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   Brian e Roger estavam de manhã na praia, esperando pelo rapaz no local marcado. Por sorte, eles tinham a folga semanal e poderiam conversar com mais calma.

   Depois do jantar, quando o tritão chegou em casa e abriu a caixinha, ele encontrou um bilhete com um conteúdo um tanto Interessante.

    “Bonjour Brian, assim que eu vi essa pérola eu soube que você era um de nós, e eu não podia falar naquele momento. Espero ter ajudado convencendo ele a te entregar isso de volta, se quiser falar comigo fique próximo ao quiosque do Freddie amanhã de manhã, eu sempre passo por lá. Lawrence”.

   Eles não precisaram esperar muito, lá estava o rapaz loiro, caminhando tranquilamente. Lawrence acenou com a cabeça e sorriu para os dois.

   — Espero não ter deixado vocês preocupados. — Ele disse com o costumeiro sotaque francês.

   — Talvez tenha me deixado um pouquinho, considerando que o Brian me ligou tarde da noite pra falar que tinha achado mais um. — Roger cruzou os braços. — Pode ir falando.

   — Minha mãe é sereia, ela foi capturada a muito tempo... — Ele colocou as mãos no bolso. — Bom, para se libertar, ela prometeu fazer várias pérolas para o pescador que a prendeu, disse que o deixaria rico em troca da liberdade dela. Ele aceitou, ela conheceu um humano e... Aqui estou eu.

   — Humanos, é complicado. — Brian suspirou. — E o que te trouxe aqui?

   — É difícil ser um tritão em um país sem contato direto com o mar, sabe, dá uma sensação... De que algo está incompleto, entende? Então eu e minha família viemos pra cá.

   — Quem sabe do seu segredo? — questionou o tritão.

   — A Agatha, ela é minha melhor amiga desde que nos conhecemos em um grupo sobre fotografia há três anos atrás. — Ele riu. — Contei a ela por vídeo chamada, ela achou que era montagem e eu fiquei duas semanas tentando provar que eu era mesmo um tritão.

   — Seu namorado cretino sabe? — Roger levou um soquinho no braço por parte do namorado.

   — Não, depois disso que aconteceu com o Brian, eu fiquei com medo de contar pro Paul. — Lawrence deu de ombros. — Mas prometo ajudar vocês com o que precisarem.

   — Muito obrigada. — Brian colocou a mão no ombro dele. — Olha, eu disse pro pessoal de Estera que estaríamos na nossa praia secreta hoje e estamos indo pra lá agora, acho que você iria gostar de ver outras sereias depois de tanto tempo.

   — Eu posso mesmo?! — Brian jurou ver os olhinhos cinzentos Lawrence brilhando. — Você não sabe como ouvir isso me faz feliz, eu tinha que viajar pra fora de onde eu vivia só para ver o cardume de onde minha mãe veio, e isso só uma vez por ano.

   — Então você vem conosco, não se preocupe com o Roger, ele já está acostumado. — Brian piscou, segurando a mão do namorado, antes de sair correndo até o mar. — É só me seguir!

•••

    A praia deserta em que Brian e Roger passavam o tempo livre não estava mais tão deserta assim. Uma certa cauda de escamas vermelhas estava se arrastando na areia, acompanhada por uma cauda cinzenta que brilhava como metal.

   — As vezes é bom vir tomar sol na superfície... — Zello olhou para o lado, sorrindo para o marido. — Vai entrar em serviço quando o herdeiro aparecer?

   — Ele nos liberou hoje. — O loiro se aproximou do marido, recebendo um abraço e afundando seu rosto no peitoral nu do mesmo.  — Até deixou eu te trazer aqui...

Beyond The Sea • MaylorWhere stories live. Discover now