Capítulo Dez

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É como se a vida dissesse o seguinte: e simplesmente não houvesse o seguinte. Só os dois pontos à espera. (Clarice Lispector)

" Não leve a vida tão a sério, Vivi

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" Não leve a vida tão a sério, Vivi. Afinal, você vive uma única vez. "

Certa vez um ex-namorado meu me disse essa frase. Foi um mês antes dele ir embora, um mês antes de ele terminar tudo comigo para realizar o seu sonho, de conhecer o mundo. Carlos deixou para trás um namoro de três anos, ele escolheu viver o sonho dele, me chamou para fazer parte das suas conquistas. Mas, eu escolhi os meus sonhos. Escolhi colocar minha faculdade e minha família como prioridade.

No começo me arrependi, sofri muito, pois ele foi alguém muito importante para mim. Foi um anjo que estendeu as mãos quando estava preste a afundar em um mundo onde havia só escuridão, um mundo que já tentou me puxar várias vezes. A depressão. Mas ele não permitiu, Carlos foi meu amigo acima de tudo, e mesmo que sua escolha tenha me ferido muito na época, eu o respeitei e o admirei ainda mais. O admirei por que ele me respeitou como mulher em todos os anos de namoro, me fez feliz e me mostrou o real sentido da palavra Amor.

Eu o amei muito e sem ele eu não teria conseguido, mas já virei essa página e hoje ele é apenas uma pessoa que fez uma grande diferença na minha vida. Peguei meu diário que já estava bem velho e rabisco a frase que me acompanhou por muito tempo.

"Viver é uma arte, mas que precisa cuidado."

A letra da música que tanto amo.

Deixo o caderno de lado e olho para o meu celular, não havia sinal do Adrian. Tinha seis dias que ele não mandava mensagem, isso me incomodou muito. Eu já estava me acostumando com sua presença constante na minha vida. Tem mais de um mês que nos víamos praticamente todos os dias, que ele me buscava na faculdade e alguns finais de semana a gente saia para jantar ou ir a alguma balada. Ele não conquistou apenas eu e sim quase minha família toda. Meu pai que era um homem bem fechado, já o tratava como um filho. Até o seu precioso futebol ele dívida com o Adrian.

Ele cumpriu a palavra que esperaria o meu tempo, mas que agiria no dele. Adrian me respeitava e nunca ultrapassou os limites que impus, mas cada dia que passava os seus beijos me alucinava mais, eu não via a hora que encontraria com ele, só que agora ele sumiu. E eu estava perdida sem notícias dele, estava tão dependente dele, que agora eu não sabia o que fazer.

Minha mão coçava para mandar mensagem a ele, perguntar se estava tudo bem, mas o orgulho impediu, e o medo de me tornar alguém pegajosa também. Joguei meu celular na cama e levantei-me. Maio começou puxado, a finalização da primeira etapa da conclusão do meu curso estava me deixando doida. A dor de cabeça estava progredindo para uma fase que já não conseguia deixar de pensar em uma solução com urgência, eu não iria ficar esperando na fila do SUS, não queria morrer sem lutar. Por isso contamos ao meu pai, se não foi um dos piores dias da minha vida, chegou perto. O desespero dele foi como uma faca que me dilacerou por dentro, mas eu não poderia ficar com a culpa de esconder algo tão grave dele.

Vingança Nada SaborosaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora