|15| As revelações: Nêmesis

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Como um demônio antigo, poucas coisas eram capazes de me afetar, pois já havia vivido muito – bastante, demais até – e o suficiente para saber segredos e mistérios que demônio algum sonha com a existência. Eu era um demônio experiente, sem medos ou vergonhas, entretanto, não pude me impedir de encolher ao balançar a cabeça vergonhosamente à pergunta de Mino, pois nunca havia conduzido um funeral.

— Não, eu não sei conduzir um funeral — respondi.

— Nós podemos deixar a organização com Mortícia, ela acabou de mandar um corvo-correio avisando que está a caminho — ofertou encarando as mãozinhas trêmulas, incapaz de esconder sua tristeza.

Todos ali estavam tristes, pela primeira vez, em toda a minha estadia no Inferno.

Suspirei, concordando.

— Tudo bem.

Mortícia era conhecida em todo o Inferno por suas festas estrondosas cheias de espetáculos pirotécnicos com direito ao seu coral de esqueletos treinados para dançar e cantar qualquer coisa. Eles iriam dançar em um funeral? Na última vez que estive no Hotel Mortal, fui recebido por ela e seu exército em uma recepção calorosamente enervante e desastrada. Infelizmente, não era capaz de imaginá-la tomando parte de um evento tão melancólico e deprimente quanto um funeral, contudo, estava sem condições para negar qualquer coisa.

Só queria estar perto de Jungkook.

— Eu posso vê-lo? — Perguntei em um fio de voz, fungando ao sentir uma lágrima quente descer por minha bochecha.

— Ele está na...

— Eu sei onde ele está — interrompi-o levantando-me de uma das cadeiras do Salão de Refeições.

Mino baixou a cabeça e brincou tristemente com os cadarços de seu sapato. Depois de todo o desastre, ele havia arranjado tempo para caber em um terninho preto, junto de Rubel, que havia tomado a frente de todos os preparativos para o funeral, como os convidados, as atrações, a comida e o caixão. Diferente do Mudo Mortal, as mortes eram vistas, no Inferno, como algo divertido e essencial para qualquer monstro que se preze ter, por isso Rubel estava organizando uma festa até maior que o Baile Infernal e do que tudo o que já haviam feito – afinal, tratava-se do enterro de Jungkook, o Rei do Inferno, seu Rei.

O meu amor.

O veneno que havia o matado funcionava de uma maneira bastante interessante, conforme a gárgula da enfermaria E

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O veneno que havia o matado funcionava de uma maneira bastante interessante, conforme a gárgula da enfermaria E.U.S.O.U.P.O.C. havia informado. De acordo com ela, ele não era um paralisante, como os demais Adornos Infernais, justamente por vir da Serpente que cuida dos Portões da divisória entre o Mundo Infernal e Mortal, logo, forte o suficiente para matar qualquer coisa que ousasse ultrapassar os portões. Mas Jungkook não era um demônio comum, o que era o motivo da indignação de todos aqueles que haviam visto, ou escutado, o que havia acontecido.

A pergunta era a seguinte:

Como pode o Rei do Inferno, o criador da cobra, ter morrido de seu veneno?

Nas Mãos do Diabo [1] O MaestroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora