Capítulo 10

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Sarah abriu os olhos e permaneceu na cama. Achara que uma boa noite de sono poderia aliviar a angústia. Thomas mal a olhara e, ao se dirigir a ela, fora arrogante e frio. Não havia cozinhado para impressioná-lo, fizera pelo próprio prazer, mas ver a indiferença do marido enquanto todos a exaltavam pelo jantar fora humilhante.

Sentou-se na cama e encontrou Isla no canto, imóvel. Parecia estar aguardando suas ordens.

— Desculpe, senhora. Mas não sabia a que horas queria ser acordada ou se prefere me encontrar aqui. — Começou a separar o espartilho. — Audrey me disse que lorde Hervey prefere solicitar os serviços quando necessário, mas não conversamos sobre isso.

— Bom dia, Isla. — Sarah ofereceu um sorriso tranquilizador.

— Bom dia, lady Hervey. — Fez uma reverência um pouco desajeitada.

— Posso garantir que agiu muito bem, diferente daquela velha doida que me assustava a cada manhã. — As duas sorriram. — Acho que gosto da ideia de chamá-la quando acordar. Você pode me trazer uma xícara de chá e os jornais. Assim posso lê-los enquanto me penteia.

— Sim, milady. Gostaria de um banho? Quer que eu busque os jornais? Um chá?

— Não precisa, vou descer e tomar o desjejum com lorde Hervey.

Isla deixou o vestido cair.

— Ele não lhe disse que viajaria, senhora? Ontem, quando passou por mim tarde da noite, recendia o perfume da senhora, pensei que...

— Lorde Hervey viajou? Para onde ele foi? Deixou algum bilhete? — perguntou preocupada, ignorando a menção do perfume.

— Não que eu saiba, mas posso perguntar para Earnest. Audrey me disse que parariam no meio da noite e que lorde Hervey não dissera para onde iam.

Sarah respirou fundo, não queria demonstrar fraqueza ante os criados.

— Bem, não posso perder tempo com o temperamento impulsivo de meu marido. Por favor, Isla, preciso que mande um recado para Marie, na livraria de David. Também quero uma reunião com todos os criados em meia hora, no escritório. — Levantou-se e seguiu para o quarto de vestir. — Pode guardar esse espatilho, preciso de algo confortável. Temos muito trabalho a fazer.

Sarah tomou o café da manhã no escritório. Abriu seu caderno e fez algumas anotações. Não se daria ao luxo de pensar em Thomas, muito menos na conversa enigmática que tivera com Willian. Pia bateu à porta e fez uma pequena reverência.

— Senhora, todos já estão à sua espera no grande salão.

— Pia, por favor, quando estivermos sozinhas continue me chamando de Sarah. Não quero me esquecer de quem sou. Pode mandar todos entrarem.

— Irá recebê-los aqui?

— Certamente.

— Mas este escritório é de lorde Hervey e poucos podem entrar aqui, Sarah.

— Pia, este escritório será meu também. Quero que mande buscar minha mesa... — Parou analisando o espaço perto da lareira. — Vamos comprar uma mesa nova e a colocaremos bem ali. — Apontou para um espaço ocupado por cadeiras, que dava vista para o lindo jardim. — Prepare-se, lorde Hervey me deu carta-branca para eu mudar o que desejasse.

— Tenho certeza de que ele não sabia do que a senhora é capaz. — Sra. Pattel colocou a mão na boca para esconder a risadinha.

— Tenho certeza de que não — Sarah entrou na brincadeira.

A Marquesa (Repostando)Where stories live. Discover now