Capítulo 15 - Jenny

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Isso me lembrou do Jetts. O pequeno pub onde eu, Sarah, Todd, Leo e... Danny, nos reuníamos para tocar, cantar ou simplesmente matar um tempo quando éramos adolescentes. Naquela época era tudo tão diferente, mas a vibe do Jetts, era como essa. Ele exalava música. Frank, o dono, tinha alguns instrumentos e até um piano que ele deixava a gente usar nas noites de sexta feira para entreter a galera. Foi naquele pub quando cantei pela primeira vez, foi naquele pub onde bebi pela primeira vez e onde beijei Danny pela primeira vez também. Era onde eu passava minhas tardes depois da escola.

Mas é claro que isso tudo estava no passado agora. Eu nunca mais havia voltado no Jetts desde que o Danny havia ido embora. Foi apenas mais uma coisa que sua partida me roubou.

— Você gosta? — Nick me perguntou sorrindo, ele havia me pego observando tudo.

— A decoração me lembra um lugar especial. — Foi tudo que eu disse. Eu não sei se ele notou algo na minha voz, mas ele apertou minha mão de um jeito reconfortante. Como se ele entendesse que era algo que eu não estava disposta a falar naquele momento. E novamente eu tinha aquela sensação com o Nick. A sensação de que ele seria perfeito, de que ele realmente cumpriria a promessa que me fez duas semanas atrás em seu carro: que ele jamais quebraria meu coração. Naquele dia eu havia dito que duvidava, mas eu estava mentindo. Eu sabia que ele era um dos bons. Era mais fácil eu partir o coração dele, que o contrário.

— Esse é um bom lugar para tocar. — Ele respondeu depois de um tempo, sua voz contendo traços de saudosismo. Achei isso muito curioso, porque apesar de eu saber que Nick era famoso também (afinal ele tinha participado da banda do Alex, aparentemente) eu não conhecia muito do trabalho dele. As bandas que eu costumava ouvir não estavam com seus integrantes exatamente vivos, o que me deixava completamente alheia ao mundo musical. Mas pela forma como Nick falava, eu conhecia aquele tom bem demais. Eu mesma passava por isso algumas vezes, mas bloqueava firmemente o sentimento.

Nick soava como alguém que vivia para a música, mas havia passado tempo demais longe dela. E eu sabia exatamente como ele se sentia. Dessa vez eu dei um aperto reconfortante na mão dele. Ele me encarou e pareceu ver algo nos meus olhos. Compreensão.

— Você toca, Jenny?

— Há muito tempo, sim... — admiti, pois havia algo nele que fazia eu me sentir segura o suficiente para isso. — Mas não mais. — fiz questão de acrescentar fazendo uma careta.

— Por que não?

Eu olhei para ele sem saber o que responder. O que eu poderia falar? Que eu tinha uma banda aos 16 anos? Que eu era a vocalista e que havia cometido o erro de me apaixonar pelo guitarrista? Que o guitarrista em questão me abandonou há três anos sem absolutamente motivo nenhum e que eu não fazia ideia de onde ele estava? Mas que ele levou consigo não apenas a minha vontade de me relacionar com qualquer outra pessoa, como também minha vontade de cantar? Fazia três anos que eu não subia em um palco, nem em karaokê eu cantava. Fazia três anos que eu não tocava no meu violão, agora pegando poeira dentro do armário. Fazia três anos que eu não escrevia músicas, porque as únicas músicas que eu queria escrever eram sobre ele e eu me recusava a fazer isso. A minha garganta chegou a se fechar por um segundo enquanto eu pensava no que responder.

Mas no final não precisei. As luzes se apagaram, houve um barulho alto ao fundo e eu sabia que o show ia começar. Aproveite a deixa e ao Nick, eu disse:

— Vou ficar te devendo essa. Parece que o show vai começar. — Eu dei uma piscadinha em sua direção enquanto aplaudia junto com todo mundo pelo início do show. Nunca pensei que diria isso, mas: Ashley Monroe tinha acabado de me salvar sem saber.

Os primeiros acordes eram fortes e a batida era agitada. Ashley entrou cantando rápido, porém numa voz controlada. Ela deixava as emoções transparecer em pequenos versos e parecia proposital. Como se ela tivesse de fato falando com alguém na plateia. Na verdade, a julgar pelos olhares que ela lançava na direção do Alex, eu seria capaz de afirmar que a música era pra ele. E pela letra e a maneira enérgica que ela cantava, eu não duvidava que fosse.

Alex HarrisOn viuen les histories. Descobreix ara