IX - As duas faces de uma mesma moeda

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Era quase isso, tirando o fato que se sua mãe descobrisse seria deserdada.

- Obrigado, eu nunca fiz isso na vida, espero que tenha paciência comigo.

Jiyong sorriu fraco, indicando a cadeira para se sentar, e ainda com um pouco de ressalvas o obedeceu. Não precisava ter falado que era a primeira vez dançando em boates, pela sua cara era óbvio.

- Posso perguntar por que alguém como você está aqui?

- Como assim "alguém como eu"?

- Não me leve a mal, mas você é o tipo de garota que eu veria num anúncio de clínica dentária... ou cheia de livros na saída daquela escola cara no centro - continuou ele, sorrindo. - Resumindo: seu lugar não é dançando em boates.

- Me desculpe dizer mas... meu lugar é onde eu quiser que seja - engoliu o seco, se arrependendo logo que abriu a boca. - Eu só estou cansada das pessoas me dizendo como devo ser, onde devo estar e como devo agir.

Jiyong se encostou na cadeira, observando-a minuciosamente.

- Olhe para mim.

Demorou a criar coragem para tentar e quando o fez sentiu os dedos dele em seu queixo. Pela primeira vez notou os traços daquele homem. Ele era jovem, apesar de parecer cansado, como se fosse um fardo respirar, tinha um estilo andrógino, a maquiagem propositalmente borrada deixando-o bonito e misterioso.

- Você é um diamante bruto, querida. Precisa ser lapidado e eu vou te ajudar nisso - ele sussurrou e Jisoo concordou com um menear de cabeça. - A primeira lição é: sempre olhe nos olhos das pessoas, elas nunca vão duvidar das suas capacidades se fizer isso e nunca, nunca peça desculpas por dizer o que sente. Garotas como você nasceram sendo ensinadas que parecer submissa é bonito, mostre a eles que é bonito ser selvagem também.

Jisoo quase pediu um caderno e caneta para anotar a fala dele, mas logo recuou, sentindo as mãos de Jiyong deixarem seu rosto num afago rápido.

- E não se preocupe, você será a atração da noite - ele sorriu. - Mas antes, alguém sabe que você está aqui?

Prendeu a respiração, o tremelique das pernas voltando com tudo. Deveria mentir, dizer que sim, que havia várias pessoas que sabiam dessa nova loucura, pois qualquer um acharia suspeito um homem perguntando-a isso, mas no fim suspirou, desistente.

- Se eu disser que não vai mudar alguma coisa? - sussurrou. - Eu sei que pareço inocente e jovem demais, mas eu realmente quero fazer isso. É o que importa. - tratou de obedecer a primeira lição e encarou os olhos dele.

- Você foi escolhida por parecer inocente demais. Eles gostam disso. - Jiyong respondeu - E não... não importa, eu sei guardar segredos.

Sorriu aliviada, fazendo toda a indecisão voltar garganta a baixo. Já estava feito.




Dias atuais.

Buscava em vão, prestar atenção nas palavras ditas pelo padre. Ele falava sobre algumas caracteristicas pertinentes de pessoas falsas: a dubiedade, a capacidade de ter personalidades diferentes em determinada situação, e pôde rapidamente lembrar-se de Jennie, a garota exalava esse tipo de falsidade em todos os seus atos, por esse motivo duvidava até hoje daquele pedido de desculpas. Porém, seria mentira se não dissesse que pensou em si mesma. Quanto mais o padre continuava com o seu sermão, mais queria sair dali, se enfiar entre os bancos, cavar um buraco e se esconder. Era as horas que a culpa tinha um gosto amargo na boca, como se ele soubesse de todos o seus pecados e feito esse discurso somente para ela.

O último ano do resto das nossas vidasWhere stories live. Discover now