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Quando penso que já se escreveu tudo e que mais nada há a dizer, eis que se me aflora algo nos meus pensamentos que creio nunca ter visto, nem verbalizado, nem escrito.

Sei que um destes dias vou dar de caras com este "meu" pensamento escarrapachado algures por aí e escrito há uma porrada de anos. Não há originalidade, que o tempo não apague. A vida é um "dejá vu" momento a momento, vivido por mim, por ti, por todos... Cíclico e triste porque não há nada mais triste do que estarmos presos numa roda imensa onde as imagens, as sensações, as emoções, os acontecimentos se vão repetindo, mudando os atores, as cores do contexto, as estações do ano, mas... estupidamente iguais.

Vivo aprisionada na pergunta sem resposta: "Que faço aqui?"

Se não há resposta porque me fixo nela? Porque faço dela a base da minha existência? Se não há resposta...

Faço, porque a resposta estaria, quando muito, na mudança. Na mudança de paradigma. Seria a mudança do eu para nós, de mim para ti, seria de um para muitos e de alguns para todos.

2000 anos depois de Cristo existindo ou não, é um marco do tempo que nos permite perceber que nada mudou: continuamos a atirar pedras, a julgar, a cobiçar, a adorar falsos deuses, a matar, a adulterar, a furtar... Acima de tudo não sabemos AMAR!

Nada aprendemos e tanto nos foi ensinado neste tempo e eu não sei como fugir às garras desse demónio que me deixa paralisada na ignorância .... É como se fosse uma toxicodependente que sai da reabilitação e volta a cair nas malhas da desgraça.

O tempo vai passando e as forças vão faltando, esmorecendo a vontade e o desejo ficamos zombies dentro da nossa própria incoerência, incongruência e cobardia. Assim caminhamos... no tempo que nos resta...

Estranhamente inquietos, mas... quietos!

Conversas com o meu sofáWhere stories live. Discover now