-E o que é este lugar? – perguntei me apoiando mais cuidadosamente na bengala – Quem são vocês?

-Meu nome é Abba – ela falou, soltando a lança entre nós – Mas imagino que á saiba disso. O restante das pessoas que você conheceu é uma pequena parte da família de construí.

-Pequena? – ergui uma sobrancelha – Há outros de vocês?

-Somos um grupo grande, a maioria já está a caminho do destino que seguíamos antes de ouvir dos planos do dragão – ela falou muito cautelosa – Planos que nos levaram até você.

Balancei a cabeça. Aquilo tudo era vago demais, mas Abba não parecia estar tentando esconder algo. Talvez eu apenas estivesse fazendo as perguntas erradas – O Dragão, de quem vocês falam. Quem é ele?

Ela suspirou – Eu gostaria de saber, Bethany. Até você chegar aqui, não esperava que o dragão fosse uma pessoa especifica. Achei que fosse como um grupo com quem cruzamos na Rússia anos atrás, A Karakurt, apenas um nome para esconder diversas pessoas. – o nome a fez estremecer, mas ela apenas seguiu falando sem alterar o tom de voz – Mas isto é diferente, o Dragão é uma pessoa. Um homem, provavelmente, com uma filha e o desejo de casar-se com alguém que não é você. Um homem capaz de inspirar medo, lealdade ou qualquer outra coisa que faça negros se aliarem a ele de boa vontade.

-Então, não fazem a menor ideia de quem seja? – insisti quase desesperada. Percebi, que se eu voltasse sem saber, eu estaria propensa a ser atacada a qualquer momento. Por qualquer um. Ela negou com a cabeça.

-Não, apenas que este casamento seria o bastante para derrubar o príncipe – ela falou, distante – Já vi o tipo de destruição que foi feita em nome do Dragão. A quantidade de mortos, seja quem for é impiedoso e cruel o bastante para não se importar com a morte dos seus para matar os meus. Ele abandona os soldados mortos para trás. Abandona famílias inocentes em meio a batalhas sangrentas.

-Disse que os outros de vocês já se foram... – recomecei.

-Sim, mães, velhos, crianças. Os melhores em plantar, em colher e em construir. – ela contabilizou – Ficamos apenas com quem poderia ser útil.

-Mas por que ficaram? – perguntei, franzindo a testa – Kambami estava no meio deles. Dos homens que me sequestraram. Ele estava sofrendo perigo. Vocês estão todos em perigo comigo aqui. Eles devem estar atrás de mim. Os guardas do palácio devem estar atrás de mim e eles culpariam vocês por tudo isto... – parei, puxando o ar três vezes antes de ter fôlego para perguntar em um tom mais calmo – Por que?

-Você pode ser a futura rainha – ela falou, andando pela clareira – ou, pode ser apenas uma criada bem arrumada em mais uma extravagante noite de festas em um dos palácios. Mas com aquela menina negra no palácio, resgatada pelo príncipe... Talvez, em três ou quatro séculos, isso seja visto como um início da paz.

Pisquei. Sim, Fox salvará Nisha. E a fizera uma musa. Sempre pensamos nisso como algo que para os negros, soava como uma afronta – como se estivéssemos tomando alguém deles. Mas ali estava aquela mulher, aquela líder guerreira, que a própria Cléo dissera não acreditar em paz, falando sobre esperança.

-Quando ouvimos sobre este casamento, um plano tão próximo a nós, precisamos interferir – ela apertou as mãos – Vamos partir da Eurásia em breve. Para mais longe do que eles se arriscariam por nós. Mas milhares de negros ainda vivem nessas terras, em lugares escondidos como estes. Muitos escolheram o ódio e a destruição, mas outros ainda procuram como fugir, se escondem, se disfarçam, e vivem da melhor forma que podem aqui. Eu não posso salvar a todos, mas você viu a casa de Roxanna. Eles são escravos, venderam a si mesmos pelo mínimo de comida e algo que mal se pode chamar de teto. Se este dragão reinar...

O Que o Espelho Diz - A Rainha da Beleza Livro II [NÃO REVISADO]Where stories live. Discover now