Capítulo 197 - A Desolação dos Mephistos

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Um ano havia se passado, e Lúcifer não conseguiu encontrar nenhuma informação a mais sobre onde se localiza o reino dos Mephistos. Ao decorrer dos anos, tentou segui-los, mas acontece que todos se teletransportavam ao fim das respectivas missões. Ora, sabendo que a fortaleza se localizava afastada de qualquer reino e por entre montanhas, ele pegou um mapa e traçou lugares estratégicos muito vantajosos para os magos. No entanto, as demarcações demostraram ser muito errôneas, o que levou ele a raiva e pensar em outro método para encontrá-los, porém com certos riscos.

Lúcifer deixou os demônios agirem com menos imprudência e mais frequência na cidade de Trost e nos vilarejos próximos a região. Ficou surpreso com a velocidade de reação por parte dos Mephistos, pois demorou apenas duas semanas para que eles aparecessem. Se preocupando com seus alvos pensarem que era uma armadilha, ele deixou a perseguição acontecer naturalmente, sem exigir que acontecesse quanto antes.

Dois dias após, o plano demostrou ser frutífero. Os demônios fugiam as pressas em direção a floresta com os Mephistos, um homem e uma mulher, em seu encalço. Ao adentrarem, porém, Lúcifer, Mammon, Belphegor e Belzebu recaíram sobre eles, arrancando os cajados (não conseguiam usar magia sem eles), imobilizando-os e prendendo em algemas. Em seguida, os levaram para um covil improvisando nos confins de uma caverna. Lá, os torturaram com a ajuda de uma demônio chamada Meiritelle, que sabia em muito sobre a arte da cura e do corpo. Assim, os Mephistos sobreviveram a tortura durante semanas, mas acabaram perecendo sem ninguém contar algo.

Diferente do que pensavam, Lúcifer não se irritou; levou aquilo como um aprendizado no quanto os humanos podem ser fieis a causa. Então, ele deveria torturar mais para quebrar o espírito, e não simplesmente para causar dor. E haveria uma próxima vez; até quando soubesse o local exato da ordem. Mas tinha que ser cauteloso, pois não se tratam de reles humanos.

Ora, meses se passaram, e finalmente Lúcifer havia capturado outros dois Mephistos, novamente homem e mulher. Desta vez, os levaram para um covil localizado no deserto de areia. Meiritelle abriu diversos rasgos no corpo do homem, mas não muito profundo e nem em pontos vitais. Depois, o enterrou de pé na areia quente, deixando apenas a cabeça para fora. Com a mulher eles apenas a algemaram de forma que ela não conseguiria fugir e a deixaram jogada na areia ao lado do parceiro. Eles ficaram dias sob o cálido e álgido intenso. O homem empapava a areia de sangue e mijo; sentia calafrios por conta das feridas e os olhos queimarem. A mulher se desesperava, gritando suplícios até ficar rouca. Meiritelle aparecia de tempo em tempo, dando-lhes alimento e água.

Então, foram levados para o covil, onde ela ficou suspensa com corrente em seus pulsos e tornozelos e ele simplesmente sentado em uma cadeira, de frente para o outro. Ambos desnutridos e com a pele ressecada. Ele, porém, estava em um estado ainda mais deplorável: tremia; a areia estava grudada em seu corpo empapado de sangue; pus nas feridas; olhos profundos e o queixo tocando o peito.

— Não irei dizer nada — ela repetia diversas vezes com pesar —, então pare de torturá-lo!

Com um sorrisinho, Lúcifer se postou atrás do homem e inclinou-se até perto do ouvido dele e sussurrou:

— Conte-me tudo sobre o reino-fortaleza dos Mephistos, se não ela irá passar pelo mesmo sofrimento que você.

Com uma reação imediata, o homem ergueu a cabeça com os olhos arregalados e passou a tremer ainda mais. Tendo uma certa ideia do que o anjo caído possa ter dito, a mulher se remexeu e entoou:

— Não conte nada a ele, Jonathan! Nossa ordem não pode ruir! Eu aguento, meu amor... eu aguento.

Solenemente, com as mãos cruzadas nas costas, Lúcifer caminhou para perto da humana e disse em um tom baixo:

Os Cinco Selos 2Where stories live. Discover now