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Ele entra na sala de aula atrasado cinco minutos, o professor já começou a explicar algum assunto que ele nem faz ideia, ele o percebe olhando enquanto passa pelo meio de todo mundo, mas sem interromper o que diz, nem parecer se preocupar com a invasão.


O professor estava ensinando sobre as estrelas a, cinco minutos, para ele aquilo era magnifico, o jeito como o universo era tao lindo e tao organizado, mesmo num disfarce caótico.
Já era sua segunda semana ali, havia se mudado de cidade para estudar na capital, não conhecia ninguém, e estava tao envolto e empenhando com os estudos que parecia nem sentir necessidade de conhecer.


Ele rapidamente sai de seus devaneios quando um rapaz para em sua frente e lhe entrega um pedaço de papel, dizendo que irão fazer uma festa para todos os calouros, ele pega meio acanhado, olha para ele por mais uns três segundos e agradece, então se levanta e segue para fora da sala, pensando em comer algo, antes da sua próxima aula.


No caminho ele passa por uma das salas, vê umas pessoas sorrindo, pitando, no canto da sala uma garota seria, concentrada, de fones no ouvido, parecendo estar no seu mundo particular, ele nem percebeu, mas estava parado ali a mais tempo que imaginava, então alguém fala atrás dele.

— tu também fazes artes? Só esta esperando sua namorada? Talvez namorado... enquanto dá, um sorriso de canto.
— à..na... Não, eu só estava conhecendo tudo, sou novo por aqui-
Responde ele, um pouco nervoso.
— entendo, já ficou sabendo da festa dos calouros? Tu deverias ir, caras, bonitos, igual você sempre ganha presentes lindos.
— (risos) talvez eu...

Ele é interrompido quando alguém sai da sala correndo e acaba batendo nas costas dele, ele olha rápido para trás, vê se tratar da garota que ele tinha olhado tanto tempo ali, mas ela logo parte rapidamente novamente antes mesmo que ele pudesse dizer algo, apressado ele se despede da moça que havia conhecido e vai embora com o passo apertado, tentando achar a outra garota.


Meia hora depois sem conseguir nada, ele decide ir embora para seu dormitório, já é quase noite, ele começou a sentir fome, no caminho lembra que viu em algumas quadras uma lanchonete bem depois da ponte que liga a ilha onde esta a faculdade ao resto da cidade.


Quase no fim da ponte, ele olha alguém a frente, sentada no parapeito, era a garota, chorando, algo dentro dele dizia que ela iria se jogar, ele correu ate ela, e a certa distância para não assusta-la perguntou oque ela estava fazendo ali, ela olhou de volta, seus olhos já estavam vermelhos, parece que ela havia chorado esse tempo todo, ela não diz nada, apenas fica ali fitando o rapaz, por dentro já não sentia nada, mas sabia que não queria morrer, mesmo que tentasse recorrer a essa fuga às vezes, o garoto diz mais alto, -VOCÊ NÃO PODE SE JOGAR, EU NÃO VOU PERMITIR-.


Talvez fosse isso tudo que ela queria ouvir, ela tremia muito, olhou novamente pra baixo, aquela ponte era alta, quantas vezes passando ali nos últimos 3 meses ela sonhava em acabar com a dor, então ela olhou de volta para o garoto, e desceu do parapeito, já havia parado de chorar, mas ainda soluçava.
-... obri-gada — ela fala baixo e lentamente.
— onde você estava com a cabeça de pensar em fazer isso? Ele não escondia sua frustração.
— você não entenderia, ninguém nunca se importa.
— talvez eu me importe, por que você não tenta me dizer?

Ela fica relutante, não sabe se pode confiar nele, ela nem o conhece, talvez seja mais uma peça armada pelos babacas do time de futebol americano.
Mas, no fundo, algo diz que ela pode se abrir, na verdade, algo quase implora para que ele não a deixe mais, talvez ela esteja grata por aquela interrupção no momento certo.
Então ela começa:
— você é um calouro certo? Eu também me mudei para cá. a pouco tempo.
4 meses para ser exata, no começo estava tudo tao bem, era um sonho meu se realizando, umas garotas fizeram amizade comigo bem rápido, elas eram populares, eu nem me sentia sozinha, ou falta de casa.
no entanto, três (meses) atrás, elas me convidaram para uma festa na casa do atacante do time de futebol, fui, era enorme, muita musica, bebida, elas me apresentaram a todos eles, foram tao legais, isso só ate a metade da festa, elas me fizeram beber além do que eu aguentava, então acabei perdendo a noção, e depois não lembro de quase nada, mas aqueles monstros tiraram fotos minhas, entende? e depois espalharam que eu era uma vadia, a partir desse dia tudo é um inferno, eles não me deixam em paz, talvez por isso eu queria fugir disso tudo, se essas fotos acabam por aí eu mataria meus pais de desgosto.

GrooveWhere stories live. Discover now