12/08/19

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Eu me sentia presa.


Me sentia presa não só à submissão que aprendi a seguir — submissão essa que nunca foi dita, mas sempre entendida por todas nós. E por muito tempo eu segui esse caminho que não era meu, mas das que vieram antes de mim. Eu me diminuí, aumentei, reduzi ao nada. Eu me calei em prantos enquanto ele gozava. Eu me joguei fora por um amor sujo que só sabia me maltratar. Eu me esqueci. O tempo passou e eu, ainda esquecida em mim, me perdi.


Após o que eu chamei de fim, vieram outros para me acorrentar e eu vi o recomeço. Eu percebi claramente a renovação do ciclo em que eu, sujeito, fui objeto. Fui metade, pouca coisa e nada ao mesmo tempo. Logo eu, que defendia tantos discursos bonitos sobre amor próprio e autocuidado. Às vezes a gente só fala o que precisa escutar.


Vieram muitos. Eu sequer consigo contabilizar quantos nomes eu sussurrei sorrindo, acreditando que dessa vez seria diferente. Que seria, ao menos, o mínimo que eu mereço. Entretanto, me percebi além de esquecida e perdida, desconhecedora dos meus limites, amores e ódios (e digo ódio com toda a força da palavra, não mais a escondendo por crença duvidosa).


E mais um apareceu. Mais um apareceu para que eu pudesse emergir em mim mesma e, dessa vez, gritar aos prantos por socorro. Eu chorei e implorei para ser vista — por mim mesma. Eu, naufragada, largada e solta na imensidão do meu ser, encontrei-me. E me mantenho no processo de autodescoberta para, um dia, responder às perguntas que me faço diariamente.


E, por essa noite, eu me sinto livre para ser, sentir e dizer.


Essa noite eu sou livre.

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⏰ Última atualização: Aug 13, 2019 ⏰

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