25

8 0 0
                                    


Dizem que a vida é um percurso solitário.

A minha tem sido. Claro que nem sempre tive disso consciência...

Há medida que ia crescendo, esses momentos eram apenas momentos  menos bons.

Estranhamente, pelo menos para mim foi, a solidão começou a tomar forma a partir do momento em que casei. Foi como se atravessasse uma tempestade que me fazia recuar, mudar de direção, parar. 

Não sei se são apenas "cenas" minhas mas os pais acham que o filho casado já tem a sua autonomia e eles, pais, estão mais livres; outros acham que podem ajudar os filhos com as dificuldades que uma nova vida acarreta junto de alguém que achamos conhecer, mas na realidade nem a nós nos conhecemos. 

Também há aqueles que acham que chegou a hora do pagamento. Tudo aquilo que eles nos fizeram e acharam que foi o melhor , com certeza, temos que retribuir, até porque eles estão cansados...

Comigo foi assim. Na realidade desde que nasci comecei logo a pagar e a ser responsável pelos meus irmãos, não por ser a mais velha mas porque era a que dava menos trabalho.

Tudo isso passou, ainda assim continuo a atravessar a tempestade. Figuras do passado que mudaram e eu desconheço, o envelhecer, o amadurecer, a vã vaidade, a ostentação, a arrogância, o egoísmo, mas a cima de tudo um imenso sentimento de inferioridade e insegurança.

Procuro perceber porque TER é tão importante se nada levamos, porque precisamos de convencer os outros daquilo que nós não nos convencemos.

Porque POSSUIR é tão valorizado quando  verddeiramente nada possuímos, nem a nós próprios...

Sinto que cada dia que passa estou mais cansada de lutar contra a tempestade, mais que cansada já não me apetece lutar contra isso e depois, se a vida é um percurso solitário, o final da vida é avassaladoramente... só...



Conversas com o meu sofáWhere stories live. Discover now