Capítulo 2

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À aterrissagem, ainda na fila de desembarque do avião, Larissa pediu um Uber para levá-los até a universidade. No caminho, discutiam o que poderia ser o corpo estranho que se aproximava. Descartaram ser um cometa, ou um asteroide, ou que sequer fosse um corpo celeste natural que conhecessem. Cogitaram mais uma ver ser algo da própria Mars Go, mesmo que Carlos tenha lhes dito durante o voo que a equipe da missão negou envolvimento quando ligaram para o observatório da UFBV para falar do objeto que Roberto observou.

Chegaram na UBRF e, uma vez na presença de Eduardo, trocaram informações rápidas. O professor Eduardo era o chefe do departamento de astronomia da UFRF. Enquanto Larissa e Roberto voavam até l, reuniu dois graduandos e três mestrandos para ajudá-lo a observar o objeto que se aproximava e a preparar uma expedição ao local da queda. Dois desses alunos estavam com ele quando Larissa e Ricardo chegaram.

— Augusto e Otávio estabeleceram um perímetro de quinhentos metros de raio ao sul da cidade — Eduardo disse, apresentando-os. — Se a coisa fizer um caminho reto, vai cair num pasto. Muito conveniente, não?

— Alguma autoridade estatal já se pronunciou? — Larissa perguntou.

Eduardo acenou energicamente, antes de falar:

— Federais, sejam lá quais. Mas devem chegar depois de nós.

— Sorte a nossa — Roberto declarou, contente. — Acho bom que os cientistas cheguem primeiro. Quando vamos? Não estamos demorando demais.

— Vamos de jipe — Eduardo esclareceu, pouco antes que o tal jipe aparecesse, dirigido por um terceiro aluno, chamado Paulo.

Embarcaram e foram rapidamente para onde julgavam que o objeto cairia, enquanto Roberto comentava que este podia tomar qualquer direção ao atingir a atmosfera do céu acima do perímetro que demarcaram.

— O tanque está cheio — Paulo declarou.

Esperaram vinte minutos. Antes que terminassem de montar o telescópio que haviam trazido para observar a aproximação, avistaram um clarão prateado destacando-se entre as estrelas do céu noturno.

— Não incendiou na atmosfera — um dos alunos de Eduardo comentou, surpreso.

E também não mudou de direção. Veio rápido sobre eles, pegando-os de surpresa. Fizeram menção de subir no jipe e tentar afastar-se dali, mas não haveria tempo hábil.

O objeto espacial, fosse o que fosse, não caiu em cima eles, caiu com um estrondo a duzentos ou trezentos metros.

Correram até lá. Larissa seguiu-os, atenta ao medidor de radiação que trouxe consigo. Ele não denunciou nada perigoso.

Ela os alcançou depois de todos terem se reunido próximo à cratera. Era sem dúvida uma cratera, não muito larga, cujo centro expelia uma fumaça meio densa, junto à poeira, areia e grama do pasto. Ela se colocou ao lado de Eduardo e Roberto, olhando na mesma direção que eles olhavam.

No centro da cratera, escondido pela poeira, alguma coisa de mexia. Figuras estranhas se formavam, ora alta, ora larga, mudando — ou seria se moldando? — na medida em que fumaça e poeira se dissipavam.

Larissa achou saber o que estava vendo antes de poder ter certeza, mas achou a ideia absurda. Quando a fumaça permitiu que vissem claramente sob a luz da Lua cheia , das estrelas e das duas lanternas que tinham consigo, no entanto, Larissa e os outros tiveram certeza, mas ninguém parecia achar aquilo minimamente lógico.

Havia uma pessoa ali.

O Homem EstrelaWhere stories live. Discover now