Capítulo 5

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Larissa esperava do lado de fora, no corredor, ansiosa. Vira quando o homem virou o corredor, caminhando normalmente, calado, guiado por dois soldados sérios que também entraram na sala. Larissa trocou olhares com ele mais uma vez. O que viu foi apenas apatia.

Por um tempo ela foi capaz de ouvir conversa do outro lado da porta, mas já fazia bastante tempo que o silêncio reinava. Fora permitido a Eduardo entrar, e Larissa ansiava pela saído do professor para saber se descobriram alguma coisa.

Os demais oficiais que aguardavam do lado de fora começaram a ficar inquietos, até que um puxou o walkie talkie e pediu por informações, sem obter resposta. Vários minutos se passaram de discussão entre os que estavam ali e outros que chegavam preocupados até que arrombassem a porta para entrar.

Larissa estava cansada demais para tentar forçar passagem para dentro da sala quando tantas pessoas e autoridades iam e vinham, apressados, horrorizados, negando respostas às suas perguntas. Ela deduziu que algo de horrível havia acontecido, e que, aparentemente, o homem havia sumido.

Um dos alunos de Eduardo que ficara no campus enquanto eles iam até o local da queda apareceu depois de um tempo, alarmado, e a convidou a ir até o gabinete de Eduardo.

— A sala tem uma câmera oculta — ele ia dizendo a ela, enquanto a guiava pelos corredores da UFRF —, o pessoal da psicologia usa às vezes, parece que alguns experimentos exigem que a pessoa não saiba que está sendo observada, só assim podem confiar no comportamento enquanto elas estão em observação.

Fazia sentido para Larissa, mas porque ele estava falando isso com ela? Teria acompanhado o interrogatório? Vira o que aconteceu?

No gabinete havia um rapaz sentado na mesa de Eduardo, com um laptop. Roberto estava ao lado dele, e deu à Larissa um olhar assustado quando a viu chegando.

— Esse aqui é Lucas, um amigo meu — o aluno de Eduardo apresentou —, mestrando em psicologia. Ele tem acesso à câmera. Mostra pra ela, Lucas.

Larissa ficou de pé atrás dele e de Roberto, quanto ele deu play num programa de gravação.

Na gravação ela viu o general, o presidente, vários soldados e outros homens cujas funções ela não sabia quais eram em torno do homem. Este estava sentado de costas para onde a câmera estava, com as mãos algemadas em cima da mesa que estava no centro.

— Você é humano? — o general perguntou.

— Não.

Larissa viu alguns dos presentes rirem, de forma debochada. O general, cujo rosto estava bem visível, não deu sinais de achar aquilo absurdo, tampouco de estar levando a sério a resposta do homem. Estava para fazer outra pergunta quando o imbecil do presidente interveio:

— A autoridade máxima aqui sou eu, então eu decido o que vamos perguntar.

O general estendeu a mão aberta em direção ao homem, num gesto irritado de permissão. O presidente estufou o peito, cheio de importância.

— O que você é? De onde você vem e o que você quer?

Em seguida, uma forte luz amarelada ofuscou toda a sala, para, imediatamente, extinguir-se. Foi tão rápido que Larissa pode ver o general, o presidente, os soldados e três outros que também estavam de pé, cair como marionetes cujas cordas foram cortadas. Os que estavam sentados também desmoronaram sobre as cadeiras. Todos de olhos abertos, arregalados, com expressões muito estranhas.

O homem permaneceu sentadopor alguns breves instantes, antes de levantar-se, deixando para trás, sobre amesa, as algemas, como se elas estivessem abaixo de suas mãos, e não as prendendo.Caminhou por entre os caídos, sempre de costas para a câmera, observando.Chegou a se agachar sobre o general, como se estivesse avaliando. Depois, olhoupara os lados, voltou-se para trás e veio em direção à parede. Larissa achouver em seu rosto uma expressão assustada. Ele saiu do campo de visão da câmeraquando passou por baixo dela e sumiu, não foi visto desde então.

O Homem EstrelaWhere stories live. Discover now