Capítulo 3

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O homem parecia catatônico, desorientado. Olhava para cada um nos olhos quando lhe falavam, mas não parecia capaz de responder ou sequer de entender. Os olhos expressavam confusão.

Larissa observava-o por trás dos homens que o abordavam. Se ele não respondia perguntas, não iria perder tempo insistindo. Ainda assim, tentou deduziu qualquer coisa lógica acerca dele e da situação absurda em que se encontrava.

Concluiu que ele não estava ali antes do objeto cair, o teria visto. E se não o tivesse visto antes, certamente não aparentaria estar tão bem fisicamente após receber sobre a cabeça algo que criou uma cratera de três metros de profundidade num pasto plano. Pelo menos, provocaria algum dano físico, não se limitando a deixá-lo nu.

Larissa considerou que ele fosse o objeto, e se perguntou se a nudez poderia ser usada como algum tipo de evidência para essa ideia.

Descartou, era uma ideia absurda.

Ocorreu a ela de que ele poderia ter alcançado a cratera depois do impacto, e que sua desorientação poderia ser resultado da inalação da fumaça que emanava do centro, ao redor dele. Isso poderia até explicar a ausência do objeto que entrou na atmosfera? Larissa não via como. Não fazia sentido que algo não ficasse gasoso ao atingir a atmosfera terrestre e todo seu atrito e evaporar somente ao tocar o chão.

E além do mais, por que o homem viria pelado até à cratera? E outra: ela teria visto alguém por perto antes do impacto, não? Se não podia usar o campo aberto onde estavam para ter essa certeza...

Eduardo, Roberto e os outros pareciam estar desistindo de obter respostas do homem nu e começaram a discutir entre si o que deveriam fazer. Larissa deu novamente atenção aos olhos do homem, e à sua expressão. Antes era totalmente confusa, agora tinha um quê de curiosidade, mesmo que ainda soasse catatônico.

Então Larissa o viu abrir um pouco a boca, movendo como se estivesse balbuciando, buscando palavras. Ela escutou nada, a princípio, e não pode ouvir se ele encontrou algum som, um helicóptero se aproximava, junto ao som de sirenes.

O helicóptero chegou primeiro, depois outro, e mais um, e logo em seguida, vários carros. Alguns do exercito, outros da polícia militar e civil e outros da polícia federal. Abordaram todos os que estavam em torno da cratera e fizeram várias perguntas, ao mesmo tempo.

— Ele caiu do céu, estou dizendo — Roberto insistia com os homens que o cervavam e o forçava a caminhar em direção a uma viatura.

— Sei — dizia um policial. — Vou levar o homem espacial também.

— A área está em quarentena — alguém anunciou atrás de Larissa, que ainda se ocupava em observar o homem nu.

Os olhos dele então encontraram o seu, pela primeira vez.

Ela os encarou. Achou ver muita coisa ali, mas sem saber o que via. Provavelmente era só impressão sua a sensação de que aquele olhar a despia de segredos, que estava sendo entendida.

Ela achou ver a boca dele dizer um "oi" inaudível antes que fosse arrastado à força para fora do centro da cratera, após vários pedidos pacientes e outros impacientes.

Larissa não foi conduzida pelos braços como os outros, longe do centro da cratera como estava, por isso foi na direção onde os outros eram levados. Preferiu ir por conta própria antes que alguém viesse buscá-la pelos braços.

Viu Eduardo conversando comquem aparentemente comandava ali. Ouviu-os se entenderem e concordarem em levartudo o que pudesse ser levado até a UFRF, onde laboratórios, se já não estavampreparados para recebê-los, estavam sendo.

O Homem EstrelaWhere stories live. Discover now