Alguns dias são mais difíceis que outros.
Alguns dias a minha respiração volta a acelerar e o sentimento de dor infinita retorna. Eu posso senti-lo alojado no meu peito e dói. Dói quando uma lágrima sequer desce involuntariamente. Dói porque eu não sei quanto tempo eu me sentirei assim — da última vez durou dois anos.
Toda consulta eu olho para o mesmo quadro com fotos antigas e relato o meu medo de voltar a pertencer àquela época ruim. É assim que eu tenho chamado desde que a minha antiga terapeuta chamou de indícios de depressão. Tenho medo.
Permaneço correndo sem rumo e com pontadas no estômago. Eu falo, grito. Ninguém entende a menos que já tenha passado por esse lugar vazio em que somos nada e tudo na mesma proporção. O silêncio e os berros são ensurdecedores.
Hoje é um dia difícil, mas espero que seja só hoje. Espero.
ESTÁ A LER
Metamorfases
RandomAqui deixo um pedaço de mim e dos devaneios presentes durante todas as mudanças que têm me ocorrido.