XII - Seu amor é brilhante, como sempre

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- A carona de Jiyong é uma honra. - Jisoo explicou para Lisa. A tailandesa tinha uma expressão encantadora encarando o garoto, se fosse em outro momento, ela e o barman poderia ser grandes amigos.

Ele passou e pegou a sua bolsa, e com um menear de cabeça saiu do camarim, fazendo as duas meninas o acompanharem rapidamente. Jisoo agarrou a mão dos dois quando começaram uma conversa sobre a boate, e ao sair pela porta dos fundos respirou fundo, sentindo todo o peso ir embora.

Ela se sentia leve como poucas vezes sentiu na vida, finalmente juntaria a pequena Jisoo com a Jisoo dançarina, nada de dualidades mais.

Antes de entrarem no carro, puxou Jiyong, perguntando, um pouco constrangida para Lisa, se ela não se importaria de esperar dentro do mustang enquanto se despedia do amigo.

- Despedidas são menos dolorosas quando são rápidas, sabia?

- Eu não me perdoaria se me despedisse rapidamente de você. - Jisoo suspirou, abraçando o homem com força por longos minutos até o aperto cessar, e apenas o conforto do corpo dele ser o suficiente para Jisoo já sentir saudade. Sentiria falta do cheiro característico de Jiyong, de cigarros mentolados, gelo seco e da loção de barbear agridoce, e como se lesse seus pensamentos ele sussurrou:

- Perdi duas garotas lindas de uma só vez... - Jiyong tentava rir, mas sua voz de choro era predominante. - Faça a coisa certa dessa vez, sim? Me prometa.

Jisoo saiu do abraço, ainda com as mãos firmes em volta do pescoço dele.

- Eu sempre faço a coisa certa, esqueceu?

- Arh, como eu poderia?

Eles riram, um sentimento angustiante perpassando entre os dois, que mesmo sendo doloroso Jisoo não deixou que escorressem pelos olhos.

Antes de voltarem para o carro ela pegou o rosto do homem entre as mãos, da mesma forma que ele fez quando se viram pela primeira vez, e deixou um pequeno selar nos lábios rachados. Não foi um beijo com conotação sexual, não a despertou nada além de gratidão, mesmo que soubesse que nele fosse diferente.

- Eu tenho sorte de ser amada por pessoas maravilhosas, que querem me ver bem, e sei que você não teve isso a maior parte da vida...

- Na verdade, mais da metade dela.

Jisoo riu, passando os dedos nos lábios borrados dele graças ao seu batom.

- Mas não é comigo que você vai encontrar esse amor, querido. - ditou, por fim.

﹝•••﹞

Jiyong as deixou na porta de um pequeno bar, no bairro de Lisa. A tailandesa queria comemorar aquela noite e a convenceu de beberem cerveja barata junto a uns homens velhos, sinucas e músicas tristes. Já era a quarta garrafa de soju e elas começaram a se soltar mais, o rosto corado, os toques frequentes e a fala já alta.

- Para onde vamos agora? - Jisoo encarou Lisa, sentada no meio fio com as pernas magrelas abertas, o moletom todo sujo pela calçada do bar, mas seu vestido não estava diferente. - Não é seguro para mim aparecer bêbada em casa, tenho uma reputação a zelar na igreja.

- Oras, nunca foi a um encontro, princesa? - rebateu Lisa, tomando todo o conteúdo da garrafa, seus lábios vermelhos e molhados e um sorriso fácil brincando entre eles. - Agora é a hora em eu que eu te levo pra minha casa.

- Isso é um encontro? Achei que fosse uma despedida...

- Pode ser os dois, pode ser o que e a gente quiser.

Jisoo riu envergonhada, encarando a rua deserta, se perguntando pela primeira vez há quantas horas estavam ali, o passeio em volta delas já estava lotado de garrafas vazias.

O último ano do resto das nossas vidasWhere stories live. Discover now