capítulo 4

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- Eu estava conversando com uma amiga minha, meu amor - ela se explicou - algum problema?

- Só achei que você estivesse falando com outra pessoa - falei.

- Com quem mais poderia ser? - ela soltou uma risada irônica - olha, você está tão cansada e que até está imaginando coisas!

- Talvez você tenha razão - menti.

- Bom descanso, querida - ela depositou um beijo na minha testa e foi em direção a cozinha.

Voltei ao meu quarto e me joguei na cama, esquecendo até mesmo de pegar minha água.

Virei de lado e, em meio a tantos pensamentos, acabei por adormecer.

Esfreguei os olhos, ainda meio desnorteada pelo sono e levantei da cama. Abri a janela do meu quarto e observei o céu totalmente escuro lá fora.

Ao sair do quarto, notei uma flecha de luz vinda do quarto de minha irmã. Caminhei até lá, tentando não fazer muito barulho.

Dei duas batidas na porta e entrei.

- Posso entrar? - perguntei com um sorriso.

- Claro - ela sorriu, fazendo sinal para que eu sentasse ao seu lado - pensei que não ia acordar mais.

Ri. Olhei no relógio e vi que já se passavam de meia noite.

- Tá fazendo o que? - perguntei, já sentada ao seu lado.

- Assistindo série, mas já ia dormir - apontou para o computador.

- Ah, então vou te deixar descansar - ameacei levantar e ela colocou a mão no meu braço.

- Não, não. Fica aqui. Quero conversar.

- Hum, conversar sobre o que?

- Sobre você. Tinha algum gatinho lá em Nova Iork? - perguntou.

- Vários - ri - mas você sabe que não me interessei por nenhum.

- Quem disse que eu tava falando de você? Tô falando de mim, né?

Revirei os olhos, rindo.

- Mas agora, falando sério, como você tá? - devo ter feito uma cara ruim, pois sua expressão se tornou triste.

- Não é do dia pra noite que se esquece - falei, por fim - Você ainda não se apaixonou pra saber dessas coisas.

- Você não gostava tanto dele assim, Ainê - Devo ter feito uma cara muito confusa, pois ela continuou - mamãe insistiu tanto pra você voltar com ele tantas vezes que fez você pensar que nutria algum tipo de sentimento.

- Mas...

- Não tenta mentir pra mim - ela me cortou - no fundo, você sabe que eu estou certa.

E ela estava. Odiava me sentir assim. Fiquei um mês tentando enganar a mim mesma, dizendo que queria esquecê-lo, mas na verdade tentava esquecer o que ele fez comigo.

Sem nem perceber, uma lágrima escorreu pela minha bochecha, junto com a promessa que eu havia feito de nunca mais chorar por ele.

Carol veio em minha direção e me deu um abraço apertado.

- Você ainda vai encontrar um cara bacana que saiba te dar valor e valorizar o mulherão que você é - disse sorrindo.

- Obrigada por tudo - a abracei mais forte ainda.

- Ei, é pra isso que irmãs servem! Agora deita aqui comigo. Vamos assistir séries. Alguma sujestão?

- Você já até sabe qual eu vou falar - ri e ela concordou com a cabeça.

- Ok, vamos assistir "friends" pela milésima vez! - disse minha irmã, revirando os olhos.

two hearts Where stories live. Discover now