VII - Apenas me dê uma noite boa

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- Onde eles estão!? - gritou animada assim que conseguiu verbalizar novamente.

- Você não faz ideia do que ia te acontecer, não é? - Jiyong parecia nervoso, e seus braços foram pegos pelas mãos dele, levando-a para longe da música.

A rua era escura, o céu sem estrelas e Jiyong estava a alguns passos a frente, as mãos bem agarradas às suas, e o frio não era mais um problema graças a jaqueta dele em seus ombros.

- Vamos conversar, agora é sério, criança. - Ele se virou e ela sentiu medo. Jiyong nunca adotava aquele tom quando se dirigia a ela. - Você tá chapada, provavelmente vai esquecer tudo isso na manhã seguinte, mas... isso... - gesticulou para a boate atrás deles. - Não é a solução para os seus problemas. Tudo que está ali dentro ferra a sua cabeça, te torna pior ainda, entende? Você é uma garota cheia de qualidades, tem um futuro brilhante pela frente, mas está agindo feito uma idiota! Eu já vi muita coisa... já vi o fim de muitas garotas maravilhosas como você.

Rosé segurou o choro o máximo que pode, mas quando ele acabou de falar as lágrimas saiam como uma cascata. Se sentia suja pelas mãos dos homens, culpada por ter escolhido vir para cá hoje, pois com toda a certeza estava agindo do jeito mais infantil que conseguia.

- Eu não posso entender Jisoo, eu queria poder... mas... - lamuriou.

- Seu problema é tentar entender Jisoo quando ao menos consegue entender a si mesma - disse ele, seguindo com ela de mãos dadas até colocá-la no banco do carona do mustang.

- Como eu não posso entendê-la? - insistiu na pergunta. - Eu a conheço como conheço meu rosto, é como se eu estivesse me olhando no espelho. - Rosé era teimosa e problemática, e agora via as luzes dos postes piscando por suas vistas. - Por que estamos falando dela mesmo? - sussurrou.

- Por que não consegue enxergar o quanto isso que acabou de falar é bizarro pra porra...? Esperar que os outros ajudem você? Que amem você quando você deveria fazer isso primeiro? Rosé, querida... - Ele parou o carro em frente ao prédio dela. Jiyong não sabia seu endereço, mas magicamente estava lá.

Ele pegou seu rosto com as duas mãos, olhando bem para aqueles olhos pequenos e pedintes. Como um cãozinho abandonado, Rosé deitou a cabeça nas mãos dele, só para que aquele contato carinhoso durasse mais, tinha lágrimas nos olhos e se sentia mais perdida que o normal.

- Entenda de uma vez: você nunca será capaz de conhecer alguém por inteiro, nem mesmo se passar o resto da vida ao lado dela. Não escute essas baboseiras sobre "responsabilidade de quem cativas", ninguém deveria ser responsável por cuidar de uma pessoa que suga a sua vitalidade, que depende tanto de você que não te deixa viver. Você não deixa Jisoo viver... quer que ela viva por você, ninguém é obrigado a isso.

Rosé tentou falar, mas o que saiu foi uma série de resmungos chorosos, soluços e gemidos tristes.

- Por que você fala... assim? Exatamente como ela me disse, exatamente com as mesmas palavras...

Jiyong riu, passando o polegar por suas bochechas.

- Lembra do que eu disse sobre garotas maravilhosas e fins trágicos? Eu estou tentando consertar as coisas. - ele sorriu, triste. - Para o seu bem, criança, o que aconteceu hoje pode acontecer novamente, e eu te peço, não volte mais.

- Eu não posso, Jiyong... - se desvencilhou das mãos dele, tentando achar a alavanca para se ver livre daquele carro, se ela não ouvisse o pedido não tinha o que cumprir, não o decepcionaria.

- Vá a boate Street no domingo, acabe logo com isso e talvez... talvez você não entenda por que eu fiz isso agora, mas vai me agradecer depois.

Rosé bateu as mãos sobre o painel do mustang, soltando o máximo de palavrões em sequência que poderia pensar com a capacidade mental reduzida. Por que tudo parecia uma porcaria sem fim? Ninguém havia dito para ela que crescer requer tanto esforço, tantos pensamentos dolorosos e decisões difíceis que não passavam com beijinhos da cura, maratonas de Rugrats ou lanches feitos de massinha, que viver na Terra do Nunca não era sequer uma opção e Peter Pan havia mentido também, junto com todo mundo que conhecia. Uma placa de "Bem vindo a vida adulta, todo mundo é uma merda" deveria ser obrigatória depois dos quinze.

Os sentimentos ruins voltaram junto a sua sobriedade, avisando que ela não se esqueceria daquelas palavras.

Mais um problema para acumular junto aos outros.


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Olá! vim com dose dupla de att's hoje, e queria saber se alguém leria uma longfic mistério/suspense com esses mesmos shipps se eu postá-la por esses dias... Rs

O último ano do resto das nossas vidasWhere stories live. Discover now