para ele.

- Sim, eu gostei, mas só isso, foi apenas diferente. - Ele riu mais ainda. - Para de rir, Jimin! - Segurei a risada, prensando os lábios um contra o outro.

- Eu não me aguento, a gente é patético! - Jimin afundou sua cabeça em meu ombro e começou a gargalhar. - Somos tão idiotas! Nossa amizade é muito boa para ser estragada por isso. - Jimin se distanciou um pouco de mim. - Você não acha? - Assinto com firmeza.

- Com certeza. - Sorrio para ele.

- Eu oficialmente digo que odeio esse jogo! - Dou risada e ele se junta a mim, me puxando de volta para a sala.

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Depois daquele dia eu trabalhei em tirar todo aquele momento da minha mente e focar no meu trabalho, nos meus amigos, nas minhas amizades, no meu relacionamento com Jimin, quase que de irmão.

Mas é óbvio que eu falhei.

Foi impossível. Foi uma merda. Foi completamente embaraçosso olhar para Jimin depois daquele dia. Sei que conversamos e ficamos bem um com o outro, claro, nada disso mudou, mas droga, ele não podia chegar perto de mim ou me tocar, que eu já lembrava de tudo novamente.

Tem sido um exercício de paciência e de limite, porque nada foi igual como antes, tudo ficou desequilibrado. Jimin sempre tocava a minha coxa quando conversava comigo, tínhamos certa intimidade um com o outro. Porém, depois do beijo, parecia que meu corpo respondia aos seus toques, mas ao invés de simplesmente ficar confortável, dentro de mim eu queria mais.

E poxa vida! Foi apenas um selinho que se demorou mais de dez segundos foi muito, eu não sei ao certo. A única coisa adversa, que eu tinha descoberto é que Park Jimin, meu melhor amigo, irmão, confidente, era simplesmente apaixonante.

Eu comecei a focar, tentar seguir mais a razão do que o meu coração em todos os momentos ao lado dele, mas eu não conseguia. Aquilo tudo tinha despertado um novo "eu", um novo olhar.

Park Jimin mexeu com meu psicológico e tudo, graças a uma brincadeira inocente, mas que no fundo, no fundo, tinha o propósito de fazer exatamente isso, de causar esse transtorno, porque de bobo Jeon Jungkook não tinha nada ao fazê-la.

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