- Eu vi um anúncio esses dias de que tinham aberto um parque de diversões nesse lado da cidade. Eu não liguei muito na hora, mas hoje quando você me pediu para te levar em algum lugar, lembrei daqui. Achei que faria bem pra você.

Abro a boca, em choque, e sorrio para ele. Me aproximo mais dele e puxando o seu rosto na minha direção, beijo sua boca, pressionando os lábios nos seus. Sinto suas mãos na minha cintura e ele aprofunda, tocando a ponta da língua no meu lábio inferior, e em seguida, encostando na minha. Nossas línguas se entrelaçam, como em todos os nossos beijos. Quando nos afastamos, minimamente, sorrio discretamente.

- Obrigada por isso. Por me trazer aqui. É... tudo o que eu precisava.

Ele sorri também, e então se afasta.

- De nada, mas você vai precisar fazer muito mais que só um beijo para me agradecer, vizinha.

Reviro os olhos e suspiro.

- Você não cansa?

- Bem, já trepei por três horas segui...

- Não! De ser idiota. Não cansa de ser idiota? Pelo amor de Deus! - Viro de costas para ele e começo a andar na direção das barracas. Ouço sua gargalhada atrás de mim, mas continuo andando na direção de uma pequena barraca com uma placa iluminada dizendo "Compre seus tickets aqui". Quando a alcanço, vejo uma menina de aparentemente 16 anos, ruiva e com óculos grandes demais para o seu rosto, mascando um chiclete enquanto mexe no celular.

Pigarreio, chamando a sua atenção.

- Oi, eu queria comprar os tickets. Quanto é?

A garota olha para mim com uma cara entediada e aponta para a grande tabela ao meu lado, escrito "Qualquer ticket, R$ 5,00", e volta a mexer no celular.

Thomáz para ao meu lado e com algumas notas amassadas, as estende para a garota.

- Aqui - diz.

A menina pega as notas e as conta, enquanto forma uma grande bola de chiclete que estoura com um plach, me assustando. Ela puxa uma grande fita com vários tickets para destacar e a entrega para Thomáz, abrindo um sorriso.

- Sejam bem-vindos e se divirtam - diz. Assim que termina de falar, o sorriso forçado some, e sua atenção se volta para o celular novamente.

Saímos dali, mesmo eu achando a atitude dessa garota um pouco cínica demais para a sua idade. Sinto Thomáz colocar a mão esquerda no bolso de trás da minha calça jeans, e permanecer ali, enquanto andamos. Olho para ele, mas sua atenção está voltada para os brinquedos e barracas ao seu redor. Sorrio, gostando da sensação da sua mão no bolso esquerdo da minha calça, despreocupadamente.

- Onde você quer ir primeiro? - pergunta.

Olho ao redor e vejo, de longe, um grande barco pendido em uma única haste, se movendo para trás e para a frente.

- Acho que podemos começar por aquele, o que acha? - pergunto, apontando para o barco gigante.

Ele olha na direção em que eu aponto e sorri de lado.

- Uau, eu pensei que você fosse começar por algum leve.

- Claro que não. Se estamos aqui, vamos nos mais radicais, sem medo.

Ele ri.

- Como se esses brinquedos dessem medo... - diz, despreocupado.

Caminhamos até o brinquedo e esperamos o tempo acabar, até as crianças descerem, dando vez para a pequena fila que se formou rapidamente atrás de nós. Subimos no barco, depois de entregar os nossos tickets, e eu escolhi os últimos bancos, me sentando animada e ansiosa. As outras pessoas, casais e crianças, se sentaram e colocaram os cintos. Prendo o meu e olho para Thomáz ao meu lado direito, relaxado. Ele apoia a mão esquerda na minha coxa, e olha para mim.

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