Capítulo Dez

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A primeira providência foi tentar empréstimo no banco, o que foi negado. E tem três dias que ele colocou nossa casa a venda. Era o único bem que tínhamos, mas era também a nossa última esperança, tinha que torcer para que fosse vendida logo, que eu fizesse essa cirurgia e assim levar minha vida com normalidade.

— Vivi, você tem visita.

Ao escutar a voz da minha mãe, saio correndo do meu quarto.

Era ele, tinha que ser.

Quando cheguei à sala tive a dimensão do que estava se passando em meu coração. Ao ver Adrian parado com as mãos no bolso da sua calça, olhando para os lados como se tivesse me procurando, senti o sangue gelar nas veias e o coração bater frenético no meu peito. Esfrego minhas mãos uma na outra para conter o tremor e caminho até ele parando quase a sua frente, estava bem apreensiva.

— Oi. — O cumprimento sem deixar transparecer a euforia que sua presença me causava, ou o tamanho da saudade que eu tive dele nesses dias longe.

— Oi, Vivian.

Ah, saudade de ouvir sua voz.

— Vou fazer um suco.

Nem tinha dado conta que minha mãe estava na sala, até ela se pronunciar e sair do nosso campo de visão. Adrian dá uma olhada rápida em volta e me puxar pela cintura. Ergo a cabeça para encara-lo, mas qualquer palavra que fosse sair da minha boca ficou presa, quando nossos lábios se chocaram um no outro. E os dias longes, a angústia pela falta de notícia, todos os medos e receios, se foram quando eu me agarrei nele. Quando coloquei meus braços no seu pescoço para poder sentir o maior contato que conseguisse. E tudo se esvaiu quando sua mão na minha cintura me apertou bem forte para si. Estava quase gemendo em seus braços quando ele me soltou lentamente. Queria protestar, queria dizer que os seus braços me faziam sentir protegida, mas com custo me afastei.

— Como você está? — Sua pergunta me fez querer questioná-lo por que ele não me ligou? O que eu fiz a ele para ele sumir assim sem dar explicações?

— Estou bem, o que faz aqui? — O questionei.

— Saudade de você. Muita saudade...

Quando você entra em jogo, você entra para ganhar e a ideia do meu detetive de dar um tempo, foi sem sombra de dúvida uma tacada de mestre

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Quando você entra em jogo, você entra para ganhar e a ideia do meu detetive de dar um tempo, foi sem sombra de dúvida uma tacada de mestre.

" Primeiro você a cativa, Adrian. Faça ela ficar dependente de você, depois se afasta e quando reaparecer, ela será totalmente sua."

E foi exatamente como ele disse. Eu senti no seu abraço certo desespero, senti a falta que eu fiz e seria mais gratificante, se eu também não tivesse sentido tanto a sua falta.

— Tentei te ligar, mas você não atendeu.

Vivian vira de costas para mim, olhei para a cozinha e não vi sua mãe, sabia que a família dela era bem conservadora, que demonstração de intimidade não seria bem visto, mas não pude resistir. Abracei-a por trás encostando meu queixo no vão do seu pescoço.

— Precisei ir para a fazenda, surgiram problemas que me deixou muito ocupado.

Se minhas palavras não a convenceram, ela soube disfarçar muito bem. A virei de frente e nos encaramos.

— Fiquei preocupada, Adrian.

— Me desculpe, não tive essa intenção.

— Tudo bem. — Sua voz continha um pesar, que me incomodou muito.

Ia abraça-la, mas um barulho na porta me fez recuar.

— Mulher, eu achei um vendedor pra nossa casa.

O pai da Vivian entrou eufórico e parou assim que me viu.

— Adrian?

Sua testa enrugada mostrou a total surpresa ao me ver.

— Boa noite seu João. — O cumprimento sem jeito.

— O que faz aqui? — Sua pergunta direta me fez ter vontade de sorrir.

— Convidar a Vivian para jantar.

— Você deixou minha menina muito triste durante a semana toda. Ela não desgrudava do celular. — Mesmo em tom de brincadeira, eu senti censura em sua voz.

— Pai! — A voz da Vivian o fez arquear a sobrancelha.

— O que foi?

— A mamãe está na cozinha...

— E?

— O senhor chegou gritando por ela, só estou dizendo que ela está na cozinha.

— Estou indo já. — Antes de sair e nos deixar sozinhos, ele lança um olhar de aviso para mim. E eu decifrei o que ele quis dizer: Faz minha filha chorar, que você verá o meu punho.

Eu gostava muito do pai dela, era um homem bem direto nas palavras que impunha sua presença e se fazia ser respeitado, mas acima de tudo era notável o caráter dele.

— Não se acha muito, eu só fiquei preocupada. — Ela justifica as palavras do pai.

— Não estou. — Ri para ela. — Ainda está brava comigo?


— Bom saber disso. Eu também senti sua falta, Vivian. Não imagina a tortura que foi ficar longe de você todos esses dias.

— Então por que ficou? Não imagina o tanto de coisa que passou pela minha cabeça, eu queria apenas uma resposta e não conseguia tê-la.

— Vivian...

— Sério, Adrian. Eu não quero ficar assim, eu não sei o que somos. Estamos saindo há quase um mês, e é inevitável não se apegar a você. Mas não quero ficar nesse impasse...

— Que impasse?

— Você sabe. — Ela morde os lábios sem saber como falar comigo. — Eu disse para não se apaixonar por mim, mas esqueci de dizer isso ao meu coração.

Suas palavras fizeram meu coração dar um salto no peito. Eu queria isso, chegar ao coração dela, eu havia conseguido. Um grito de alegria queria sair da minha garganta.

Eu consegui.

— Eu sinto o mesmo por você, Vivian. Posso ter tido o dia do cão no serviço, mas quando te vejo tudo fica para trás. Não quero que você seja algo passageiro na minha vida, eu já te disse isso várias vezes. E ficar todos esses dias longe, me fez enxergar que você é a pessoa que eu quero sempre na minha vida.

— Adrian!

— Namora comigo, Vivian...

Pedi-la em namoro não estava nos meus planos por agora, mas com o rumo da conversa, fazer o pedido se tornou quase obrigatório e eu gostei de fazer isso. Gostei de olhar em seus olhos e vê brilho neles, gostei de saber que o sorriso estampado em sua boca só estava ali, por que fui eu quem colocou. E realmente eu gostei disso, mas algo pesou no meu peito, uma sensação que eu estava indo para um caminho sem volta.

Vingança Nada SaborosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora