Capítulo Quatro

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"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome." (Clarice Lispector)

 Um dos piores sentimentos que alguém carrega dentro de si, é o ódio

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 Um dos piores sentimentos que alguém carrega dentro de si, é o ódio. Ele corrói a alma e destrói qualquer outro sentimento bom que possa existir dentro do ser humano. E eu vivo com esse ódio há seis longos anos. Mesmo que pudesse ter a escolha de mudar os rumos das coisas que viriam depois do acidente, não o faria. Eu quero justiça para a perda que tive, e só depois disso sossegarei e viverei a minha vida.

Fui trabalhar no automático depois da discussão que tive com meu irmão. Não conseguia me concentrar na reunião, minha cabeça borbulhava com todas as lembranças ruins que insistiam em me atormentar. Meu pai ficou preocupado, e eu com raiva, impotente por não ter sido capaz de salva-las. Culpo-me até hoje pela morte da Diana e Heloísa, se não tivesse ficado até tarde no escritório, elas ainda estariam vivas, eu teria minha filha nos braços e minha esposa comigo, e com certeza teríamos tido outros filhos...

As horas se arrastaram lentamente, quando concluí o que tinha ido fazer na empresa saio de lá agoniado, perdido e desorientado. Segui para o único lugar que me fazia bem quando o desespero ameaçava me engolir. Chego ao cemitério onde elas estão enterradas. Sento em cima do túmulo e fico em silêncio por uma hora, não tenho palavras para dizer, na verdade nunca tenho. Nada do que eu falar irá mudar a situação ou traze-las de volta.

Quando sinto a calma instaurar em meu coração, levanto e vou para minha cobertura. Tudo está do jeito que ela deixou, a decoração de muito bom gosto está da mesma forma de seis anos atrás, somente retoco a pintura de tempo em tempo. Caminho para o nosso quarto, suas roupas estão no mesmo lugar, não tirei nada, era uma forma de tê-la aqui. Por mais que minha mãe insistia que precisava me desligar do passado, não suporto a ideia de desfazer das suas coisas. São as únicas lembranças que tenho dela, por isso nunca trouxe mulher aqui, em respeito à sua memória.

Quando quero transar vou para o outro apartamento que tenho para essa finalidade, estava perdido nos meus pensamentos quando meu celular toca, olho sem muito interesse para a tela, era Antônio novamente. Cogitei em não atender por causa do meu humor, mas sabia que meu irmão era insistente e caso não atendesse a ligação, ele bateria aqui em casa.

— Fala, Toni.

— Oi, Adrian. Está mais calmo? –Fala meio receoso.

— Sim. — Respondo enquanto caminho para a janela e abro a cortina vendo o movimento lá fora.

— Queria pedir desculpas por hoje cedo. Não quero intrometer na sua vida, mas você sabe que me preocupo muito sobre esse assunto. –Tenta mais uma vez trazer à tona assuntos que diz respeito somente a mim.

— Esquece isso, Toni. Fala o que manda?

— Vamos à Boate hoje? Vai ter aquele DJ dos EUA, e vai ser a noite do Flash Back, lembra que avisei sobre ele?

Vingança Nada SaborosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora